Desenvolvimento da aula à distância – Parte 3

A educação à distância pode ocorrer de diversas formas. Por televisão, rádio, correios (sendo o Instituto Universal Brasileiro o mais antigo ainda em funcionamento) ou atualmente via internet. Nesta, com fins de facilitar a interação entre mestres e alunos, são criados os chamados Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA’s), plataformas fechadas ou abertas nas quais docentes e discentes podem interagir entre si, viabilizando o processo de ensino-aprendizagem e padronizando as ferramentas educacionais.

Essa padronização é importante na constituição dos cursos. Além de ”dar rosto” aos mesmos (padronização de elementos visuais e interativos), facilita a organização do trabalho tanto por parte dos produtores de conteúdo quando dos estudantes que irão acessar esse conteúdo com mais facilidade.

Existem várias plataformas disponíveis no mercado, sendo as principais:

  • Blackboard: uma das plataformas de aprendizagem online mais conhecidas do mundo, é utilizada por muitas universidades e empresas. É usado tanto para gerenciamento quanto para os cursos em si. Como ferramentas, o Blackboard oferece fóruns de discussão, salas de bate-papo, testes e pesquisas, blogs, wikis, entre outros. O Blackboard também pode ser integrado a outros sistemas e plataformas.

A empresa responsável pela comercialiação do Blackboard no Brasil é a Anthology: https://www.anthology.com/pt-br/produtos/ensinando-e-aprendendo/eficacia-da-aprendizagem/blackboard-learn

  • Canvas: uma plataforma em nuvem que oferece recursos para ensino à distância e presencial, além de ferramentas de colaboração e comunicação. Foi projetada para que professores e alunos trabalhem colaborativamente. Professores podem organizar o curso em módulos seqüenciais; podem ser formados grupos de estudo entre os alunos; e há suporte a videoconferências integrado ao ambiente. O Canvas é uma plataforma de código aberto, o que significa que os usuários podem contribuir para o desenvolvimento do software e criar seus próprios plugins e extensões.

A empresa criadora e responsável pela comercialização do Canvas é a Instructure: https://www.instructure.com/pt-br/canvas

  • Google Classroom: uma plataforma de ensino-aprendizagem online desenvolvida pela Google, que permite criação de aulas, compartilhamento de conteúdo e comunicação entre professores e alunos. O principal atrativo do Google Classroom é a sua integração com os outros serviços da empresa, como o Google Drive e Google Docs. A plataforma é gratuita e pode ser acessada a partir de qualquer dispositivo com conexão à internet. A principal desvantagem é a obrigatoriedade de ter uma conta Google, mesmo enquanto aluno (exceto nos casos em que a instituição de ensino lhe fornecer login para o acesso).

A empresa responsável pelas instruções de implantação é a própria Google: https://edu.google.com/intl/ALL_br/get-started/setup-products/

  • Schoology: uma plataforma de gerenciamento de aprendizagem baseada em nuvem que permite a criação de cursos, atribuição de tarefas e avaliações online. O Schoology é uma plataforma amplamente utilizada em escolas e universidades nos Estados Unidos e em outros países. Uma de suas principais características é sua capacidade de integração com o Google Drive, o Office 365 e o Turnitin.

A empresa responsável pela comercialização do Schoology é a Power School: https://www.powerschool.com/product-demo/product-demo-schoology-learning/

Para conhecer o Turnitin acesse: https://www.turnitin.com/pt

  • Moodle: Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment é uma plataforma de gestão de aprendizagem virtual de código aberto e gratuita, criada em 2002 pelo educador Martin Dougiamas. É uma plataforma altamente personalizável, adaptável às necessidades de cada curso e de cada instituição, desde o ensino primário até o universitário. Possui ferramentas para criar e compartilhar conteúdo síncrono ou assíncrono, desde testes até videoconferências. Uma das principais vantagens do Moodle é sua comunidade de desenvolvedores e usuários em todo o mundo.

Para conhecer mais sobre o Moodle, acesse: https://moodle.org/?lang=pt_br

  • TelEduc: Finalizando esta lista, não podemos deixar de fora o sistema genuinamente brasileiro TelEduc.

TelEduc é um ambiente para realização de cursos a distância através da Internet. Está sendo desenvolvido no Nied (Núcleo de Informática Aplicada a Educação) sob a orientação da Profa. Dra. Heloísa Vieira da Rocha do Instituto de Computação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a partir de uma metodologia de formação de professores construída com base na análise das várias experiências presenciais realizadas pelos profissionais do núcleo.

O ambiente é parte integrante da dissertação de mestrado “Formação a Distância de Recursos Humanos para Informática Educativa” de autoria de Alessandra de Dutra e Cerceau.

Nied, como uma de suas linhas de pesquisa, tem realizado diversos cursos a distância através do TelEduc desde 1998, acompanhando progressivamente o desenvolvimento do ambiente.

Este projeto contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Atualmente está sendo apoiado pela Organização dos Estados Americanos – OEA.

Fonte: http://teleduc4.multimeios.ufc.br/pagina_inicial/teleduc.php

Desenvolvimento da aula à distância – Parte 2

(texto com foco em alunos adultos)

Fonte das imagens: https://web.facebook.com/EduProof1/

1 – Gerenciamento de tempo

Uma vez preparado o conteúdo e com os alunos devidamente instruídos sobre como ocorrerá a disciplina, é interessante relembrá-los de que a única diferença entre o curso presencial e o curso à distância é a sincronicidade entre os participantes. Num curso presencial, praticamente tudo é síncrono: professores e alunos se reúnem fisicamente no mesmo ambiente, as aulas ocorrem, os trabalhos são feitos mais ou menos nos mesmos microciclos (semanas ou dias) etc. Num curso à distância, a maioria das atividades tende a ser assíncrona, ou seja, cada um faz conforme seu próprio cronograma.

Para quem tem dificuldades em gerenciamento do tempo (como eu |:^/ ) essa flexibilidade de horário acaba sendo um revés em lugar de ser algo bom. Seja chato e enfadonho com isso: repita tantas vezes quantas puder aos alunos para não deixarem acumular conteúdo. De uma semana para outra e para outra, o curso se torna uma grande bola de neve. E se antes o aluno se via com disponibilidade de horário, passa a se ver numa corrida contra os prazos. (eu tenho pesadelos com isso – literalmente…)

2 – Comunicação escrita

O uso extensivo de recursos audiovisuais e tecnológicos não é exclusivo de cursos à distância. O uso desses recursos, porém, não deve desestimular o trabalho escrito. O desenvolvimento da escrita em ambiente acadêmico é imprescindível para o bom desenvolvimento profissional em tal ambiente. Meu trabalho em docência é vinculado ao drástico problema brasileiro do analfabetismo funcional em nível superior (aproximadamente 80% dos pós-doutores no Brasil são analfabetos funcionais).

Uma das principais vantagens num sistema de aprendizado à distância é exatamente a possibilidade de escrever e desenvolver a capacidade de se comunicar por texto. A constituição de um fórum no qual tanto alunos quanto professores possam escrever é uma excelente ferramenta para troca de informações baseadas em tópicos, bem como um ambiente para treinar a escrita formal. A troca de correspondência eletrônica também o é, mas em segundo plano, pois e-mails não são agregadores propriamente: são uma ferramenta de correspondência formal entre apenas poucos correspondentes, imprópria para discussão entre vários participantes.

A barreira virtual criada entre a tela e o interlocutor facilita em muito a comunicação de pessoas introvertidas. Muitas vezes, pessoas tímidas conseguem se expressar com clareza e desenvoltura à distância, o que seria impensável se elas precisassem apresentar algum trabalho na frente da classe. Há pessoas que não gostam de se expor, o que deve ser respeitado. O ambiente à distância permite que elas consigam trabalhar individualmente sob suas próprias condições, de forma segura.

Estimule a comunicação por escrito com seus alunos. É uma forma de avaliar continuamente tanto a participação quanto os possíveis problemas de aprendizagem que venham a apresentar. Possui natureza assíncrona, o que permite ao aluno pensar sobre suas próprias idéias antes de responder, sem a possível pressão de uma comunicação em tempo real.

3 – O problema do plágio

Eu tenho aversão à Academia. A própria existência do termo ”autoplágio” me causa espécie 1 . Porém inquestionavelmente concordo com a necessidade de defesa da paternidade da obra, de dar a cada um o reconhecimento de autoria. Sendo eu mesmo autor, permito que tudo o que escrevo seja usado livremente, desde que me citem como fonte. Faço o mesmo neste website: tudo o que não for minha autoria tem suas fontes citadas.

Essa é uma regra que precisa ser aferida com bastante cautela em cursos à distância. Normalmente feitos pelo computador, a facilidade de ”copiar e colar” textos é tentadora para alunos que não compreendem a importância do direito autoral. Há ferramentas para a detecção do plágio, mas considero ser mais importante ensinar aos alunos os motivos pelos quais é uma atitude errada, por que  seu combate é parte integrante da ética acadêmica. Essa é a primeira diretriz do CNPq: “O autor deve sempre dar crédito a todas as fontes que fundamentam diretamente seu trabalho.“.

A forma mais simples de combater o problema são os meus três C’s: “cite as fontes, cite a si mesmo, cite tudo”. Sempre que escrever qualquer coisa diga de onde tirou a informação. Se for sua, diga que é sua. Assim ninguém vai poder reclamar depois. É importante indicar aos alunos que pretendem seguir pelo caminho acadêmico ver as diretrizes completas do CNPq, que nortearão seu trabalho de produção no ensino superior. Pode vê-las aqui: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/composicao/comissao-de-integridade/diretrizes


  1. “O autoplágio se configura como sendo a publicação de uma pesquisa já publicada como algo novo e original. Do ponto de vista dos direitos do autor, não parece ser um crime, mas do ponto de vista da integridade acadêmica é considerado antiético ou má conduta.”(https://www2.ufjf.br/mestradoedumat/discentes/plagio-e-autoplagio/

Desenvolvimento da aula à distância – Parte 1

(texto com foco em alunos adultos)

Quando nos deparamos com alunos que nunca tiveram contato ou experiências com aulas à distância, precisamos tão breve quanto possível explicar-lhes as diferenças entre o estudo presencial e o estudo à distância. A principal recomendação que faço é a de que nós mesmos, enquanto docentes, também tenhamos experienciado cursos à distância, pois assim poderemos passar nossas experiências pessoais para eles. É necessário darmos aos nossos alunos informações claras e precisas sobre como a disciplina ocorrerá, o horário correto das aulas e de encontros síncronos (caso existam), quais materiais serão usados, como será feita a avaliação, enfim, todas as informações pertinentes de modo que possam criar expectativas realistas sobre como serão os trabalhos e assim possam preparar-se para o curso.

Lembre-se de que nossos alunos muitas vezes não têm como hábito o ensino à distância e estão mais acostumados com o professor ”puxando pela mão”. Há pessoas mais disciplinadas, outra menos; mais independentes, outras menos etc. Assim como nas aulas presenciais, nem todos os alunos conseguem acompanhar o ritmo da turma. Num ambiente à distância, isso ainda é pior, pois os alunos não necessariamente têm ciência de como está o progresso dos demais. Além disso, cada pessoa é um aprendiz diferente, com necessidades diferentes:

Fonte: https://www.home-school.com/news/discover-your-learning-style.php

Cursos à distância são baseados em heutagogia, aprendizado no qual o próprio aluno é responsável pelo seu desenvolvimento. Nós como professores servimos como repositórios vivos de informações, devendo estar à disposição para responder às dúvidas dos alunos pelos meios ofertados no curso (quando for o caso). Cabe a nós prover a maior quantidade de meios possível para que diferentes tipos de alunos possam aproveitar a mesma classe. Precisamos extrair o melhor das ferramentas audiovisuais que os atuais meios de comunicação nos provêem.

Também é preciso que o aluno seja instruído sobre como poderá melhor gerenciarar sua própria formação. É importante que ele seja ensinado a identificar seus próprios hábitos de aprendizagem. Uma forma simples é responder a um questionário auto-avaliativo. Desse modo, o próprio aluno pode perceber quais pontos precisa trabalhar para melhor aproveitar um curso à distância. Procure apresentar os questionários auto-avaliativos separadamente da ”resposta”. Sempre há quem procure marcar esta ou aquela pontuação com fins de chegar a certo objetivo (auto-engano/auto-sabotagem). O objetivo do questionário é servir como ferramenta auxiliar de autocompreensão, não como uma ”prova de ser um bom aluno”.

Exemplo de teste:  Teste de Estudar online

Resultado: Dicas a partir do ”Teste de Estudar online”