Dando nomes ao gado (Texto 2 de 3)

As pessoas se revelam por suas opiniões.
Alexandre Garcia 12/05/2020

E uma vez que não aceitam o resultado das eleições, este terceiro turno que se estende por um ano e meio parece tender a perdurar até 2022 ou 2027, conforme for o caso. Ou, se vier Mourão, a resistência aborrecente doutrinada por professores maconheiros adultos ideologicamente infantilizados poderia talvez vir a conhecer de fato o que são 30 anos de chumbo.

A expressão ”Gado de Bolsonaro” surgiu como forma de ridicularizar os apoiadores do presidente. De fato, há um grupo que o idolatra incondicionalmente, ferrenhamente afeito à fantasia de um ”salvador”. Tudo o que Bolsonaro faz está certo, deus (conceito cristão) o colocou ali. Numa mistura de religiosidade e política, Bolsonaro torna-se um profeta tal como Maomé (e bem sabemos o resultado dessa mistura).

Esses merecem ser admoestados mesmo. Manada impensante, apenas coincidiram (felizmente e finalmente) apoiar o lado direito das coisas no momento certo. Mas basta um usurpador travestir-se com roupagem similar que cometerão o erro de eleger vis traidores, como certos governadores prudentes e sofisticados. E pagarão o preço de irrefletidamente emanar seu poder em favor a proto-déspotas precocemente ébrios de autoridade e autoritarismo.

Delegam a outrem a responsabilidade por suas próprias vidas e por seu próprio destino. Deixam de ser protagonistas de si mesmos. Dependem de outro alguém mais ”importante” para cuidá-los.

Ocorre que não se sabe ao certo que parcela do gado bolsonariano é fanática. Não é difícil delinear o limite que separa a esperança religiosa cristã de que tal ou qual homem defenderá seus valores (postura válida) da idolatria a um homem supostamente colocado ali pela própria divindade para governar (ಠ_ಠ). Porém difícil é separar as palavras de aprovação ao desejo de ordem e progresso presas há anos no homem médio brasileiro das imponderadas defesas de populares a tudo o que o presidente faz, exasperadamente defendendo sua própria esperança em alguém que sentem os representar frente ao enorme poderio de um sistema corrupto e corruptor.

Eu mesmo não concordo com tudo o que Bolsonaro faz. Eu o apóio pois ele precisa de apoio popular para fazer o que se propôs: barrar a esquerda e sua corja de ladrões de acesso direto aos cofres públicos. Esse foi o motivo por que votei nele. O contínuo mugido do gado vermelho mostra que está cumprindo adequadamente esse papel, logo meu apoio continua. Perceba que o meu apoio é condicionado: ele não é corruPTo, logo ele fica. Ainda assim, também sou gado bolsonariano.

Seja vegetariano você também!

Alcunhar todos, sem exceções, ao mesmo nome é “não discriminar pessoas”. Idéia hegeliana de massificação da população submetida aos desígnios, vontades e caprichos dos ”importantes”. Visão de que o povo forma uma massa uniforme inaptamente incapaz de decidir seu próprio destino e formar sua própria história. Idéia essa que culmina exatamente no ideal de ”homem novo” marxista.

As pessoas julgam os outros por seus próprios padrões morais, nem sempre ponderando seus próprios defeitos. O povo marxista é como gado a ser guiado pelos ”líderes”, pelos ”importantes”. Não surpreendentemente transferiram a outrem a designação própria de si mesmos. “Acusa-os do que fazes.”

Se somos gado de currais diferentes, como é o gado do outro lado da cerca? Quem forma a manada do outro curral? Analisemos as eleições que não acabaram.

Em 2018 havia apenas dois candidatos. Bolsonaro e #EleNão. Uma clara demonstração de que havia um único expressivo candidato opondo-se a todo o sistema que ali estava e que era repudiado pela maioria da população. Especificamente no segundo turno, entre Haddad e Bolsonaro, quem votou em quem?

Pedófilos, estupradores, traficantes, ladrões, o grupo MST, aquele menor que rouba seu celular, assaltantes, black blocs arruaceiros, degenerados, os que ofendem a religião alheia e enfiam uma cruz na bunda, quem rasga a nossa bandeira, faz cocô em público, abortistas, feministas, desarmamentistas etc. votaram em qual dos dois? Responda com sinceridade.

— Essa escória é o gado vermelho.
— Opa, peraí! Eu não sou assim não!
— Mas votou com eles, logo está do mesmo lado deles…
— Não estou não!!!

É óbvio que nem todos os que são contra Bolsonaro se encaixam no conceito de marginais transgressores. Mas ao posicionarem-se infundadamente contra ele estão conseqüentemente favorecendo uma política que beneficia o lado ruim da sociedade. Ao menos aos olhos de quem está no pasto biroliriano.

Opiniões são sentimentos, como escrevi. É por elas que vemos o caráter das pessoas. Estar contra Bolsonaro por ter acreditado que ele é um sujeito louco, desvairado e ávido por poder é lícito e esperável. Há motivos (equivocados) para tanto (a saber: desinformação via imprensa). Estar contra sua permanência por considerar que suas limitações próprias prejudicariam o governo também é lícito: muito se reclamou da incompetência de presidentes anteriores.

Mas é necessário sopesar adequadamente: ao desaprovar o presidente, que representa para a maioria da população a esperança de um futuro melhor, inevitavelmente (ainda que involuntariamente) se está fortalecendo a parcela culpada por todo o caos em que ora nos encontramos.

O presidente é desbocado sim. Tem a graça e o garbo de um tijolo. É limitado sim. Mas reconhece suas limitações, não finge competência que não tem. É como o pára-choque que vai à frente tomando pancada, mas depende de nós (o motor) para impulsionar o carro adiante.

Sozinho não vai conseguir enfrentar tanta coisa. E exatamente por isto que precisa de ajuda e apoio. Do contrário, as coletividades contrárias invadirão o pasto produtivo e à força tomarão para si os desesperançosos rebanhos então sem um boiadeiro a os acudir.


Por mais de 200 anos os comunistas se especializaram, se organizaram, se desenvolveram, se infiltraram, se espalharam e impregnaram os Estados e as Nações com seu projeto de destruição para unificação. Em terras tupiniquins, por três vezes tentaram assumir o poder (Intentona, anos 60 e era PT). Sem a formação de líderes verdadeiramente republicanos por décadas, estamos desarmados e desmuniciados contra o exército ideológico, informativo, comunicacional e jurídico vermelho.

Bolsonaro é o que tinha. E vai ter que ser o suficiente. Estamos como Hernán Cortéz. Temos que fazer isso dar certo. Não é mais questão de opinião.
Fim da parte 2 de 3.


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