Brasil, um país de gente estúpida.

Não é de hoje que reclamo da estupidez galopante do povo brasileiro. Um povo mais afeito às fofocas do que às notícias, tem maior interesse em futilidades do que na substância da vida. Já reclamei que tudo no Brasil parece ser empurrado com a barriga (em todos os sentidos da expressão vulgar). Tanto no trabalho particular quanto na vida política, os problemas vão sendo postergados como bombas-relógio até que explodam (preferencialmente nas mãos de outrem). Também não é de hoje que, por aqui, confesso minha sensação de alienação, de não pertencimento. Os amigos próximos sempre falam que eu tenho uma capacidade intelectual acima da média. De fato, sempre senti facilidade para tratar de assuntos que, para muitos, são complexos ou ”difíceis”. Nunca pensei muito sobre isso, sempre aceitei a idéia de que sou realmente mais inteligente do que os outros. Atribuí a isso minha solidão filosófica.

Já adulto e com internet, passei a procurar por mim mesmo assuntos que me interessavam. Porém (como tantas vezes já reclamei) não encontrei material instrucional significativo em português. Conteúdo esparso, sem profundidade, sem fidedignidade, e até incorreto. Entretanto com facilidade encontro tudo o que quero em inglês. O mais surpreendente é o conteúdo vir de pessoas comuns. Não são doutores, não são grandes pesquisadores, são pessoas absolutamente comuns que por passatempo se interessam, como eu, por esses assuntos. E isso sempre me causou consternação. Por que é tão fácil obter conteúdo bom lá fora e aqui dentro é tudo tão difícil?

Então, em minhas andanças, descobri a resposta: o Brasil é um país de gente imbecil. Literalmente. Estupefato fiquei ao descobrir que não sou eu quem é inteligente: as pessoas é que são idiotas. E essa não é uma forma incorreta de usar o termo ”idiotia”, pois a população brasileira (em média) está abaixo do que é considerado retardamento mental no primeiro mundo. Inverso à ”Chave do tamanho” de Monteiro Lobato, percebi-me engrandescendo quando na verdade era o mundo diminuindo ao meu redor. Não à toa, as roupas próprias à gente pequena não cabem em mim… Descobri que sou uma pessoa normal jogada num país de gente estúpida.

A seguir, segue texto de Gustavo Bertoche. Eu discordo de alguns pontos, como minimizar a catástrofe de Paulo Freire na educação brasileira, mas ele alinha-se a temas que eu defendo já há algum tempo, como a necessidade de modificar o sistema do vestibular, reavaliar o prestígio do diploma (que hoje em dia não é mais do que um papel) portado por um “exército de doutores desempregados” e promover a alfabetização acadêmica. A falta de cultura e a falta de senso crítico estão corroendo a mente das pessoas. Em terra de tolos, quem tem um neurônio é filósofo. |:^c


Fonte: https://portalcafebrasil.com.br/iscas-intelectuais/qi-educacao-e-literatura/

E a cada dia as pessoas desta terra ficam ainda mais estúpidas.

QI, educação e literatura

Gustavo Bertoche – É preciso lançar pontes. 15/05/2020

O QI médio em praticamente todos os países do mundo cresceu muito nos últimos 100 anos.

Na Alemanha e nos EUA, o crescimento do QI médio foi de mais de 30 pontos. No Quênia e na Argentina, foi de cerca de 25 pontos. Na Estônia e no Sudão, foi cerca de 12 pontos.

Fonte: https://ourworldindata.org/grapher/change-in-average-fullscale-iq-by-country-1909-2013?country=ARG+AUS+AUT+BEL+BRA+BGR+CHN+DNK+DMA+EST+FIN+FRA+DEU+IRL+ISR+JPN+KEN+NLD+NZL+NOR+SAU+ZAF+KOR+ESP+SDN+SWE+CHE+TUR+GBR+USA+CAN

No Brasil aconteceu justamente o contrário. A queda do QI foi de quase 10 pontos nos últimos 100 anos. Talvez esse emburrecimento generalizado seja único na história da humanidade. O nosso QI médio é de 87, o que nos coloca, na média, no limite da deficiência intelectual.


Esse fenômeno bizarro tem tudo a ver com o nosso modelo de (des)educação escolar. Nada a ver com Paulo Freire, amigos. A coisa vem de muito antes. Em 1915, Lima Barreto revelava a cultura das aparências no Brasil: ao saber que Policarpo Quaresma possuía uma biblioteca particular, o doutor Segadas pergunta para que tantos livros, se não era nem formado. Não lhe ocorre que Policarpo tenha livros porque os leia: para o doutor, uma biblioteca não passa de um adorno ao diploma. É assim há mais de cem anos: no Brasil, quase sempre os livros servem não para ampliar o nosso mundo interior, mas como sinal exterior de status.

Em 1951, o prêmio Nobel de física Richard Feynman aceitou o convite para lecionar, no Rio de Janeiro, para uma turma de pós-graduação. Em 05 de maio de 1952, no fim da sua experiência docente no Rio, Feynman fez uma conferência que, quase setenta anos depois, ainda repercute fundo na ciência brasileira. Nessa conferência, expôs o nosso sistema educacional: ele descreveu um sistema em que os alunos não aprendem nada senão a decorar textos e fórmulas, e não imaginam o que fazer depois com isso. Feynman diz na sua autobiografia que aparentemente havia no Rio de Janeiro uma Universidade, com uma lista de cursos, com descrições desses cursos; mas que essa aparência não passava de uma ilusão, e que surpreendentemente no Brasil não existia, de fato, nem Universidade, nem ciência.

Paulo Freire – que a direita, sem o ler, adotou como o novo vilão da educação nacional – publicou a sua “Pedagogia do Oprimido” em 1968: cinqüenta e três anos após “Triste fim de Policarpo Quaresma” e dezesseis anos depois do diagnóstico demolidor de Feyman. Se Paulo Freire é o responsável pela situação deplorável da educação e da inteligência brasileira, então estamos diante de um extraordinário caso de efeito anterior à própria causa.

O fato é que a educação brasileira é muito ruim há pelo menos cem anos, amigos.


E a educação brasileira tem sido muito ruim porque nunca houve, em nosso país, um projeto de educação. Jamais – jamais! – os nossos governantes e gestores do primeiro escalão se perguntaram por que educar. Nunca se puseram a questão: “quem nós queremos que as nossas crianças sejam aos dezoito anos? como queremos que elas compreendam o mundo? o que queremos que elas saibam, o que queremos que elas saibam fazer?”.

O resultado é que o nosso currículo escolar é uma colcha de retalhos sem nenhum propósito, um currículo que macaqueia desastradamente os currículos de outros países.

Daí vem uma surreal conseqüência: a única meta de todo o ensino básico se torna o vestibular, um vestibular com um programa duas vezes absurdo – absurdo por sua extensão alucinada e absurdo por sua desconexão com a vida do espírito e da sociedade.


O nosso modelo de ingresso no ensino superior – que consiste em provas que abrangem uma quantidade sobre-humana de conhecimentos – não mede nada além da capacidade de concentração, memorização e repetição. Não por acaso, os professores mais reputados nos cursinhos preparatórios são justamente os especialistas em mnemotécnica: são aqueles que criam os poemas mais picantes para se decorar a Tabela Periódica, que inventam as melhores melodias para se guardar várias fórmulas de física e que adestram os alunos com esquemas pré-fabricados de redação para qualquer tema.

Neste nosso modelo, o bom candidato ao ensino superior se torna profundo conhecedor… de métodos de realizar provas. E, por não ter compreendido realmente nada, no dia seguinte ao vestibular se esquece de tudo o que passou dez anos estudando.

Surge daí a tradição – identificada, com assombro, por Feynman – do “estudar para a prova”, das musiquinhas de decoreba, dos cursinhos preparatórios: saber os macetes para tirar boas notas nas avaliações importa mais do que verdadeiramente saber aquilo que se estuda. A nossa escola nada ensina – a não ser a tirar boas notas. O nosso currículo oculto é o da valorização dos diplomas – e o da desvalorização do conhecimento.

Ora, amigos, Platão já sustentava, há vinte e cinco séculos, a impossibilidade da existência de uma sociedade sã sem um sistema educacional saudável. O nosso sistema educacional, com um currículo inacreditavelmente extenso, mas absolutamente sem propósito, é justamente o oposto disso. Como querer que o Brasil seja um país com bons cidadãos, se o nosso currículo oculto parece ter sido elaborado com a finalidade de formar indivíduos frívolos, vaidosos e ignorantes?


Isso explica uma característica das cidades brasileiras contemporâneas: a enorme quantidade de academias de ginástica, fenômeno sem par no mundo, e a ínfima quantidade de livrarias.

Um povo que coloca a preocupação com a “barriga tanquinho” em primeiro lugar na sua vida revela, com isso, qual é o seu horizonte existencial e que marca pretende deixar na História.

Amigos, o Brasil é o país com maior número de cirurgias estéticas per capita no mundo inteiro. Os EUA fizeram cerca de 300 mil cirurgias plásticas a mais do que as 1.224.300 realizadas no Brasil em 2017, mas têm uma população 60% maior do que a brasileira.

Por outro lado, povo brasileiro está entre aqueles com menor quantidade de livrarias per capita em todo o planeta. São Paulo, sozinha, tem o dobro da quantidade de automóveis da Argentina inteira. Mas Buenos Aires, sozinha, tem o dobro da quantidade de livrarias de São Paulo.

O brasileiro acha muito caro pagar cinqüenta reais por um livro, mas faz dívidas astronômicas para comprar um automóvel. Isso ilustra o nosso problema civilizacional: somos o país da pose inculta. Somos o exemplo acabado da síndrome socrática de Dunning-Kruger: tão abissalmente ignorantes que não sabemos nem que somos o povo mais ignorante do mundo.


A conseqüência disso é evidente. Nestes anos, tenho ouvido e lido profissionais liberais, magistrados, jornalistas e – pasmem – professores universitários com uma nítida dificuldade de descrever as suas intuições e percepções, ou com uma evidente incapacidade de efetuar as operações lógicas mais simples num debate.

É fácil atestar essa decadência: basta visitar uma livraria – se você encontrar alguma, é claro – e buscar um romance de qualquer escritor brasileiro contemporâneo. Raríssimos serão os livros que não apresentarão uma vulgaridade estrutural, sintática, vocabular desoladora.

Ou seja: ter recebido a educação escolar e universitária no Brasil nas últimas décadas é praticamente uma condenação à impotência discursiva.


E o que a literatura de um povo tem a ver com o QI? Tudo, amigos, tudo.

É por meio da linguagem que nós pensamos o mundo. Por meio da estrutura sintática da língua intuímos a estrutura lógica do Cosmos. Sartre está certo quando nos diz que “nosso pensamento não vale mais do que a nossa linguagem e deve-se julgá-lo pela forma com que a utiliza”. Se não lemos boa literatura, falamos e escrevemos mal; se falamos e escrevemos mal, pensamos mal; se pensamos mal, saímo-nos mal nos testes de QI. Para tornarmo-nos mais inteligentes, é preciso desenvolver uma faculdade comunicativa que vá além dos grunhidos mais ou menos elaborados com os quais expressamos os desejos, as sensações e as opiniões imediatas.

Geralmente, é na escola que tomamos contato, pela primeira vez, com a estruturação formal da nossa língua – não somente por meio das aulas de Gramática, mas, principalmente, por meio dos contos, romances e poemas que somos obrigados a ler.

E o que somos obrigados a ler, amigos?

Na escola, em meio a alguns tesouros da língua portuguesa, como Pe. Vieira, Machado, Euclydes, Lima Barreto e Guimarães Rosa, somos forçados a encarar também obras de qualidade menor, como as de um Joaquim Manuel de Macedo (“A moreninha”), de um José de Alencar (“O guarani”), de um Raul Pompéia (“O ateneu”), de um Aluísio Azevedo (“O cortiço”).

Entre uns e outros, uma ausência salta aos olhos: a ausência da grande literatura mundial.

Amigos, eu acho inconcebível que os alunos brasileiros não leiam Cervantes na escola. Que não leiam Shakespeare. Que não recebam livros de Dostoiévski, de Hemingway, de Borges. Que, ao lado dos necessários poemas de Pessoa, de Bandeira, de Cecília Meireles, de Drummmond, não leiam também Blake, Whitman, García Lorca, Neruda.

Como podemos ombrear com os outros povos do mundo se não conhecemos o fundo cultural no qual os debates civilizacionais são travados? Amigos, as trocas civilizacionais profundas não se dão no plano da conversa do taxista de aeroporto, não se dão em termos de cantores da moda e jogadores de futebol.

A não ser que deliberadamente queiramos nos posicionar como a nação do QI médio 87, a nação dos bobos-felizes.


O nosso sistema educacional é, na verdade, um sistema inteiramente deseducacional. Ele não aumenta a nossa inteligência: ele a reduz.

Se o nosso sistema educacional continuar centrado na prova, não haverá saída para a nossa civilização: acabaremos por desaparecer não por conseqüência de uma invasão estrangeira ou de uma guerra civil, mas por pura inaptidão para a existência.

Para salvarmos a civilização brasileira, precisamos salvar a escola. E a escola somente será salva se ela passar a fazer o que nunca fez: se ela passar a educar. Se ela, em primeiro lugar, começar a ensinar a pensar, o que somente é possível se ela começar a ensinar a ler, a escrever e a falar.

Finalmente, amigos, para ler, para escrever, para falar bem – isto é: para pensar bem -, só há um caminho: o caminho da boa literatura e da prática da escrita e do debate. Justamente o que mais falta nas nossas escolas, tão ocupadas com todo o resto.

Wolf Guy – Ookami no Monshou, Elfen Lied e outros títulos.

Caro parco leitor, as linhas a seguir podem ser sumamente desconsideradas. Nos próximos parágrafos vossa senhoria encontrará palavras de baixo calão e conteúdo escatológico que em nada lhe acrescentarão algo. Esta página serve para mim, dentre outras coisas, como uma terapia. Sem ter uma vivência social considerada saudável, (seja por vontade própria, seja por maioria de votos) encontro aqui um lugar para vomitar todas as coisas ruins que vez ou outra ficam entaladas na garganta e, em ato de catarse, tiro o que não presta de dentro do peito e o jogo fora.

A mim agradam temas relacionados ao oculto, dentre eles a criptozoologia (um nome rebuscado para folclore). Fascinam-me essas histórias populares. Como culturas tão diferentes e não inter-relacionadas conseguem convergir para os mesmos arquétipos? Em especial dragões, gigantes e monstros marinhos. Também há o caso do homem-fera (wendigo, sasquatch, yeti, licantropo, kitsune, kurtadam…) que inicia o escopo deste texto. Como, tanto na América pré-colombiana, quanto na antigüidade européia e também na Ásia, são recorrentes os relatos de feras humanóides? E por que essas histórias normalmente as tratam como perigosas? Trazendo isso para a atualidade, esses mitos atemporais continuam inspirando a arte contemporânea.

Já fui consumidor ávido de histórias de terror em todo tipo de mídia (escrita, desenhada, animada ou cinematográfica). Porém em certo ponto de minha vida simplesmente enfastiei-me. A cultura perdeu a elegância, o carisma e a criatividade dos ”bons tempos” (Ver também: mother!). Optei por rejeitar trazer para mim a vulgaridade alheia travestida de arte. Infelizmente as histórias de terror hodiernas não trazem mais o símbolo do heroísmo, do bem vencendo o mal. Ora temos meramente cópias de cópias da visão lovecraftiana de desesperança e desalento humanos frente a um mal inefável, impassível e invencível. Decidi repudiar todas essas coisas. Só quero em minha vida aquilo que traga algo de bom, algo que promova o belo, algo que incite à justiça. Ou ao menos que instigue a uma boa reflexão sobre a vida.

Houve uma época em que eu fazia questão de ver uma obra inteira antes de criticá-la. Considero que, para criticar algo, é necessário conhecer bem o que será criticado, conhecer seu inteiro teor para poder bem exercer o juízo de valor. No caso de uma obra artística seriada, como quadrinhos, ler a história toda. Mas isso mudou com o título Shingeki no Kyojin. A história começou de um jeito e, quando o personagem principal mudou sua bússola moral de herói para vilão, desagradou-me e parei de ler. Não senti falta de continuar lendo ”para saber o fim da história” pela primeira vez. Cansei e larguei. Foi uma vitória contra o TOC de complecionismo.

Leitor de quadrinhos dos mais diversos gêneros, recentemente em minhas andanças ouvi falar de um título que chamou minha atenção: Wolf Guy – Ookami no Monshou. O título se apresenta com a premissa de ser o reboot (reinício) das “aventuras de um lobisomem” (título original Wolf Guy). O título original fez grande sucesso na década de 1970, ao ponto de terem sido produzidos dois filmes e seis animações nas décadas posteriores, demonstrando seu importante impacto cultural. Acreditei então que essa adaptação à ”nova geração” (2007) seria um bom ponto de partida para conhecer a coisa.

E cometi o erro de iniciar a leitura. Minha paciência esgotou-se na metade da ”história”.

Que merda é essa? Esse é único termo técnico existente adequado para qualificar Wolf Guy – Ookami no Monshou: é uma M-E-R-D-A. Não há absolutamente nada nesse título que possa redimi-lo do status de ser uma bosta. Este é o motivo de toda minha raiva: pela primeira vez em minha vida decidi não terminar de ler uma obra por tão ruim que ela é. (E, olha, eu já vi coisas horríveis…)

Tenho raiva do fato de que alguém teve a petulância de escrever o roteiro;
tenho raiva de que alguém teve a audácia de desenhar esse troço;
tenho raiva de que alguém teve o atrevimento de publicar essa coisa;
e tenho ainda mais raiva de que haja quem tem a desfaçatez de dizer que gosta de DOZE volumes dessa joça.
Já disse que estou com raiva?

E por que tanto ódio em meu coraçãozinho? Deixe-me colocar no microscópio e fazer o exame de fezes.

Da arte

Pequenos erros de proporção e perspectiva existem em todos os quadrinhos. Sempre há algo que escapa, não tem jeito. Wolf Guy – Ookami no Monshou não tem erros grosseiros de tridimensionalidade. Quem desenha sabe que a parte mais difícil de desenhar são as mãos e os pés dos personagens, e mesmo nisso há pouquíssimos equívocos. Há também algumas falhas de continuidade, mas nada grave.

O principal problema estético em Wolf Guy – Ookami no Monshou é a altíssima flutuação da qualidade da arte. Ora de excelente qualidade, em poucos quadros (frames) decai para um amontoado de rabiscos incompreensíveis, para logo depois retornar a alto nível de qualidade. A arte é suja: há muitas tentativas de efeitos visuais, uso excessivo de onomatopéias sobrepostas às composições (subjects), exagero no uso de hachuras e inarmonia no uso de texturas (background)… Há a sensação de sujeira visual (noisy visuals), desproporcionalidade e desnecessariedade no uso de aproximações (close-up) e, especialmente, repetições, repetições, repetições… Voltarei a falar dessas repetições na parte do enredo, mas na questão da arte ela demonstra pobreza na composição visual, pois não é usada com qualquer efeito estratégico, mas sim apenas para preencher espaço.

Esses problemas são ainda mais graves nas cenas de ação. Essas, que deveriam ser claras para o leitor acompanhar o movimento dos personagens, são tão ofuscadas pelo ”ruído visual” que, confesso, houve momentos em que eu não consegui distinguir o que estava acontecendo. Isto mesmo: eu olhei, olhei e não consegui entender o que eu estava vendo. Isso numa cena de luta é equivalente ao camera shaking (edição com câmera trêmula mais 50 cortes por minuto) que a franquia Bourne lamentavelmente trouxe para o cinema.

Há páginas que se parecem com testes de Rorsharch, como se coubesse ao leitor imaginar, descobrir ou supor o que estava acontecendo. Isso até poderia ser um recurso visual usado para ocultar a verdadeira imagem do monstro e fazer suspense. Esse argumento é inválido, pois o problema continuou mesmo após o monstro (que é bonitinho ಠ_ಠ) ter sido revelado em alta definição no primeiro volume. Essa péssima qualidade contrasta tanto com a alta qualidade e detalhamento das cenas de tranqüilidade que não seria difícil crer que, apresentando a quem não leu, a pessoa diria se tratar de obras ou até de autores diferentes.

Do desenvolvimento do enredo

O nome deveria ser Wolf Guy – Encheção de lingüiça. 90% do enredo consiste em rechear lingüiça com preenchimento sem valor (fillers) e erotização apelativa (fan service) que em nada contribuem para o avanço da história (que não há). Há apenas motes para situações de violência sem sentido. Esses motes (repetidos) se dão em capítulos enfadonhos com demasiada repetição de quadros (acima mencionado), ao ponto de páginas inteiras serem repetidas em plano de fundo para preencher espaço onde não há o que colocar. Os personagens são sempre exibidos nas mesmas posições de efeito, de retrato ou de perfil, contribuindo para a sensação de repetição e ausência de progressão na história.

Os capítulos são desconexos entre si, não há linearidade no compasso. Há momentos em que mil coisas acontecem ao mesmo tempo, enquanto que em outros há apenas morosa exposição (recurso usado quando você precisa explicar algo ao leitor). Os personagens são apenas exibidos ao leitor, mas não são desenvolvidos, não evoluem. São tão somente cascas vazias com sentimentos superficiais. Não possuem motivos reais para suas ações incoerentes, nem os eventos que os envolvem contribuem para contar uma história coesa no geral.

Há sim uma suposta linha condutora central, que seria o desolamento lovecraftiano frente à tragédia inevitável (maldição). (A obra do autor Lovecraft trata da impotência e da pequenez humanas frente a poderosas e inescapáveis forças incompreensíveis.) Porém todas as tragédias do enredo envolvendo tal ”maldição” são facilmente evitáveis e são culpa exclusiva das ações voluntárias dos próprios personagens. A ”maldição do lobisomem” é só uma expressão temática empregada para indultar/relevar/transigir/contemporizar/condescender/justificar as péssimas escolhas das pessoas e as funestas conseqüências negativas dessas escolhas. Conseqüências perfeitamente evitáveis se não tivessem feito besteira em primeiro lugar.

Ou seja, a história não ensina nada, não agrega nada, não soma nada. É uma história de pessoas imbecis que se lascam por sua própria estupidez, eximem-se de responsabilidade e culpam o metafísico por seu infortúnio. E quem são essas pessoas? Quais são suas histórias?

Dos personagens

Ainda que sejam personagens, caracteres fictícios, como em toda obra de arte, eles são facetas da psique humana. Uma forma de vermos, no outro, outro aspecto de nós mesmos. É a idéia do teatro, do cinema, da literatura: mostrar, no outro, outra face de nós, ou melhor, daquilo que poderíamos ser. Em uma boa história, nós nos identificamos com os personagens, nos colocamos em seu lugar, vivemos com eles suas aventuras e emoções. Quem não chorou quando morreu Artax, o cavalo de Atreyu (História sem fim)? Quem não ficou feliz quando Babe, o porquinho, venceu o concurso de cães de pastoreio? Nós acompanhamos a jornada dos personagens a seu lado, nos colocamos em seu lugar, pensamos no que faríamos diferentemente. Os personagens são um recurso que os autores usam para tomar o leitor pela mão e conduzi-lo adentro da trama. Identificar-se com os personagens é ponto essencial para a constituição de uma boa história.

Mas é impossível se identificar com qualquer um numa história com enredo tão ruim quanto a de Wolf Guy – Ookami no Monshou. A história se passa com jovens de 14~15 anos que se comportam e vivem como adultos em uma escola pública japonesa para onde decide ir o personagem principal. Antes de falar do personagem principal, quero falar da coadjuvante. Creio que se eu explicitar a história dela primeiro você entenderá porque eu tenho tanta raiva desse título.

Akiko Aoshika é apresentada como uma jovem professora divorciada. O motivo do divórcio? Não se sabe e em nenhum momento tem qualquer relevância para a história. Não faz diferença. Por que adulta? Somente para se encontrar com o personagem principal na primeira cena de violência, que se passa de madrugada, pois jovens normais de 15 anos não caminham de madrugada sozinhos na rua. Apenas por causa dessa cena ela precisa ser caracterizada como adulta. Fora isso, não faz diferença alguma, ela poderia perfeitamente bem ser apenas mais outra adolescente. E por que professora? Foi a forma (conveniente para o enredo) de pô-la na mesma escola para onde vai o personagem principal. Ela não existe por si mesma, existe em função da história.

Ela é vítima de estupro quando adolescente, sua família (que não aparece) não a apóia, ela se casa e se divorcia (motivo não revelado) e vai trabalhar como professora. Daí num período de dois meses (dois meses) ela:
……a) na mesma noite presencia um linchamento seguido de dezenas de mortes brutais, e é molestada sexualmente;
……b) em outra noite é molestada sexualmente (de novo), e atacada por um leão;
……c) a escola em que trabalha é vítima de um adolescente atirador: 82 mortos e dezenas de feridos;
……d) na semana seguinte a mesma escola é vítima de um segundo atentado: 30 e tantos mortos e sei lá quantos feridos;
……e) a imprensa torna a vida dela um inferno e repórteres a assediam sexualmente (de novo);
……f) na semana seguinte é seqüestrada e molestada sexualmente (de novo).

E parei de ler. Porra, que merda é essa? Ela existe só para ser estuprada? A desculpa é a de que ela estaria sob ”a maldição do lobisomem”, por culpa do personagem principal. Não, isso se chama: ”a maldição do roteirista taradão”. E ela não apresenta nenhum sinal de trauma psicológico! Pelo contrário, ela nutre tensão sexual para com seu aluno (o personagem principal), menor de idade. É como se ser uma pedófila estuprada fosse totalmente normal. Cara, se em dois meses (antes mesmo do seqüestro) esses eventos acontecerem com um ser humano de verdade, uma pessoa normal tem que parar numa sala de terapia, no mínimo. A pior parte nisso tudo é ela ser apresentada no início como o alívio cômico* do enredo! (*toda história pesada precisa de um alívio cômico, normalmente usado no entre-atos)

O desgraçado do personagem principal, Akira Inugami, 15 anos. Teoricamente ele é amaldiçoado por ser um lobisomem. Sim, isso deveria ser uma história de lobisomem. Só que:
……a) seus pais são mortos quando ele tem 5 anos e ele não faz nenhum esforço para investigar o assassinato, mesmo sabendo que tem ligação com o fato de serem lobisomens e ele ser obcecado com o tema;
……b) ele dedica sua vida a estudar lobisomens, mas não conseguiu encontrar um que mora na mesma cidade em que ele;
……c) ele afirma que as tragédias que acontecem ao seu redor se referem à ”maldição do lobisomem”, se sente culpado e deprimido por isso, mas não faz absolutamente nada para evitá-las (pelo contrário, instiga as coisas a ficarem ainda piores);
……d) ele tem parentes milionários que nunca aparecem, o que resolve todo o problema com dinheiro (conveniente para o enredo);
……e) ele mora sozinho aos 15 anos e ninguém liga para isso.

Até aí, é só um personagem incoerente. Porém ele tem uma grave falha de caráter, que é o pacifismo. Ele não é pacífico, isto é, aquele que não procura conflito; ele é pacifista, isto é, aquele que mesmo quando o conflito vem a ele, ele não age, não revida, permitindo que o mal se torne cada vez maior. Pelo contrário, sua apatia travestida de orgulho e pretensão de superioridade alimenta os ímpetos de conflito. É exatamente sua inação frente ao mal que causa todos os problemas que acontecem. Cada vez que ele se recusa a revidar, as forças do mal se tornam mais e mais fortes, ao ponto de afetar os inocentes ao seu redor.

Além disso, ele, com pena de si mesmo, reiteradamente afirma que quer ficar sozinho e se afastar da humanidade. Então por que diabos fica mudando de uma escola para outra, instigando agitações por cada lugar que passa? Ele afirma que não quer lutar. Então por que diabos enfrenta delinqüentes com arrogância e desdém? O discurso do personagem é completamente díspar de suas ações e posturas. Em última análise, é culpado de tudo de ruim que acontece ao seu redor não por uma ”maldição”, mas por suas próprias atitudes. Não passa de um autocomiserante irresponsável.

E o enredo trata de eventos desconexos ligados a esse sujeito apenas para justificar cenas violência e sexo explícito.

Da história

A professora bêbada (Akiko) sai à noite e encontra Inugami caminhando. Ela se apaixona pelo adolescente e o segue. Então uma gangue aparece do nada e o lincha enquanto molesta a professora. Daí ele vira lobisomem, mata todo mundo e deixa a Akiko desmaiada lá mesmo. Ele tem super-força mesmo na forma humana, então poderia ter evitado tudo isso. No dia seguinte vai para a escola como se nada tivesse acontecido. Akiko chega com os policiais à escola para trabalhar, vindo direto da delegacia (quem é que vai trabalhar depois de uma noite dessas?) e reconhece o garoto, mas fica por isso mesmo.

Daí aparece uma garota pervertida que passa o tempo todo usando roupa erótica. Essa guria é chama-se Ryuuko, 15 anos. Ela também foi estuprada, mas foi quando era criança. Depois ela foi vendida de mão em mão para mercadores de escravos sexuais até ser comprada pela Yakuza. E por alguma razão vai para a escola estudar (não sei o quê). Diferentemente da professora, ela ficou viciada em sexo e fica sexualmente excitada com violência. Ela aparece várias vezes no roteiro apenas para ter relações sexuais, mostrar nudez aleatória ou masturbar-se vendo outros sendo agredidos. Não serve em absolutamente nada para a história e está lá somente para ”cenas de sexo explícito com uma adolescente pervertida”.

No primeiro dia de escola, Inugami já arruma confusão com a gangue local. Levam-no para tomar uma surra perto de outro aluno que estava sendo estuprado. Nos dias seguintes, a escalada da violência toma proporções exponenciais. Você percebe claramente que o roteirista perdeu o controle da própria história quando (ainda no primeiro volume) traz de volta um personagem que estava para morrer. Aparece ”seu irmão gêmeo” que agora quer vingança. Esse gêmeo aparece como um atirador escolar descontrolado, não após um capítulo inteiro dedicado à sua masturbação.

Também há o recorrente mote de pessoas se urinando nas calças. Por algum motivo, o autor resolveu que todo mundo deveria se urinar nas calças de vez em quando. Akiko se mija quando vê o lobisomem pela primeira vez, o diretor se mija quando vai ser morto, uma aluna se mija quando é molestada pelo atirador da escola que também é mijão, tal como seu irmão gêmeo, ambos com fimose (sim, isso está descrito e é parte do enredo).

No meio dessa bagunça, é construído o real vilão da história, que é o filho do chefe da Yakuza, Harugo. Ele tem 15 anos, mas mostra o porte atlético de adulto olímpico, aleijou um campeão adulto de MMA, é especialista em armas, explosivos, táticas de combate urbano, praticamente um Rambo. E a cada dois ou três capítulos tem uma cena de sexo com a pervertida. (na primeira cena em que ele aparece eles estão transando) Daí Haguro descobre que Inugami é lobisomem e passa a caçá-lo. Não o encontrando, ele mutila, estupra e defeca sobre um amigo de Inugami. Esse amigo morre no hospital e vira lobisomem-zumbi. O tal zumbi mata um monte de bandidos da Yakuza, mas (conveniente para o enredo) perde seus poderes logo antes de matar Haguro.

Nada disso teria acontecido se Inugami tivesse revidado Harugo e sua gangue. Sua incoerência é evidente, pois durante isso tudo ele mata aleatoriamente outros vagabundos. Não precisava nem matar, eu já disse que ele tem super-força, uma surra já ‘tava bom. Não há qualquer motivo para não revidar a gangue de Haguro, exceto ser conveniente para o enredo.

No meio disso tudo tem um jornalista, que também é lobisomem, mas não faz diferença alguma para a história, então eu não o mencionei, mesmo tendo uns dez capítulos só para ele. Depois de toda essa confusão, Inugami resolve fugir para viver sozinho em sua autodepreciação. Ele se muda para outra cidade e resolve cortar contato com todas as pessoas. E o que ele faz? Vai fazer compras perto de um ponto turístico cheio de gente. Raios, afinal quer viver sozinho ou não? O que está fazendo no meio da cidade? Vai para a montanha, para o meio do mato, vai capinar um roçado. Ele é o típico Emo (aqueles insuportáveis adolescentes melodramáticos).

Nesse ponto turístico cheio de gente para onde ele foi se isolar (ಠ_ಠ), ele reencontra uma garota que estava gostando dele e a maltrata sem motivo. Daí a professora é seqüestrada e parei de ler.

O único termo técnico existente adequado para qualificar o personagem principal é babaca. O sujeito é um babaca, só faz merda e ainda se tem a presunção de maltratar os outros que lhe querem bem. Tem mais é que se foder mesmo.

Para sanar sua curiosidade, eu posso resumir o resto da história, pois li a sinopse completa. Procurei saber se algo que presta aconteceria e se valeria a pena continuar lendo essa bosta, antes de atirá-la pela janela.

Só depois de a professora ser estuprada (de novo), Inugami resolve salvá-la. Ele cata a mulher em todo lado, mas não a acha em lugar algum. Enquanto isso ela vai sendo estuprada e vídeos disso sendo postos na internet. Um tempo depois ele entra em contato telepático com a mulher e (conveniente para o enredo) descobre sua localização. (De onde ele tirou telepatia? Do cú? Desde quando lobisomem tem telepatia? Por que não podia ter feito isso antes?)

Daí ele vai atrás dela e é atacado por tudo possível e imaginável, mas consegue sobreviver (conveniente para o enredo) graças ao ”real poder do lobisomem”, uma aura dourada que salva ele e a mulher. Ou seja, ele vira super-sayajin Dragon Ball. E morre no final. Daí a professora se muda para o Alaska para viver isolada com lobos. (Com que dinheiro? No primeiro capítulo ela era uma pé-rapada e agora pode custear férias infinitas?) E o Inugami ressuscita, porque é lobisomem, mas ficou com amnésia de tudo o que aconteceu e vira cobaia dos militares. Fim da história.

Pela puta que pelo cú pariu o diabo: que merda é essa? Em quê que essa história pode ser considerada boa? Nem ao menos final feliz tem. Em quê essa história eleva o leitor? Em quê essa história traz esperança? Em quê essa história mostra o mal sendo vencido? O quê de bom você pode aprender com isso? Que raios o autor quis passar? Alguém pode me explicar o que leva pessoas a gostarem disso? E tem fãs! O que mais me dá raiva é que há mercado consumidor para esse lixo. Não é só o troço ser ruim, é também haver quem goste… Ah, se me fosse possível estapear telepaticamente os outros…

O problema com a telebasura (Ver também: Gosto se discute, sim.), é que ela só existe porque há quem a consuma. Se não houvesse mercado consumidor, o editor não a teria publicado. Cada vez mais e mais somos saturados com todo tipo de lixo, chafurdando cada vez mais profundamente numa torrente de esgoto intelectual. Essa não é a primeira vez que me decepciono com uma grande bosta, mas é a primeira vez que ela é tão ruim que sou obrigado a parar no meio.

Crítica comparativa

Sobre outros títulos que também foram uma bosta, um dos que eu tenho em péssima conta é Elfen Lied. E, refletindo agora, ambos apresentam um traço em comum, que é a ”tortura dos personagens”. De forma sádica, o autor impõe a seus personagens situações de grande sofrimento físico ou psicológico. Ele deleita-se com o cruel martírio contínuo a que são lançados os personagens. E, creio, a única explicação para que tais títulos sejam apreciados, seja a de que os leitores também compartilhem do mesmo sadismo e crueldade.

Em Elfen Lied, porém, o autor faz uso de ganchos de enredo (cliffhangers), isto é, a cada capítulo ou fase ele cria uma situação que atiça a curiosidade do leitor para continuar querendo saber mais. Entre as seqüências de ondas de tragédias, o autor não destrói o fio de esperança de que algo bom aconteça. O grande problema em Elfen Lied é que isso nunca acontece. Até o final, até o último capítulo, nada de bom acontece. Todos sofrem (especialmente dor psicológica). Sempre que uma situação aparenta se encaminhar para a resolução, um inesperado revés surge do nada e tal situação fica ainda pior. E, sim, Elfen Lied também é carregado de violência sem sentido, erotização apelativa e gente se urinando nas calças.

Eu li Elfen Lied integralmente e foi uma grande decepção. O autor conseguiu me reter com os ganchos de enredo, tal como iludiu os personagens com a falsa esperança, com a expectativa a ser frustrada, de tempos melhores. A frustração em ver que, naquela horrível história, os personagens não encontram paz nem mesmo após suas mortes é revoltante.

Essa é a mesma sensação que tenho com Wolf Guy – Ookami no Monshou. Parece-me que esses autores expressaram seus sadismos, e seus consumidores aprouveram-se com esses sadismos, numa mórbida cumplicidade. Não tenho outra explicação para esses títulos fazerem algum sucesso, a não ser a de que essa gente, mais do que anestesiada frente ao mal, está mentalmente corrompida, degenerada, pervertida. E não tendo como, em agir, expressar essa psicopatia /sociopatia no mundo real, seja por covardia, seja por incompetência, contentam-se em encontrar na ficção o prazer com o sofrimento alheio.

Esse tipo de título não traz nada de bom para o leitor. Apenas contribui para a doentia apatia frente às mazelas do mundo. É diferente de outros títulos dos quais eu não gostei por questões técnicas ou de desenvolvimento do enredo. Por exemplo, Doragon Kuesuto: Dai no Daibōken. Dragon Quest – A grande aventura de Fly é uma história amável do bem vencendo o mal. Trata do amor, da amizade, do perdão, da superação, da perseverança. Eu não gostei tão somente do desenvolvimento, pelo excessivo uso dos recursos deus ex machina (artifício de enredo) e cliffhangers. Ou seja, minhas divergências são apenas técnicas e não com o teor da obra (muito boa por sinal). Já Death Note é exatamente o contrário: o uso dos recursos de enredo é a chave para fazer a história funcionar, pois o enredo é horrível, partindo de uma premissa impossível e inviável. Os personagens em Death Note são densos, coerentes, podemos nos identificar dentro da história por conta da genialidade como o autor a conta, mesmo partindo de uma idéia estúpida.

Mas Wolf Guy – Ookami no Monshou não tem nada. Não tem arte, não tem enredo, não tem personagens, não tem premissas, não tem desenvolvimento, não tem final feliz. Só tem público… Mas mesmo uma ruma de bosta na estrada também atrai moscas, então… cada qual com seu igual.

Entrevista com paciente afetado por esquizofrenia catatônica (1960)

O excerto da entrevista seguinte, em inglês, com áudio transcrito logo abaixo, exibe o diálogo entre um médico e um paciente afetado por esquizofrenia catatônica. Logo em seguida, sem citar nomes, um sobrinho comenta o que aconteceu com o paciente.

Psychiatric Interview No. 18: Evaluation for Diagnosis | Jujube Tutube
by University of California (System). Extension Media Center
Publication date 1961
Publisher Berkeley, Calif. : University of California, Extension Media Center

Outra fonte do vídeo: Interview: Catatonic Schizophrenic | ktrypy1111 https://www.youtube.com/watch?v=IehtMYlOuIk

Tom – 15/09/2022:
This is an old comment about this man that seems to have been lost: This man was my uncle. I’m not going to give any names, but for those of you who are concerned with how things turned out for him, not well. There’s so much to address here. First let me say that he was being treated in this video with meds. Without the medication his mood ranged from complete delusion to catatonic. As for being gay, I don’t think he had much of a sex drive at all. With or without meds. As for the idea that he was put here because he was gay by some unloving family, that’s ridiculous. I don’t have time to say all the things my family tried just to make his existence somewhat peaceful just for his own sake. My family had a couple of openly homosexual and lesbians in it even back in the sixties and with the exception of my mother’s father no one gave a shit. My uncle suffered with meds and even more without. After forty some odd years, most of which he spent in institutions, he took his own life by way of drug overdose. By the way, the comment about the plot twist, he never had a piano was funny because he didn’t. His seeming obsession with piano came and went as did obsessions with religion, especially the Catholic Church and government. As far as I know he couldn’t play a lick. He was very ill at his best and a living shell at his worst. I hope that answers some questions because that’s all I have to say on the matter. He’s been gone since the late eighties and I really hope that other members of my family don’t see this video, mostly because of the comments from people that somehow think they understand him better than the people who suffered with him. One last thing, I think people thought that he was talking about sitting or standing effeminately or something. No, he was talking about sitting or standing motionless for hours. Usually not even his facial expression would change but when it did it was usually related to something in his mind only. I really can’t begin to tell you all how heartbreaking the whole thing was. He did seem intelligent and with meds he did remind me of a high functioning guy with autism I once met.

Transcrição:

– How are you feeling?
… Well.
– How long have you been here?
… Three months. May 17th.
– And what brought you here?
… That’s difficult to answer.
– Could you give me some idea?
… Off hand, I can’t.
– Whose idea was it that you come here?
… My psychiatrist.
– And what happened that ended up with your being here in the hospital?
… The psychiatrist decided. That this was the situation for me.
– Did he tell you why?
… No, the psychiatrist did not.
– Has anybody told you why?
No.
– Have you any idea why?
Yes.
– And what is that?
I am not completely like… other people.
– What do you mean by that?
People dislike me because. I am not completely like them.
– And in what way are you different?
I am trying to do with my life something which… few people try to do.
And… this influences my thinking. And consequently my actions.
– What is it you’re trying to do with your life?
… Play the piano for people.
– I am not clear at…
– How is it that playing the piano for people has eventually resulted in your being here in the hospital?
… I sit differently. When I play the piano.
And when I am away from the piano I occasionally look differently. From other people.
And this has caused. Dislike. From people.
– They dislike you because you sit differently at the piano?
… Yes.
– In what way do you sit at the piano that people would dislike you?
… I cannot describe. An illustration. Of how I sit.
– And I can’t imagine it, that it would make people angry at you, or at least dislike you.
– How do you know they dislike you?
… My father does. And.
Doctors do. Because.
Of the way. I appear.
In relationship to the way I sit at the piano. And occasionally stand when I am away from the piano because of the way I sit at the piano.
– How do you stand when you’re away from the piano that they dislike you?
… I can’t describe. An illustration.
– Does it “feel” to you any different from the way other people stand?
… Yes it feels different.
– In what way?
It… this is becoming too involved to describe.
– Would I be right in assuming then that…
– you don’t feel that you belong in the hospital,
– but that other people did feel that?
… As soon as I express the belief that I do not belong in this hospital,
which is a mental hospital,
then…
those who dislike me want to find a worse place for me.
– I’m not sure I understand. Could you make that clearer for me?
… No.
– Is this a way of…
… A hosp—Yes, I can.
As soon as I express the belief that I do not belong in this mental hospital,
then those who dislike me want to find a hospital where the living conditions are not as good as this.
– But why are you in the hospital in the first place? I’m not clear.
… Because I am working to do something in my life which most people do not do…
This influences my thinking.
And occasionally my actions.
And… A psychiatrist has noticed this.
And dislikes…
– What has he noticed?
… the actions, and…
the thinking, and has decided that I should be here. To change them.
– What actions?
… How I talk. And how I look. Right at this moment.
– And how would you describe the way you’re talking and looking right at this moment?
… As other people talk, and that this moment however I’ve been told that it is not the way other people talk and look.
– Have you any idea in what way it’s not like others?
… No because I believe it IS as other people talk.
– So then from YOUR point of view, not from other people’s point of view, from YOUR point of view,
– You look, you talk, you think, you behave… as other people do.
– You’re very interested in learning to play the piano.
– You sit at the piano a little differently from the way someone else might and you stand somewhat differently.
… Occasionally I stand differently.
– Now that, uh… in itself, doesn’t seem on the surface to be sufficient reason for being in a hospital.
– So what other reasons have been given to you, or what other reasons do you understand are the causes of your being here?
… I’m supposed to not. Be mentally well.
– And what’s supposed to be wrong with you?
… No doctor has told me.
– That’s hard to believe.
… I tell the truth.
– What are your plans? If things should go well, and you were to leave the hospital, then what?
… I need financial help from my father to prepare.
Me.
For obtaining a job. As a piano instructor.
At a university.
Where I will be able to teach.
People how to play the piano.
And also play the piano. For people.
– Have you had the training yet to permit you to be an instructor?
No I have not.
– Have you tried?
I don’t understand what you mean by the…
– Have you tried to get the instruction?
… Yes I have tried.
– And what’s happened?
… I have not had. The correct environment. For the instruction.
Nor the correct financial help for the instruction.
Nor… the correct instruction.
– Have you been accepted for such instruction?
… By some teachers. Yes.
– And… by others no?
Yes. Again.
– Mhm.
It has been about half and half.
– Have you started any such instruction with those who did approve of it?
… Yes.
– And how has it gone?
… With some it has gone well. With some it has not gone well.
– Our time is up. Thank you for coming in to talk with me.
… It’s over.

Generais-melancia?

O roteirinho que li:

Generais-melancia

A continuação: Brasil, um país de efeminados.

Respondendo à crítica de mamãe:

Durante a visualização do vídeo, mamãe fez a seguinte crítica: “Meu filho, você reclamou que o brasileiro é covarde e sem colhões, mas também disse que acata a decisão. Isso não é incoerente? Você está se colocando como covarde também.”.

No que respondo:

“Mamãe, melhor um covarde vivo, fora da cadeia e com emprego, do que um patriota. Não existe sociedade de um homem só. Se o povo não se une para defender um ideal comum, quem sou eu para sozinho fazer qualquer coisa? Sem a razão, a tênue linha entre a coragem e a loucura do desespero desaparece. Eu vou lá me explodir para quê? Pra nada. Não, obrigado. Prefiro viver placidamente escondido numa caverna, porque, todas as vezes em minha vida em que tentei lutar por algo, não tive apoio de ninguém.

O povo é covarde sim, efeminado sim, emasculado sim. Egoísta e atento apenas aos próprios interesses. E se você não aderir a esse sistema, você não sobrevive socialmente no Brasil. Quem for lá tentar fazer alguma coisa será tachado como louco, não como herói. E eu não tenho inclinação nem para um nem para outro.

Se as forças armadas defenderem o que aconteceu em 2022, então não há o que fazer. Quem sou eu para sozinho enfrentar o exército? Melhor aceitar e aprender a conviver com isso do que lutar por uma idéia natimorta. Afinal, como já dizia um grandioso jurista por aí: ‘Eleição não se vence, se toma. Perdeu, mané, não amola.‘”

Textos citados:

O que ocasionou a derrota de Jair Bolsonaro?

Carta aberta a um funcionário patriota. (lado B)

O povo no poder – Uma crítica ao governo de Jair Bolsonaro

Dando nomes ao gado (Texto 2 de 3)

Guia da pandemia: o vírus corona no Brasil e no mundo.

Brasil, pátria achacadora V – A diarréia contínua continua.

Mensagem nº 329

Desobediência civil frente a leis injustas?

A situação popular:

A desobediência civil:

A imagem da corporação:

E já tem fila…


03/12/2022 Nova informação: acabei de ver que Malafaia se posicionou. Ele não convocou as pessoas para irem às portas dos quartéis. A informação que eu tinha quando fiz o vídeo era errada. Eu não sabia que era mentira da imprensa. Aqui, segue a errata e pedido de desculpas.


30/05/2023 Nova informação:

Como é a estrutura gramatical da Libras?

Como é a estrutura gramatical da Libras – Madson Barreto – Universidade da Libras (Unilibras)

Estudos Surdos – Editora Arara Azul

Para ter acesso às edições 3 e 4, inscreva-se no site https://editora-arara-azul.com.br/ e tenha acesso a esses e outros conteúdos gratuitos.

Estudos Surdos I
Ronice Müller de Quadros (org.).

A Série Pesquisas em Estudos Surdos é uma idéia que surgiu no sentido de tornar públicas as investigações que estão sendo realizadas na perspectiva dos surdos. As investigações que estão sendo realizadas no Brasil começam a apresentar outras possibilidades que vão além, ou seja, rompem com a mesmidade. Os surdos começam a ser autores, embora, ainda neste primeiro volume, as pesquisas tenham sido produzidas na sua grande maioria por ouvintes. Mesmo assim, esses ouvintes estão sensíveis aos olhares surdos e chamam a atenção para as perspectivas do outro surdo, buscando abrir espaços na academia para os surdos participarem efetivamente do processo de produção de conhecimento. Nos próximos números da série, teremos mais pesquisadores surdos, uma vez que vários deles estão desenvolvendo suas pesquisas e, aos poucos, estarão concluindo suas investigações. Possivelmente, os autores surdos percorrerão caminhos que serão “des”cobertos e que nos mostrarão a relatividade das questões formuladas e das respostas encontradas aqui.

Estudos Surdos II
Ronice Müller de Quadros (org.)
Gladis Perlin (org.)

Estudos Surdos II dá seqüência à Série Pesquisas publicada pela Editora Arara Azul em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, com financiamento da CAPES/PROESP. A proposta da Série Pesquisas em Estudos Surdos visa socializar as pesquisas nesse campo de investigação. Pesquisadores surdos, professores, mestres e doutores, bem como pesquisadores não-surdos estão produzindo investigações para irmos além das discussões que focam no Português escrito dos surdos, tema de longa data nessa área. Os estudos trazidos nessa Série nos trazem questões relacionadas com os saberes e os poderes que permeiam a educação de surdos no Brasil.

Texto completo: Estudos Surdos 1 Estudos Surdos 2


Fonte: https://editora-arara-azul.com.br/site/admin/ckfinder/userfiles/files/EstudosSurdosI.pdf

Fonte: https://editora-arara-azul.com.br/estudos2.pdf

Ensino de língua portuguesa para surdos

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS:
Caminhos para a Prática Pedagógica
Heloísa Maria Moreira Lima Salles
Enilde Faulstich
Orlene Lúcia Carvalho
Ana Adelina Lopo Ramos

Esta publicação faz parte do Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, que tem como objetivo apoiar e incentivar a qualificação profissional de professores que com eles atuam. Pela primeira vez, os professores terão acesso a materiais que tratam do ensino da Língua Portuguesa a usuários de LIBRAS. Trata-se de um trabalho inédito, muito bem fundamentado e com possibilidades de viabilizar oficinas, laboratórios de produção de material por parte dos professores, relacionando, de fato, teoria e prática. Estamos certos de que a formação adequada de professores contribuirá para a melhoria do atendimento e do respeito à diferença lingüística e sociocultural dos alunos surdos de nosso país.

Este livro é o resultado da articulação de diversos esforços. É parte integrante do Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, que pode ser considerado um avanço na luta pelo desenvolvimento acadêmico da pessoa surda e pela valorização de sua condição multicultural. É uma tentativa de reunir informações colhidas em
diversas fontes, que generosamente se desvendaram para nós, sob a forma de trocas de experiências, discussões, leituras, experimentos, em que se destacam os consultores surdos do projeto, conscientes de seu papel social na promoção da cultura surda, e as professoras/pesquisadoras ouvintes, que prestaram consultoria na questão educacional do surdo, em diferentes etapas do projeto. É enfim uma contribuição de pessoas que há pouco tempo voltaram o olhar para os surdos, em face de um chamado profissional, que logo se transformou em entusiasmo e desejo de conhecer mais e participar das discussões e ações em benefício da comunidade surda, na tarefa de construir uma sociedade multicultural e fraterna.

Concebido como material instrucional para a capacitação de professores de língua portuguesa da Educação Básica no atendimento às pessoas com surdez, o livro Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: Caminhos para a Prática Pedagógica parte do pressuposto de que a modalidade vísuo-espacial é o canal perceptual adequado à aquisição e utilização da linguagem pelas pessoas surdas, tendo implicações cruciais para seu desenvolvimento cognitivo, sua afirmação social e
realização pessoal, do que decorre ainda o entendimento de que, na adoção do bilingüismo, a língua portuguesa é segunda língua para o surdo.

Texto completo: Ensino de Língua Portuguesa para Surdos


Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol1.pdf

 

Documentário: “Sou surda e não sabia”

Sou Surda e Não Sabia (França) | Verbo em Movimento Libras
Por anos, Sandrine não sabia que era Surda de nascença. Filha de pais ouvintes, frequentou a escola regular, e lá se perguntava como os outros compreendiam o que a professora estava tentando transmitir. O documentário olha para a questão da surdez pela perspectiva de Sandrine e sua história verídica. O filme ainda levanta a discussão sobre a conveniência do implante coclear, da oralização de crianças surdas e da língua de sinais.

FICHA TÉCNICA
Título original: Sourds et Malentendus
Ano produção: 2009
Dirigido por: Igor Ochronowicz
Estreia no Brasil: 2009
Duração 70 minutos

Mesmo vídeo, caso o hyperlink acima seja removido. https://www.youtube.com/watch?v=PymXMyz3nSk e https://www.youtube.com/watch?v=Vw364_Oi4xc .

A importância do Teste da Orelhinha.

Desde 2010, é obrigatória a disponibilização do Teste da Orelhinha em bebês até 30 dias de vida. Esse teste audiométrico afere se o bebê tem algum tipo de problema de audição logo nos primeiros dias de vida, visando a mais rápida intervenção possível. Veja neste vídeo do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte informações mais detalhadas sobre o teste:

O Teste da Orelhinha e Suas Etapas | Telessaude RN
28/11/2018 – O teste da orelhinha é um exame de triagem auditiva que todo recém-nascido deve fazer. Ele tem o objetivo de identificar e intervir naqueles bebês que tenham perda auditiva para que eles possam desenvolver a audição e a linguagem de maneira adequada.

O que ocasionou a derrota de Jair Bolsonaro?

Resposta: o próprio Bolsonaro.

Bolsonaro perdeu as eleições em 2019 quando permitiu que seu direito discricionário de indicar o chefe da Polícia Federal fosse tolhido pelo Supremo Tribunal Federal. Naquele mesmo dia eu disse que ali seu governo havia acabado. Perdeu a posição de chefia; tornou-se apenas chefe de direito, não de fato. Não exerceu o poder que lhe foi confiado.

Não existe vácuo no mundo político. Quando alguém não exerce seu poder, outrem o exercerá por si. Destarte o partido vencido nas urnas em 2018 continuou mandando de fato no país tal como se no poder de direito estivesse. Ao mesmo tempo em que o STF cumpria as determinações do Foro de São Paulo; em que a Rede Globo (dominada por repórteres maconheiros) e a Rede Band (dominada pelo Partido Comunista Chinês) e a CNN (dominada pela calhorda neomarxista estadunidense) incessantemente o caluniavam sem serem objetadas; em que os presidentes de ambas as casas do Congresso Nacional prevaricavam às claras; Bolsonaro se omitia de seus deveres para com a nação.

Além da omissão, Bolsonaro começou a trair a esperança depositada nas urnas quando abriu diálogo com o Centrão — grupo dos partidos fisiológicos, isto é, partidos que não possuem qualquer tipo de ideologia bem definida, apenas participam das disputas por poder — algo que prometeu que não iria fazer. Bolsonaro viu as casas legislativas conspirarem às claras contra si e não usou seu capital político (amplo apoio popular) pós-eleições para desmantelar o mecanismo de poder cleptocrata. Todas as pautas morais que o levaram à vitória, a sanha de expurgar os corruptos, foram postas em segundo plano. Ou completamente esquecidas.

Durante a pandemia, Bolsonaro viu senhoras sendo presas em praças públicas, mães em trajes de banho presas na frente de seus filhos, carros proibidos de hastear a bandeira nacional, lojistas tendo seus estabelecimentos lacrados à solda, trabalhadores impedidos de trabalhar, transeuntes proibidos de ir e vir, pessoas obrigadas a se vacinar. Bolsonaro permitiu que proto-ditadores reinassem em seus feudos e cerceassem a liberdade das pessoas. Viu a corrupção do Covidão e nada vez para impedir que hospitais de campanha superfaturados fossem construídos dentro de estádios de futebol superfaturados. Viu bilhões de reais sendo jogados no lixo ou nos bolsos dos mesmos coronéis lulistas. Viu a desinformação de uma imprensa homicida MATAR pessoas por medo. Viu a ganância farmacêutica MATAR pessoas ao lhes negar tratamento precoce (que funciona e salva vidas), mas permitiu prefeitos sugerirem espalhar álcool em gel por aviões ou introduzir ozônio no ânus. Viu vacinas inúteis serem compradas às pressas apenas para apascentar seus opositores, sem se importar com os danos em longo prazo nas pessoas, até mesmo em bebês.

E não fez nada.

Ou melhor, fez carreatas, motociatas, tanqueciatas, bicicletatas… Fez caras e bocas para seus cegos adoradores, que aplaudiam tudo o que o ”ungido do senhor” fazia (ou deixava de fazer). Aos berros, bradava palavras de ordem contra Alexandre de Moraes, porém na frente deste o tratava com subordinada deferência. E viu este, acompanhado por seus supremos asseclas, instaurar o que ficou conhecido como ”inquérito do fim do mundo”. Em uma inacreditável inversão de poder, em que se esperava que Bolsonaro usasse sua posição para desarticular as entidades comunistas no país, ele viu passivamente o STF impedir/sabotar a ainda embrionária formação de um movimento liberal conservador.

Bolsonaro permitiu que seus aliados fossem perseguidos e presos.
Quando blogueiros apoiadores foram perseguidos, Bolsonaro não fez nada.
Quando o jornalista Allan dos Santos teve de se exilar no exterior, Bolsonaro não fez nada.
Quando o ministro Abraham Weintraub teve de fugir para o exterior para não ser morto, Bolsonaro não fez nada.
Quando o jornalista Oswaldo Eustáquio foi preso, torturado e aleijado na cadeia, Bolsonaro não fez nada.
Quando o ativista Zé Trovão teve de fugir e depois foi preso, Bolsonaro não fez nada.
Quando o congressista André Silveira foi ilegalmente perseguido e preso, Bolsonaro não fez nada.
Quando Roberto Jefferson foi perseguido e preso, Bolsonaro não fez nada. E quando aquele lutou por sua própria liberdade, Bolsonaro o tratou como criminoso.
Quando Lula foi solto, Bolsonaro não fez nada.
Quando o TSE fez todas as ilegalidades, Bolsonaro não fez nada.

Lula venceu. Vai fazer o que agora?

Omitiu-se. Prevaricou. Perdeu. E com essa derrota, a esquerda retorna com toda a força ao poder. Já conhecendo as novas regras do jogo e a força das redes sociais, dificilmente eles sairão do poder. Já Bolsonaro terá o que merece: irá para a cadeia. Seu crime? Ser um homem fraco.

O que esperar daqui para a frente? Bem, creio que Lula não dure muito tempo como presidente: o Merendeiro Alckimin já está salivando pelo poder. Com um congresso dividido, sem a maioria em ambas as casas legislativas, o PT terá dificuldades em manter seu maior expoente filosófico por muito tempo. Lula foi útil para eles retomarem o poder, mas isso não significa que ele continuará sendo útil por muito tempo. Assim é a política comunista.

Não importa seu passado, só importa se você é útil ao partido.

General Villas Boas  @Gen_VillasBoas

O que podemos esperar de um governo da oposição:

  •  Desmontagem das estruturas produtivas que tão arduamente foram recuperadas, criando unia base capaz de sustentar-se sem depender de governos;
  •  A volta do aumento do desemprego, compensado por programas sociais demagógicos;
  •  A submissão ao globalismo com a consequente perda da identidade nacional;
  •  A destruição do civismo; A ridicularização do patriotismo e dos símbolos nacionais;
  •  A contaminação ideológica do ensino, impondo a aceitação de verdadeiras perversões às crianças;
  •  O retorno do estelionato profissional, que os jovens dar-se-ão conta ao enfrentar o mercado de trabalho;
  •  A perda do valor da pala-vra e da vida;
  •  A substituição da verdade pelas narrativas;
  •  A perda de pruridos pelo uso da mentira;
  •  A disfunção das Instituições; o desrespeito à Constituição;
  •  A relativização da soberania da Amazônia;
  •  A natureza acima das pessoas;
  •  Dos índios como ferramentas de ONGs e Organismos Internacionais;
  •  A política externa orientada por simpatias ideológicas;
  •  Apoio a ditaduras;
  •  O desaparecimento do culto à honra, à pátria e à liberdade. A desesperança das pessoas que vestem o verde-amarelo.

General Villas Boas Outubro 2022.

20:35 • 29/10/2022