Quebrei meu dente comendo pão.

Estou muito chateado por esses dias. Resolvi escrever para desabafar. Quando escrevi sobre meu problema de coluna ou sobre meu problema de próstata, escrevi para incentivar os parcos leitores que por aqui passem a serem mais positivos com relação aos reveses que a vida por vezes nos traz. Talvez escrevendo eu também encontre uma forma de organizar meus próprios pensamentos.

Desde que eu era bem pequeno, eu sempre tive dentes muito (muito) sensíveis. Comida quente ou fria sempre me machucou a boca. Aftas sempre foram freqüentes também. Para trocar os dentes de leite foi um sacrifício. Cada dente que caía era um suplício. Meu canino direito foi o mais difícil, ficou acavalando até que foi tirado na marra. Sofri de bruxismo por um tempo, e até hoje, quando tenho febre alta por alguma doença, durmo roçando os dentes.

Mas o bruxismo não tem como ser a causa do meu principal problema. Nada se compara a ter dentes fracos e quebradiços. Meu primeiro dente quebrado foi um molar, que quebrei comendo maçã. Ao morder a semente, um pedaço do dente foi embora. Eu era muito pequeno, mas me lembro do susto. Passei a ter medo de mastigar corretamente. Mesmo se tentasse, meus dentes são tortos e não consigo fazer a oclusão. Há apenas um ponto de contato. E sobre esse ponto de contato está a outra obturação. Após certo tempo, outro molar quebrou, do outro lado, exatamente onde as duas mandíbulas contactam. Também foi uma experiência infantil ruim ao escutar da dentista que eu não cuidava bem dos meus dentes. Nessa época, havia o comercial na TV do ”Pedrinho que não escovava os dentes”. Ninguém deve se lembrar disso, era um comercial do governo promovendo higiene bucal. Mas também ficou marcado na minha memória.

Com as obturações veio também a neurose. O medo de quebrar meus dentes tomou conta de mim. Mesmo com dentes tortos e sem oclusão correta, nunca coloquei aparelho com medo de danificar os dentes. Além disso:
a) Fui uma criança que não chupou bala, pirulito ou doces, por medo de ter cáries. Biscoitos, só os macios.
b) Nunca masquei chiclete para não danificar as obturações dos dentes quebrados.
c) Nunca mordi picolé para não danificar os dentes da frente.
d) Sempre evitei comidas duras para não danificar os dentes.
e) Sempre evitei cítricos (laranja, limão) para que os ácidos não danificassem o esmalte.
f) Passei a intencionalmente dormir de boca aberta. Quando dormindo percebo que fechei os dentes, acordo assustado e abro a boca.
g) Passo o dia inteiro conscientemente de boca aberta. Eu nunca faço a oclusão. Passo o dia inteiro com a língua entre os dentes, ou pressionada contra o céu da boca (como agora enquanto escrevo), para que os dentes de cima não encostem nos de baixo.
h) Escovo os dentes com delicadeza e religiosamente antes de dormir passo o fio dental. Ao ponto de não conseguir dormir se não passar o fio dental. O tempo despendido em escolher o fio, as escovas (uso duas, uma para cada parte da boca) e a pasta não é saudável.
i) Eu não mastigo a comida: eu esmago a comida no céu da boca com a língua. Só como alimentos facilmente pastosos e de fácil digestão.
j) Corto todos os alimentos, incluindo pão, para não forçar os dentes.
k) Não durmo de bruços ou em posição que exerça pressão nos dentes.
l) Bebo ao menos um litro e meio de leite por dia para ter bastante cálcio.

São praticamente 30 anos de cuidado assíduo, neurótico, fanático com minha dentição. Então um dos dentes da frente quebrou usando fio dental. Passei o fio com o cuidado de sempre e a ponta simplesmente voou pelo banheiro. Fiquei muito chateado, mas pensei comigo mesmo: ”faz parte do processo natural de envelhecimento”. Algum tempo depois tive um febrão e com o bruxismo também a ponta de outro dente quebrou. Fiquei muito chateado, mas pensei comigo mesmo: ”não foi minha culpa, é seqüela de ter ficado doente, tal como tenho seqüela do acidente no meu pé, ou seqüela na coluna pelo envelhecimento/excesso de peso. Não sou mais um garotinho…”.

Então, anteontem fui comer pão. Não pão francês, mas aquele pão de forma super macio e fofinho. E a ponta de outro dente quebrou. No início achei que havia ficado com alguma aveia presa entre os dentes, e ao olhar no espelho lá estava o estrago.

Não importa se é pouca coisa (para mim não é), não importa se é só a ponta, não importa se é pela idade, não importa qualquer que seja o motivo. É revoltantemente frustrante para mim isso acontecer. Com todo o cuidado que eu tenho, com todo o esforço que faço, por todas as coisas que deixei de fazer, por uma vida inteira de preocupação em não quebrar os dentes, com todas as fantasias de ”e se um acidente acontecer?”, ”e se eu cair no chão de boca?”, ”e se eu levar um soco?”, ”e se eu bater em algum lugar?”, quebrar o dente comendo pão? Comendo pão?

Indignação não adianta nada. Revolta não adianta. A frustração não vai restaurar o dente. A idéia é aceitar que tenho dentes fracos e que provavelmente não estarão aqui até meus 80 anos. Optei por desistir. Se é para quebrar, que quebrem. Isso não significa deixar de cuidar deles. Continuarei cuidando exatamente tal como faço hoje, com o mesmo afinco, mas não espero mais preservá-los até a minha idade avançada.

Optei por finalmente procurar um ortodontista. Verei se me é possível colocar aparelho. Se for, tentarei alinhar a dentição. Se não, continuo mordendo a língua.


Notícias do fronte:

Dia 21/05, domingo, a estrepada da minha mãe estrepou-se, estrepando-se estrepadamente na escadaria do prédio. Por algum motivo, ela achou que estava fazendo teste prático para o Cirque du Solei e fraturou o joelho. Emergência de hospital, chapa, tomografia, gesso. E um monte de consultas médicas desmarcadas.

Mas isso não vai me impedir de ver se dá para dar um jeito nos dentes.

Fui pela última vez em janeiro fazer a manutenção. Foi a última consulta com a dentista com quem me trato há vinte anos. Ela decidiu fazer curso nos EUA e duvido que volte para o Brasil. Então eu fui a outra clínica (literalmente na esquina da rua de casa) para ver o dente quebrado, fazer a limpeza e perguntar do aparelho. Do nada surgiu uma cárie, e ele queria fazer a limpeza com raspagem e anestesia. Já a ortodontista queria lixar meus dentes e sugeriu arrancar o siso se necessário.

Não.

E fui me consultar com a dentista (Dra. Débora) que substituiu minha dentista (Dra. Bruna). Além de o atendimento ser muito bom (e humanizado), não tem cárie, é o mesmo selamento que tenho desde pequeno, e ela me indicou que procurasse a chamada ”ortodontia invisível” (de que nunca havia ouvido falar). Procurei, descobri e fiquei bastante motivado, pois não tem risco de quebra de dentes com os brackets. Daí fui fazer a bateria de exames hoje, 23/05.

E que vergonha. Achei que seria paciente modelo, pois em todo médico a que vou não dou trabalho (exceto dentista). Até exame de próstata faço numa boa. PQP. Tive de repetir a chapa várias vezes porque toda hora me mexia, na hora de fazer o molde quase vomito em cima do médico, e volto para tirar mais chapas, e quase vomito de novo umas três vezes, e saio para tomar uma água e me recompor. Até para tirar fotos dos dentes foi um custo colocar os separadores de bochecha, ou sei lá como se chama aquilo. A única coisa que não deu trabalho foi tirar foto da minha cara de marrento.

Ao menos descobri que meu 4º siso é dorminhoco. Dia 05/06 pego o resultado e marco com essa ”ortodontia invisível”.

Você tem trabalho de ciências, Charlie Brown!

Teste da realidade: vírus saiu de laboratório e máscaras foram inúteis

Em meu texto Guia da pandemia: o vírus corona no Brasil e no mundo. aponto para o que já começa a se tornar público hoje. Mesmo a altamente politizada mídia hoje já está percebendo que a verdade não pode ser oculta do público por muito tempo, exceto se houver um grande esforço de guerra. A quarentena foi inútil, as máscaras também. Em breve, o mundo tomará ciência do erro da vacinação obrigatória em massa, que já está causando incalculável número de ”mortes súbitas”.

Fonte: https://veja.abril.com.br/coluna/mundialista/teste-da-realidade-virus-saiu-de-laboratorio-e-mascaras-foram-inuteis/


Teste da realidade: vírus saiu de laboratório e máscaras foram inúteis

Reconhecer fatos e mudar de ideia são características de quem quer pensar bem – até quando isso parece, equivocadamente, “premiar negacionistas”
Por Vilma Gryzinski Atualizado em 6 mar 2023, 10h37 – Publicado em 3 mar 2023, 07h51

É dura a vida de quem pelo menos tenta não ser engolfado por opiniões ideologizadas, um fenômeno que contaminou até cientistas que deveriam ser a última linha de defesa contra a politização de sua atividade. Alguns acontecimentos dos últimos dias dá um certo alívio para os que mantiveram a independência e são algo duros de engolir para quem acreditou firmemente que os “negacionistas” seriam punidos por seus múltiplos pecados durante a pandemia. Obviamente, os fatos não têm nada a ver com opiniões formadas com base em posições políticas – progressistas, em geral, louvando a ciência, essa coitada tão abusada, e conservadores insurgindo-se contra a obrigatoriedade de medidas como máscaras, lockdowns e vacinas. No olho do furação, a maioria de nós quis acreditar que uma camadinha de pano ou de papel na frente do rosto nos protegeria do vírus e que ficar em casa era o preço a pagar pela sobrevivência a uma praga incontrolável saída da natureza para, como sempre, punir os humanos por invadir habitats animais. No fundo, era nossa culpa e precisamos expiá-la.

Fato: o Departamento de Energia dos Estados Unidos e o FBI fizeram declarações apontando uma razoável convicção de que o vírus da Covid-19 escapou por acidente do laboratório chinês onde era estudado.

Parecia um absurdo lógico imaginar que o vírus aflorado na cidade de Wuhan, onde funciona um laboratório de estudos desse tipo de agente patológico, tivesse saído por acaso de um morcego que infectou um animal intermediário que infectou humanos. Mas quem disse isso chegou a ser chamado de racista. Outro tijolinho recente: a revelação de que a França havia encerrado a colaboração com o laboratório de Wuhan e avisado que ele estava sendo usado para fins militares.

Fato: uma instituição chamada Cochrane Library, considerada a mais respeitada na análise de intervenções médicas em escala mundial, concluiu que máscaras comuns ou as usadas por profissionais de saúde, as N95, “provavelmente 􀁺zeram pouca ou nenhuma diferença” na propagação da doença.

Antes da pandemia, serviços médicos de diferentes países e a Organização Mundial de Saúde não consideravam as máscaras efetivas para conter o contágio de doenças respiratórias.

Fato, ou fatos: uma montanha de e-mails provenientes do ex-secretário da Saúde do Reino Unido Matt Hancock comprova o que muita gente já tinha concluído. Ou seja, que o governo na época chefiado por Boris Johnson tomava providências com base em pesquisas de opinião e não na mais pura e elevada ciência.

Não é exatamente uma surpresa — e todos os políticos precisam realmente levar em consideração o que o povo está pensando. Mas ver a manipulação nua e crua desse conceito é chocante. Um exemplo, no mar de mensagens: as crianças das escolas inglesas para alunos a partir dos onze anos foram obrigadas a usar máscaras sem nenhum embasamento científico, mas sim um puro cálculo político. A primeira-ministra da Escócia na época, Nicola Sturgeon, havia determinado a restrição e Boris concluiu que não valia a pena “comprar essa briga”. Não queria parecer menos durão do que a rival escocesa.

O primeiro-ministro também se deixou convencer a não reabrir as escolas fechadas — com grandes prejuízos para os alunos, como está acontecendo até hoje — porque “os pais já achavam mesmo que não haveria volta às aulas” até o início do ano letivo, em setembro. Hancock e outros funcionários ironizaram as pessoas que precisavam voltar ao país e fora, durante um certo período, obrigadas a aceitar — e pagar — para ficar dez dias em isolamento em hotéis perto de aeroportos, “trancadas em caixas de sapato”. “Hilário”, diz um deles.

Os exemplos de decisões sem motivos sólidos são inúmeros — e provavelmente seriam similares se outros governos pudessem ser vasculhados de forma tão de􀁺nitiva. Um dos raros países que já fizeram isso foi a Suécia, que se distinguiu de todos os outros países desenvolvidos por não mandar a população se trancar em casa e manter abertas as escolas para jovens e crianças. Foi uma decisão “fundamentalmente correta”, concluiu a Comissão do Coronavírus.

Outra conclusão: vários outros países que implantaram o lockdown “tiveram resultados significativamente piores” do que os da Suécia. As autoridades médicas, únicas responsáveis pelas medidas oficiais, pecaram por demorar muito para alertar a população e houve aglomerações que deveriam ter sido restringidas, criticou a Comissão. Em resumo, muitas das orientações e das consequências do combate à Covid-19 só estão sendo estudadas agora, enquanto autoridades médicas e governamentais tiveram que reagir no calor dos acontecimentos, em meio a um estado mundial de pânico e prognósticos cataclísmicos. Quanto mais a ciência verdadeira — e jornalistas inquisitivos — perscrutarem de onde se originou a pandemia, como se propagou, o que funcionou e o que não funcionou no seu combate, mais teremos a ganhar.

Reconhecer fatos não é “premiar” os negacionistas — uma palavra odiosa, por evocar uma horrível comparação com os degenerados que rejeitam as conclusões sobre o genocídio dos judeus pelos nazistas. É jogar a favor de toda a humanidade. Escrevendo na Spectator com sua inteligência brilhante e seu pendor para a polêmica, Rod Liddle anotou sobre a situação na Inglaterra: “Eu não tinha — e não tenho — grandes objeções ao primeiro lockdown ou mesmo às primeiras recomendações para usarmos máscaras ou esfregarmos as mãos com álcool a cada poucos segundos. Não sabíamos o que estávamos enfrentando”.

Liddle obviamente é um conservador e escreve que “muito do que fomos proibidos de dizer, sob pena de sermos banidos das redes sociais ou demitidos de nossos empregos, revelou ter considerável substância”. Só mesmo um intelecto superior para usar a expressão “considerável substância” no lugar de “estão vendo só, nós tínhamos razão”. Quem preferir, pode ignorar essa parte e se ater aos fatos que estão contando uma história à qual não deveríamos fechar nossos ouvidos.

Wolf Guy – Ookami no Monshou, Elfen Lied e outros títulos.

Caro parco leitor, as linhas a seguir podem ser sumamente desconsideradas. Nos próximos parágrafos vossa senhoria encontrará palavras de baixo calão e conteúdo escatológico que em nada lhe acrescentarão algo. Esta página serve para mim, dentre outras coisas, como uma terapia. Sem ter uma vivência social considerada saudável, (seja por vontade própria, seja por maioria de votos) encontro aqui um lugar para vomitar todas as coisas ruins que vez ou outra ficam entaladas na garganta e, em ato de catarse, tiro o que não presta de dentro do peito e o jogo fora.

A mim agradam temas relacionados ao oculto, dentre eles a criptozoologia (um nome rebuscado para folclore). Fascinam-me essas histórias populares. Como culturas tão diferentes e não inter-relacionadas conseguem convergir para os mesmos arquétipos? Em especial dragões, gigantes e monstros marinhos. Também há o caso do homem-fera (wendigo, sasquatch, yeti, licantropo, kitsune, kurtadam…) que inicia o escopo deste texto. Como, tanto na América pré-colombiana, quanto na antigüidade européia e também na Ásia, são recorrentes os relatos de feras humanóides? E por que essas histórias normalmente as tratam como perigosas? Trazendo isso para a atualidade, esses mitos atemporais continuam inspirando a arte contemporânea.

Já fui consumidor ávido de histórias de terror em todo tipo de mídia (escrita, desenhada, animada ou cinematográfica). Porém em certo ponto de minha vida simplesmente enfastiei-me. A cultura perdeu a elegância, o carisma e a criatividade dos ”bons tempos” (Ver também: mother!). Optei por rejeitar trazer para mim a vulgaridade alheia travestida de arte. Infelizmente as histórias de terror hodiernas não trazem mais o símbolo do heroísmo, do bem vencendo o mal. Ora temos meramente cópias de cópias da visão lovecraftiana de desesperança e desalento humanos frente a um mal inefável, impassível e invencível. Decidi repudiar todas essas coisas. Só quero em minha vida aquilo que traga algo de bom, algo que promova o belo, algo que incite à justiça. Ou ao menos que instigue a uma boa reflexão sobre a vida.

Houve uma época em que eu fazia questão de ver uma obra inteira antes de criticá-la. Considero que, para criticar algo, é necessário conhecer bem o que será criticado, conhecer seu inteiro teor para poder bem exercer o juízo de valor. No caso de uma obra artística seriada, como quadrinhos, ler a história toda. Mas isso mudou com o título Shingeki no Kyojin. A história começou de um jeito e, quando o personagem principal mudou sua bússola moral de herói para vilão, desagradou-me e parei de ler. Não senti falta de continuar lendo ”para saber o fim da história” pela primeira vez. Cansei e larguei. Foi uma vitória contra o TOC de complecionismo.

Leitor de quadrinhos dos mais diversos gêneros, recentemente em minhas andanças ouvi falar de um título que chamou minha atenção: Wolf Guy – Ookami no Monshou. O título se apresenta com a premissa de ser o reboot (reinício) das “aventuras de um lobisomem” (título original Wolf Guy). O título original fez grande sucesso na década de 1970, ao ponto de terem sido produzidos dois filmes e seis animações nas décadas posteriores, demonstrando seu importante impacto cultural. Acreditei então que essa adaptação à ”nova geração” (2007) seria um bom ponto de partida para conhecer a coisa.

E cometi o erro de iniciar a leitura. Minha paciência esgotou-se na metade da ”história”.

Que merda é essa? Esse é único termo técnico existente adequado para qualificar Wolf Guy – Ookami no Monshou: é uma M-E-R-D-A. Não há absolutamente nada nesse título que possa redimi-lo do status de ser uma bosta. Este é o motivo de toda minha raiva: pela primeira vez em minha vida decidi não terminar de ler uma obra por tão ruim que ela é. (E, olha, eu já vi coisas horríveis…)

Tenho raiva do fato de que alguém teve a petulância de escrever o roteiro;
tenho raiva de que alguém teve a audácia de desenhar esse troço;
tenho raiva de que alguém teve o atrevimento de publicar essa coisa;
e tenho ainda mais raiva de que haja quem tem a desfaçatez de dizer que gosta de DOZE volumes dessa joça.
Já disse que estou com raiva?

E por que tanto ódio em meu coraçãozinho? Deixe-me colocar no microscópio e fazer o exame de fezes.

Da arte

Pequenos erros de proporção e perspectiva existem em todos os quadrinhos. Sempre há algo que escapa, não tem jeito. Wolf Guy – Ookami no Monshou não tem erros grosseiros de tridimensionalidade. Quem desenha sabe que a parte mais difícil de desenhar são as mãos e os pés dos personagens, e mesmo nisso há pouquíssimos equívocos. Há também algumas falhas de continuidade, mas nada grave.

O principal problema estético em Wolf Guy – Ookami no Monshou é a altíssima flutuação da qualidade da arte. Ora de excelente qualidade, em poucos quadros (frames) decai para um amontoado de rabiscos incompreensíveis, para logo depois retornar a alto nível de qualidade. A arte é suja: há muitas tentativas de efeitos visuais, uso excessivo de onomatopéias sobrepostas às composições (subjects), exagero no uso de hachuras e inarmonia no uso de texturas (background)… Há a sensação de sujeira visual (noisy visuals), desproporcionalidade e desnecessariedade no uso de aproximações (close-up) e, especialmente, repetições, repetições, repetições… Voltarei a falar dessas repetições na parte do enredo, mas na questão da arte ela demonstra pobreza na composição visual, pois não é usada com qualquer efeito estratégico, mas sim apenas para preencher espaço.

Esses problemas são ainda mais graves nas cenas de ação. Essas, que deveriam ser claras para o leitor acompanhar o movimento dos personagens, são tão ofuscadas pelo ”ruído visual” que, confesso, houve momentos em que eu não consegui distinguir o que estava acontecendo. Isto mesmo: eu olhei, olhei e não conseguir entender o que eu estava vendo. Isso numa cena de luta é equivalente ao camera shaking (edição com câmera trêmula mais 50 cortes por minuto) que a franquia Bourne lamentavelmente trouxe para o cinema.

Há páginas que se parecem com testes de Rorsharch, como se coubesse ao leitor imaginar, descobrir ou supor o que estava acontecendo. Isso até poderia ser um recurso visual usado para ocultar a verdadeira imagem do monstro e fazer suspense. Esse argumento é inválido, pois o problema continuou mesmo após o monstro (que é bonitinho ಠ_ಠ) ter sido revelado em alta definição no primeiro volume. Essa péssima qualidade contrasta tanto com a alta qualidade e detalhamento das cenas de tranqüilidade que não seria difícil crer que, apresentando a quem não leu, a pessoa diria se tratar de obras ou até de autores diferentes.

Do desenvolvimento do enredo

O nome deveria ser Wolf Guy – Encheção de lingüiça. 90% do enredo consiste em rechear lingüiça com preenchimento sem valor (fillers) e erotização apelativa (fan service) que em nada contribuem para o avanço da história (que não há). Há apenas motes para situações de violência sem sentido. Esses motes (repetidos) se dão em capítulos enfadonhos com demasiada repetição de quadros (acima mencionado), ao ponto de páginas inteiras serem repetidas em plano de fundo para preencher espaço onde não há o que colocar. Os personagens são sempre exibidos nas mesmas posições de efeito, de retrato ou de perfil, contribuindo para a sensação de repetição e ausência de progressão na história.

Os capítulos são desconexos entre si, não há linearidade no compasso. Há momentos em que mil coisas acontecem ao mesmo tempo, enquanto que em outros há apenas morosa exposição (recurso usado quando você precisa explicar algo ao leitor). Os personagens são apenas exibidos ao leitor, mas não são desenvolvidos, não evoluem. São tão somente cascas vazias com sentimentos superficiais. Não possuem motivos reais para suas ações incoerentes, nem os eventos que os envolvem contribuem para contar uma história coesa no geral.

Há sim uma suposta linha condutora central, que seria o desolamento lovecraftiano frente à tragédia inevitável (maldição). (A obra do autor Lovecraft trata da impotência e da pequenez humanas frente a poderosas e inescapáveis forças incompreensíveis.) Porém todas as tragédias do enredo envolvendo tal ”maldição” são facilmente evitáveis e são culpa exclusiva das ações voluntárias dos próprios personagens. A ”maldição do lobisomem” é só uma expressão temática empregada para indultar/relevar/transigir/contemporizar/condescender/justificar as péssimas escolhas das pessoas e as funestas conseqüências negativas dessas escolhas. Conseqüências perfeitamente evitáveis se não tivessem feito besteira em primeiro lugar.

Ou seja, a história não ensina nada, não agrega nada, não soma nada. É uma história de pessoas imbecis que se lascam por sua própria estupidez, eximem-se de responsabilidade e culpam o metafísico por seu infortúnio. E quem são essas pessoas? Quais são suas histórias?

Dos personagens

Ainda que sejam personagens, caracteres fictícios, como em toda obra de arte, eles são facetas da psique humana. Uma forma de vermos, no outro, outro aspecto de nós mesmos. É a idéia do teatro, do cinema, da literatura: mostrar, no outro, outra face de nós, ou melhor, daquilo que poderíamos ser. Em uma boa história, nós nos identificamos com os personagens, nos colocamos em seu lugar, vivemos com eles suas aventuras e emoções. Quem não chorou quando morreu Artax, o cavalo de Atreyu (História sem fim)? Quem não ficou feliz quando Babe, o porquinho, venceu o concurso de cães de pastoreio? Nós acompanhamos a jornada dos personagens a seu lado, nos colocamos em seu lugar, pensamos no que faríamos diferentemente. Os personagens são um recurso que os autores usam para tomar o leitor pela mão e conduzi-lo adentro da trama. Identificar-se com os personagens é ponto essencial para a constituição de uma boa história.

Mas é impossível se identificar com qualquer um numa história com enredo tão ruim quanto a de Wolf Guy – Ookami no Monshou. A história se passa com jovens de 14~15 anos que se comportam e vivem como adultos em uma escola pública japonesa para onde decide ir o personagem principal. Antes de falar do personagem principal, quero falar da coadjuvante. Creio que se eu explicitar a história dela primeiro você entenderá porque eu tenho tanta raiva desse título.

Akiko Aoshika é apresentada como uma jovem professora divorciada. O motivo do divórcio? Não se sabe e em nenhum momento tem qualquer relevância para a história. Não faz diferença. Por que adulta? Somente para se encontrar com o personagem principal na primeira cena de violência, que se passa de madrugada, pois jovens normais de 15 anos não caminham de madrugada sozinhos na rua. Apenas por causa dessa cena ela precisa ser caracterizada como adulta. Fora isso, não faz diferença alguma, ela poderia perfeitamente bem ser apenas mais outra adolescente. E por que professora? Foi a forma (conveniente para o enredo) de pô-la na mesma escola para onde vai o personagem principal. Ela não existe por si mesma, existe em função da história.

Ela é vítima de estupro quando adolescente, sua família (que não aparece) não a apóia, ela se casa e se divorcia (motivo não revelado) e vai trabalhar como professora. Daí num período de dois meses (dois meses) ela:
……a) na mesma noite presencia um linchamento seguido de dezenas de mortes brutais, e é molestada sexualmente;
……b) em outra noite é molestada sexualmente (de novo), e atacada por um leão;
……c) a escola em que trabalha é vítima de um adolescente atirador: 82 mortos e dezenas de feridos;
……d) na semana seguinte a mesma escola é vítima de um segundo atentado: 30 e tantos mortos e sei lá quantos feridos;
……e) a imprensa torna a vida dela um inferno e repórteres a assediam sexualmente (de novo);
……f) na semana seguinte é seqüestrada e molestada sexualmente (de novo).

E parei de ler. Porra, que merda é essa? Ela existe só para ser estuprada? A desculpa é a de que ela estaria sob ”a maldição do lobisomem”, por culpa do personagem principal. Não, isso se chama: ”a maldição do roteirista taradão”. E ela não apresenta nenhum sinal de trauma psicológico! Pelo contrário, ela nutre tensão sexual para com seu aluno (o personagem principal), menor de idade. É como se ser uma pedófila estuprada fosse totalmente normal. Cara, se em dois meses (antes mesmo do seqüestro) esses eventos acontecerem com um ser humano de verdade, uma pessoa normal tem que parar numa sala de terapia, no mínimo. A pior parte nisso tudo é ela ser apresentada no início como o alívio cômico* do enredo! (*toda história pesada precisa de um alívio cômico, normalmente usado no entre-atos)

O desgraçado do personagem principal, Akira Inugami, 15 anos. Teoricamente ele é amaldiçoado por ser um lobisomem. Sim, isso deveria ser uma história de lobisomem. Só que:
……a) seus pais são mortos quando ele tem 5 anos e ele não faz nenhum esforço para investigar o assassinato, mesmo sabendo que tem ligação com o fato de serem lobisomens e ele ser obcecado com o tema;
……b) ele dedica sua vida a estudar lobisomens, mas não conseguiu encontrar um que mora na mesma cidade em que ele;
……c) ele afirma que as tragédias que acontecem ao seu redor se referem à ”maldição do lobisomem”, se sente culpado e deprimido por isso, mas não faz absolutamente nada para evitá-las (pelo contrário, instiga as coisas a ficarem ainda piores);
……d) ele tem parentes milionários que nunca aparecem, o que resolve todo o problema com dinheiro (conveniente para o enredo);
……e) ele mora sozinho aos 15 anos e ninguém liga para isso.

Até aí, é só um personagem incoerente. Porém ele tem uma grave falha de caráter, que é o pacifismo. Ele não é pacífico, isto é, aquele que não procura conflito; ele é pacifista, isto é, aquele que mesmo quando o conflito vem a ele, ele não age, não revida, permitindo que o mal se torne cada vez maior. Pelo contrário, sua apatia travestida de orgulho e pretensão de superioridade alimenta os ímpetos de conflito. É exatamente sua inação frente ao mal que causa todos os problemas que acontecem. Cada vez que ele se recusa a revidar, as forças do mal se tornam mais e mais fortes, ao ponto de afetar os inocentes ao seu redor.

Além disso, ele, com pena de si mesmo, reiteradamente afirma que quer ficar sozinho e se afastar da humanidade. Então por que diabos fica mudando de uma escola para outra, instigando agitações por cada lugar que passa? Ele afirma que não quer lutar. Então por que diabos enfrenta delinqüentes com arrogância e desdém? O discurso do personagem é completamente díspar de suas ações e posturas. Em última análise, é culpado de tudo de ruim que acontece ao seu redor não por uma ”maldição”, mas por suas próprias atitudes. Não passa de um autocomiserante irresponsável.

E o enredo trata de eventos desconexos ligados a esse sujeito apenas para justificar cenas violência e sexo explícito.

Da história

A professora bêbada (Akiko) sai à noite e encontra Inugami caminhando. Ela se apaixona pelo adolescente e o segue. Então uma gangue aparece do nada e o lincha enquanto molesta a professora. Daí ele vira lobisomem, mata todo mundo e deixa a Akiko desmaiada lá mesmo. Ele tem super-força mesmo na forma humana, então poderia ter evitado tudo isso. No dia seguinte vai para a escola como se nada tivesse acontecido. Akiko chega com os policiais à escola para trabalhar, vindo direto da delegacia (quem é que vai trabalhar depois de uma noite dessas?) e reconhece o garoto, mas fica por isso mesmo.

Daí aparece uma garota pervertida que passa o tempo todo usando roupa erótica. Essa guria é chama-se Ryuuko, 15 anos. Ela também foi estuprada, mas foi quando era criança. Depois ela foi vendida de mão em mão para mercadores de escravos sexuais até ser comprada pela Yakuza. E por alguma razão vai para a escola estudar (não sei o quê). Diferentemente da professora, ela ficou viciada em sexo e fica sexualmente excitada com violência. Ela aparece várias vezes no roteiro apenas para ter relações sexuais, mostrar nudez aleatória ou masturbar-se vendo outros sendo agredidos. Não serve em absolutamente nada para a história e está lá somente para ”cenas de sexo explícito com uma adolescente pervertida”.

No primeiro dia de escola, Inugami já arruma confusão com a gangue local. Levam-no para tomar uma surra perto de outro aluno que estava sendo estuprado. Nos dias seguintes, a escalada da violência toma proporções exponenciais. Você percebe claramente que o roteirista perdeu o controle da própria história quando (ainda no primeiro volume) traz de volta um personagem que estava para morrer. Aparece ”seu irmão gêmeo” que agora quer vingança. Esse gêmeo aparece como um atirador escolar descontrolado, não após um capítulo inteiro dedicado à sua masturbação.

Também há o recorrente mote de pessoas se urinando nas calças. Por algum motivo, o autor resolveu que todo mundo deveria se urinar nas calças de vez em quando. Akiko se mija quando vê o lobisomem pela primeira vez, o diretor se mija quando vai ser morto, uma aluna se mija quando é molestada pelo atirador da escola que também é mijão, tal como seu irmão gêmeo, ambos com fimose (sim, isso está descrito e é parte do enredo).

No meio dessa bagunça, é construído o real vilão da história, que é o filho do chefe da Yakuza, Harugo. Ele tem 15 anos, mas mostra o porte atlético de adulto olímpico, aleijou um campeão adulto de MMA, é especialista em armas, explosivos, táticas de combate urbano, praticamente um Rambo. E a cada dois ou três capítulos tem uma cena de sexo com a pervertida. (na primeira cena em que ele aparece eles estão transando) Daí Haguro descobre que Inugami é lobisomem e passa a caçá-lo. Não o encontrando, ele mutila, estupra e defeca sobre um amigo de Inugami. Esse amigo morre no hospital e vira lobisomem-zumbi. O tal zumbi mata um monte de bandidos da Yakuza, mas (conveniente para o enredo) perde seus poderes logo antes de matar Haguro.

Nada disso teria acontecido se Inugami tivesse revidado Harugo e sua gangue. Sua incoerência é evidente, pois durante isso tudo ele mata aleatoriamente outros vagabundos. Não precisava nem matar, eu já disse que ele tem super-força, uma surra já ‘tava bom. Não há qualquer motivo para não revidar a gangue de Haguro, exceto ser conveniente para o enredo.

No meio disso tudo tem um jornalista, que também é lobisomem, mas não faz diferença alguma para a história, então eu não o mencionei, mesmo tendo uns dez capítulos só para ele. Depois de toda essa confusão, Inugami resolve fugir para viver sozinho em sua autodepreciação. Ele se muda para outra cidade e resolve cortar contato com todas as pessoas. E o que ele faz? Vai fazer compras perto de um ponto turístico cheio de gente. Raios, afinal quer viver sozinho ou não? O que está fazendo no meio da cidade? Vai para a montanha, para o meio do mato, vai capinar um roçado. Ele é o típico Emo (aqueles insuportáveis adolescentes melodramáticos).

Nesse ponto turístico cheio de gente para onde ele foi se isolar (ಠ_ಠ), ele reencontra uma garota que estava gostando dele e a maltrata sem motivo. Daí a professora é seqüestrada e parei de ler.

O único termo técnico existente adequado para qualificar o personagem principal é babaca. O sujeito é um babaca, só faz merda e ainda se tem a presunção de maltratar os outros que lhe querem bem. Tem mais é que se foder mesmo.

Para sanar sua curiosidade, eu posso resumir o resto da história, pois li a sinopse completa. Procurei saber se algo que presta aconteceria e se valeria a pena continuar lendo essa bosta, antes de atirá-la pela janela.

Só depois de a professora ser estuprada (de novo), Inugami resolve salvá-la. Ele cata a mulher em todo lado, mas não a acha em lugar algum. Enquanto isso ela vai sendo estuprada e vídeos disso sendo postos na internet. Um tempo depois ele entra em contato telepático com a mulher e (conveniente para o enredo) descobre sua localização. (De onde ele tirou telepatia? Do cú? Desde quando lobisomem tem telepatia? Por que não podia ter feito isso antes?)

Daí ele vai atrás dela e é atacado por tudo possível e imaginável, mas consegue sobreviver (conveniente para o enredo) graças ao ”real poder do lobisomem”, uma aura dourada que salva ele e a mulher. Ou seja, ele vira super-sayajin Dragon Ball. E morre no final. Daí a professora se muda para o Alaska para viver isolada com lobos. (Com que dinheiro? No primeiro capítulo ela era uma pé-rapada e agora pode custear férias infinitas?) E o Inugami ressuscita, porque é lobisomem, mas ficou com amnésia de tudo o que aconteceu e vira cobaia dos militares. Fim da história.

Pela puta que pelo cú pariu o diabo: que merda é essa? Em quê que essa história pode ser considerada boa? Nem ao menos final feliz tem. Em quê essa história eleva o leitor? Em quê essa história traz esperança? Em quê essa história mostra o mal sendo vencido? O quê de bom você pode aprender com isso? Que raios o autor quis passar? Alguém pode me explicar o que leva pessoas a gostarem disso? E tem fãs! O que mais me dá raiva é que há mercado consumidor para esse lixo. Não é só o troço ser ruim, é também haver quem goste… Ah, se me fosse possível estapear telepaticamente os outros…

O problema com a telebasura (Ver também: Gosto se discute, sim.), é que ela só existe porque há quem a consuma. Se não houvesse mercado consumidor, o editor não a teria publicado. Cada vez mais e mais somos saturados com todo tipo de lixo, chafurdando cada vez mais profundamente numa torrente de esgoto intelectual. Essa não é a primeira vez que me decepciono com uma grande bosta, mas é a primeira vez que ela é tão ruim que sou obrigado a parar no meio.

Crítica comparativa

Sobre outros títulos que também foram uma bosta, um dos que eu tenho em péssima conta é Elfen Lied. E, refletindo agora, ambos apresentam um traço em comum, que é a ”tortura dos personagens”. De forma sádica, o autor impõe a seus personagens situações de grande sofrimento físico ou psicológico. Ele deleita-se com o cruel martírio contínuo a que são lançados os personagens. E, creio, a única explicação para que tais títulos sejam apreciados, seja a de que os leitores também compartilhem do mesmo sadismo e crueldade.

Em Elfen Lied, porém, o autor faz uso de ganchos de enredo (cliffhangers), isto é, a cada capítulo ou fase ele cria uma situação que atiça a curiosidade do leitor para continuar querendo saber mais. Entre as seqüências de ondas de tragédias, o autor não destrói o fio de esperança de que algo bom aconteça. O grande problema em Elfen Lied é que isso nunca acontece. Até o final, até o último capítulo, nada de bom acontece. Todos sofrem (especialmente dor psicológica). Sempre que uma situação aparenta se encaminhar para a resolução, um inesperado revés surge do nada e tal situação fica ainda pior. E, sim, Elfen Lied também é carregado de violência sem sentido, erotização apelativa e gente se urinando nas calças.

Eu li Elfen Lied integralmente e foi uma grande decepção. O autor conseguiu me reter com os ganchos de enredo, tal como iludiu os personagens com a falsa esperança, com a expectativa a ser frustrada, de tempos melhores. A frustração em ver que, naquela horrível história, os personagens não encontram paz nem mesmo após suas mortes é revoltante.

Essa é a mesma sensação que tenho com Wolf Guy – Ookami no Monshou. Parece-me que esses autores expressaram seus sadismos, e seus consumidores aprouveram-se com esses sadismos, numa mórbida cumplicidade. Não tenho outra explicação para esses títulos fazerem algum sucesso, a não ser a de que essa gente, mais do que anestesiada frente ao mal, está mentalmente corrompida, degenerada, pervertida. E não tendo como, em agir, expressar essa psicopatia /sociopatia no mundo real, seja por covardia, seja por incompetência, contentam-se em encontrar na ficção o prazer com o sofrimento alheio.

Esse tipo de título não traz nada de bom para o leitor. Apenas contribui para a doentia apatia frente às mazelas do mundo. É diferente de outros títulos dos quais eu não gostei por questões técnicas ou de desenvolvimento do enredo. Por exemplo, Doragon Kuesuto: Dai no Daibōken. Dragon Quest – A grande aventura de Fly é uma história amável do bem vencendo o mal. Trata do amor, da amizade, do perdão, da superação, da perseverança. Eu não gostei tão somente do desenvolvimento, pelo excessivo uso dos recursos deus ex machina (artifício de enredo) e cliffhangers. Ou seja, minhas divergências são apenas técnicas e não com o teor da obra (muito boa por sinal). Já Death Note é exatamente o contrário: o uso dos recursos de enredo é a chave para fazer a história funcionar, pois o enredo é horrível, partindo de uma premissa impossível e inviável. Os personagens em Death Note são densos, coerentes, podemos nos identificar dentro da história por conta da genialidade como o autor a conta, mesmo partindo de uma idéia estúpida.

Mas Wolf Guy – Ookami no Monshou não tem nada. Não tem arte, não tem enredo, não tem personagens, não tem premissas, não tem desenvolvimento, não tem final feliz. Só tem público… Mas mesmo uma ruma de bosta na estrada também atrai moscas, então… cada qual com seu igual.

Eleições 2022 – parte 7 (Neste ano, Brasília vai pegar fogo…)

Neste ano, prevejo que as eleições serão o caos. Requisitei em minha repartição que minhas férias fossem para o mês de outubro, justamente para evitar ter que estar na UERJ durante a época do sufrágio. Temos dois candidatos à presidência da república: um pinguço ladrão e um frouxo canastrão. Biroliro vencerá no primeiro turno, se não houver fraude. Qualquer pessoa que enxergue e tenha ao menos meio neurônio reconhece que sua popularidade é muito superior à do Molusco.

Eu ficarei quietinho em casa, vendo a briga das torcidas organizadas, turbas ensandecidas com forcados e tochas, torcendo para ainda ter um lugar de trabalho no mês seguinte…

Enquanto isso:
JORNALISTAS ASSUMIRAM PAPEL DE ATIVISTAS POLÍTICOS RADICAIS, DIZ DANIEL PENNA-FIRME | Cara a Tapa
Daniel Penna-Firme conta que jamais abriu mão de seus ideais e por isso paga um alto preço ao seguir por um caminho contrário da maioria dos jornalistas, que já lhe agrediram e até deram cusparadas
Veja a entrevista completa: https://youtu.be/t28k0BXiPGQ
Apresentação: Rica Perrone
Produção: Estúdio Century
Contato: rica@ricaperrone.com.br

E também, como não poderia faltar, meu querido e estimado Duduzinho! Não tem eleição sem o Dudu! “Porque o povo mereeece respeitô!” Esse nunca vai ter o meu voto, mas não tenho como não simpatizar com ele… Você pode chamar o sujeito do que quiser, mas ele é muito (MUITO) inteligente. Tem resposta para tudo, sabe onde pisa e aonde pisar, e é a prova viva de que se meter em política é um vício: pode passar o que for, eles não largam o osso.

Cara a Tapa – Eduardo Cunha | Cara a tapa
Um dos políticos mais polêmicos do Brasil, Eduardo Cunha não fugiu de assuntos polêmicos como corrupção, impeachment, Sergio Moro e Lava a Jato. Não dá pra perder esse Cara a Tapa.
Apresentação: Rica Perrone
Produção: Estúdio Century
Contato: rica@ricaperrone.com.br

Minicarros

Meus gostos são diferentes dos da maioria das pessoas. Tenho interesse por aquilo que é inusitado e incomum. Esses nichos estão espalhados por todo tipo de assunto, não há um tema especial sobre o qual me debruço obcecadamente. Não se trata de querer ser diferente, apenas tenho curiosidade sobre o que me chama atenção.

Recordo-me de quando divergi de uma professora de História na UERJ. Ela insistiu (veementemente) que eu deveria (obrigação) escolher uma especialização, um assunto bastante específico para pesquisar e trabalhar na Academia (o que é verdade). Logo me desinteressei de trabalhar na Academia, pois o mundo é grande, pujante e plural demais para que eu restrinja minha vida a uma coisa só.

Em lugar de ter muito conhecimento sobre uma coisa só, prefiro saber um pouco sobre todas as coisas que eu puder.

Com carros não é diferente. Não ligo muito para os carros de passeio, eles não me interessam nem me chamam a atenção, mas veículos incomuns me atraem. Eu gosto dos esportes a motor. Não gosto muito de Fórmula1, mas as demais me interessam, especialmente as corridas de resistência (endurance), como o ícone máximo dos esportes motorizados, As 24 Horas de Le Mans. Também gosto bastante das corridas de carros de passeio (stock cars), tendo como maior representante a NASCAR. Certamente esse gosto deve vir de minha infância, onde os videogames que jogava eram todos com esse tipo de carro!

Eu sou uma pessoa bastante pragmática. Tenho interesse na funcionalidade das coisas, não em seu apelo estético. Acredito que um carro deva cumprir seu papel como ferramenta e, se o cumpre, me é suficiente. Por exemplo, gosto de ver as novidades tecnológicas e de conforto nos carros de luxo, embora eu jamais pagaria seu preço mesmo se tivesse dinheiro para isso. Por que pagar R$ 500.000,00 num carro se outro de R$ 50.000,00 me levará ao mesmo lugar? Por que pagar mais caro num carro que chega a 800 Km/h em meio segundo se no engarrafamento da cidade é mais rápido ir a pé?

Eu gosto de ver aquilo que é diferente: Gurgel, Lada, Fusca, DKW, FNM e por aí vai. Porsche, Cadillac, Rolls Royce, Bentley. Caminhões, furgões e os rulotes, sobre os quais já escrevi. Mas dentre todos os tipos, nada é tão fofinho e bonitinho quanto os minicarros!

Um pouco de história.

Com o final das Grandes Guerras, a economia global estava arrasada. Houve muito empenho na indústria bélica, muita tecnologia foi desenvolvida, mas nada disso conseguiria retomar o equilíbrio econômico em curto prazo. As pessoas precisavam se deslocar, precisavam de veículos automotivos, mas os modelos de carros de 1930 e 1940 eram caros para ser produzidos, e o mercado consumidor não tinha dinheiro para comprar aquelas unidades.

Assim, nas seguintes décadas de 1950, 1960 e 1970, surgiram como solução de comutação diária os minicarros. Pequenos veículos de um ou dois lugares, de baixo custo de fabricação e manutenção. Uma forma rápida e eficiente de revitalizar a indústria quaternária.

Diversos modelos apareceram e com eles a comunidade de entusiastas. Até hoje, clubes ao redor da América do Norte e Europa mantêm os veículos remanescentes, permitindo que grupos de pessoas com esse interesse em comum se encontrem e façam novos amigos.

Para mim, dentre os modelos que conheço, o mais carismático é o Messerschmitt. A Messerschmitt foi uma fabricante de aviões militares alemã, produzindo centenas de unidades para a Luftwaffe. Com o fim da guerra e a proibição de fabricação de aviões militares, ela se reinventou como produtora de minicarros. Sua resposta foi a de aproveitar a construção de um avião, tirar as asas e pô-lo na estrada! O resultado é um cativante triciclo com motor de duas válvulas, no formato de um aviãozinho, para deslizar pela estrada.

O apaixonante carrinho tem uma comunidade fiel há décadas. Até aqui no Brasil tem uma empresa na Região Sul que produz réplicas dele. (São feitos manualmente, como os Bugres daqui do Rio de Janeiro). E para a surpresa de todos, o Messerschmitt recentemente voltou à produção oficial. Um entusiasta conseguiu os direitos de marca e está fabricando na garagem de sua casa novos modelos do carrinho.

Para saber mais sobre minicarros e essa entusiasmada comunidade, veja os vídeos abaixo.

Microcars in Scotland|MyClassicCarTV

Fun, Funky, & Rare Micro Cars! World’s Smallest Vintage Cars! | Jim Waltz

Huge collection of tiny cars|CNN

Old Top Gear 1992 – Messerschmitt Bubble Cars|celticmadliam

Messerschmitt “bubble” car rally|mrsheenv8s

Messerschmitt Kabinenroller Treffen Remagen 2011|Rollermobil

Messerschmitt KR200: Quirky Bubble Car Reborn Electric!
| DW REV – Cars & Mobility

Ferrorama! (2) Grandes projetos ferroviários do passado e do futuro.

Veja mais: Ferrorama! Documentários sobre a história das locomotivas. 

O primeiro vídeo mostra um projeto antigo (e hoje obsoleto) de gigantes e luxuosos trens de passageiros. O segundo trata dos futuros e rapidíssimos trens de levitação magnética e explica seu funcionamento.

The Insane Giant Nazi Railway – The Breitspurbahn | Found And Explained

O trem mais rápido já construído | A física completa disso | Lesics português

Postagem número 1000.

Hora de fazer algumas recapitulações.

Sempre tive vontade de ter meu próprio espaço na internet. Um lugar que fosse meu, que não dependesse da boa vontade de provedores. Mas ter meu próprio servidor, com redundâncias e conexão com IP fixo é muito caro para um passatempo. Em lugar de reinventar a roda, acabar na bancarrota, mas ainda ter meu website, optei por baixar a cabeça, dizer amém e ter minha página num dos serviços já existentes.

Meu primeiro espaço foi no extinto Geocities, na época em que o Yahoo! ainda prestava para alguma coisa, donde saí nos idos tempos de 2008. Com internet discada e o próprio Yahoo! como provedor, num ínfimo espaço para a página, lá estava eu todo prosa em meu espacinho.

Com o Yahoo! me irritando e degradando seus serviços ao longo do tempo, optei por migrar para o Blogger em 31/08/2009, seguindo o fim do Geocities. E fui lidando com a plataforma, os mandos e desmandos do Google, razoavelmente satisfeito por ter um lugar mais adequado para postar mensagens motivacionais.

Já para 2011 eu tinha de tudo na rede. Multiply (extinto), Orkut (extinto), Blogspot (na época meu weblog tinha o nome Mensagem do dia), Twitter, Facebook. Tudo menos visualizações. |:^/

E, em maio de 2014, o Yahoo! conseguiu me enraivecer mais do que nunca. Um aborrecimento em cima de outro. O serviço de correio-eletrônico estava tão ruim, que mudei oficialmente para o Hotmail e até experimentei contratar meu próprio servidor de e-mail. Detestando o serviço do Google, chutei o balde. Fiz tudo: registrei domínio (noctuam.com/.net/.com.br) pelo IG, contratei o Hostnet, aprendi html. Isso mesmo, aprendi programação html para fazer minha própria página eu mesmo! (eis meu nível de descontentamento)

O serviço de e-mail do Hostnet conseguiu ser pior ainda… Funcionou por apenas um (1) dia de 2014. Obviamente cancelei o contrato na mesma semana. Mas não foi uma experiência de toda inútil. Ao menos tive o website escrito por mim mesmo no ar por um mês, tinha adquirido um nome de domínio próprio e considerável conhecimento.

Não me recordo muito bem, mas lembro que estava insatisfeito com o Blogger (Google de um modo geral) e migrei para o WordPress, com a primeira postagem aqui em 14/04/2014 (Mensagem nº 206). Passado certo tempo, Tiago Caridade me incentivou a começar a escrever meu próprio conteúdo, em lugar de me limitar somente a enviar mensagens motivacionais.

Fui surpreendido com parcos visitantes <post 500> e comecei a dar mais atenção ao conteúdo publicado. Passei a compartilhar o material que uso ao longo dos anos para estudar. Em 11/09/2016 troquei a ”marca” noctuam para meu nome e assim ficou. Uma celebração à minha formação como professor. Minha página então se tornou um repositório para estudantes de docência, pessoas que buscam informações sobre autismo, quem precisa de informações sobre depressão, quem pesquisa sobre halterofilismo e também quem cai de pára-quedas por aqui. rsrsrs |:^p)

É um trabalho singelo. Fico satisfeito em saber que posso estar contribuindo com alguma coisa, mesmo que pouca. Sim, fico chateado porque os meus textos mesmo praticamente ninguém lê (alguns realmente nunca foram lidos). Mas quem sabe se no futuro eu passo a ser conhecido pelas minhas idéias em lugar de minhas excentricidades?

O número de visitantes aumenta e diminui conforme os semestres letivos das faculdades. Com isso posso ver que esta página está sendo usada como repositório, tal como eu queria. Importante notar também que uma parcela das visitas são minhas próprias, pois o WordPress tem dificuldade para contabilizar visualizações.
O número de visualizações não é muito certo, então eu dou mais valor ao número de visitantes.
Fora os quase 3.000 cometários SPAM que recebi, de vendedores de viagra até uma herança que eu tenho para pegar num país africano, não tenho muita interação com os leitores.
Compartilho o conteúdo deste repositório com tudo o que vejo pela frente. Também tenho Tumblr, Twitter, Facebook e LinkedIn.

A Verdadeira História de BOLSONARO | Documentário COMPLETO – Partes I e II

Ainda estou esperando esse presidente frouxo peitar o STF e soltar os presos políticos. Afinal, ele jurou defender a Constituição, não é?

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Mundo Polarizado | Olimpio Araujo Junior

É tudo boato, mesmo quando não é.