Vou contar uma história para vocês, para que entendam em que ponto a Ciência brasileira se insere nessa crise. Ao personagem, dou o nome de Carinha. Obviamente, é uma história generalista, que jamais pode ser aplicada a todos, mas pelo menos a uma enorme parcela dos acadêmicos. Você verá muitos amigos seus na pele do Carinha. Talvez, você mesmo.
1 – No começo dos anos 2000, principalmente a partir de 2005, novas universidades começam a surgir e o número de vagas, inclusive nas já existentes, aumentam vertiginosamente. A estrutura também melhora e as taxas de evasão de cursos de Ciência básica (Física, Química, Biologia e Matemática, por exemplo) caem. O Carinha, então, ingressa em um desses cursos.
2 – O Carinha que entrou em 2005 e se formou em 2009 passou o período da faculdade desconhecendo o mercado de trabalho do seu curso fora do meio acadêmico. Ao seu lado, muitos colegas que passaram quatro anos sem saber nem o que estavam fazendo. Para o Carinha, não havia outra solução a não ser lecionar em escolas ou tentar o Mestrado, que oferecia bolsa de pesquisa de R$ 1.100,00. Mas, para isso, teria que passar por uma difícil e concorrida seleção. Até que, com o aumento do número de programas e bolsas de pós-graduação, ele viu então que aquilo não era tão difícil assim. Em 2010, torna-se mestrando.
3 – Enquanto seu amigo engenheiro civil****, recém-formado, já está dando entrada para comprar um carro, o Carinha usa sua bolsa para pagar seus pequenos gastos pessoais, além de sua pesquisa sem financiamento externo
(****PS. Permitam-me uma edição aqui. Fui infeliz quando exemplifiquei o colega como um engenheiro civil, pois o mercado para esse profissional atualmente também encontra-se em crise. Tente imaginar qualquer profissão facilmente absorvida pelo mercado de trabalho privado e o texto continuará com o mesmo objetivo).
Em dois anos, o Carinha tenta produzir alguns artigos para enriquecer o currículo. Tem planos para publicar cinco, mas publica um, em revista de qualis baixo. Em paralelo, entra num forte estresse para entregar sua dissertação e passar pelo forte crivo da banca, que pode reprová-lo. Será? Na semana de sua defesa, seu colega também é aprovado, mas com um projeto medíocre e mal conduzido, que, apesar de criticado, foi encaminhado pela banca porque reprovações não são interessantes para a avaliação de conceito do Programa. Normas do MEC.
4 – Já mestre, publica mais um artigo e entra no Doutorado, em 2012. Foi mais difícil que o Mestrado, porém mais fácil do que teria sido anos atrás, por conta do bom número de bolsas disponível. Boa parte daqueles colegas medianos desiste da vida acadêmica, mas aquele dito cujo sem perfil de cientista de alto nível também é aprovado. Afinal, ter bolsas desocupadas não é interessante, porque senão o Programa é obrigado a devolvê-las. Normas do MEC.
5 – Sua bolsa de R$ 2.500,00 já ajuda um pouco sua condição financeira, enquanto aquele colega engenheiro conta sobre sua primeira casa própria. Além disso, o amigo já contribui com o INSS, tem seguro desemprego, 13º salário, plano de saúde, cartão alimentação, entre outros benefícios. O Carinha não, tem só a bolsa e um abraço. Normas do MEC. Mas, tudo bem, é um investimento em longo prazo. Logo menos, ele tentará um concurso para ser professor universitário, com iniciais de cerca de R$9.000,00. Ele se esforça, publica artigos, dá aulas, redige a Tese, defende e é aprovado. O colega mediano faz um terço disso, mas também alcança o título.
6 – Eis que, em 2016, Doutor Carinha se depara com uma grave crise financeira. Cortes profundos no orçamento, principalmente no Ministério da Educação, tornam escassas as vagas como docente. Concursos em cidades remotas do interior, antes com dois, cinco concorrentes no máximo, contam hoje com 30, 50, 80.A solução então é caminhar urgentemente para um Pós-Doutorado, com bolsa de R$ 4.100,00, metade do que ganha seu amigo engenheiro, mas ok, dá um caldo bom, ainda que continue sem direitos trabalhistas. Pouco tempo atrás, as bolsas sobravam e os convites eram feitos pelo próprio professor. Hoje, ele enfrenta uma seleção com 30. Ele passa, o outro colega já fica pelo caminho, assim como centenas espalhados pelo país. O que eles estão fazendo agora?
O resumo da história é… Temos um exército de graduados analfabetos funcionais e de mestres que não merecem o título. Em um pelotão menor, mas ainda numeroso, doutores cujo diploma só serve para enfeitar a parede. Bilhões de reais gastos para investir e manter um grupo cujo retorno científico é pífio para o país. Entretanto, esse não é o pior cenário.
Alarmante é ver um outro exército de Carinhas, esse qualificado, com boas produções, só que desempregado e enfrentando a maior dificuldade financeira de suas vidas. Alguns há anos em bolsas de Pós-Doutorado, sem saberem se essas podem ser cortadas no ano seguinte. Se forem, nenhum mísero centavo de seguro desemprego. Na rua, ponto. Outros abandonando por vez a carreira para tentar os já escassos concursos públicos em outras áreas ou mesmo para fazer doces caseiros, entre outras alternativas.
Ao passo que o Governo acertou na criação de novas universidades, programas e bolsas de pós-graduação nesses últimos 14 anos, a gestão desse material humano e financeiro foi bastante descontrolada. Quantidade exacerbada de cursos criados sem demanda profissional, falta de política de cargos e carreiras para o cientista brasileiro, recursos transportados para um programa de intercâmbio que não exigia praticamente nenhum produto de um aluno de graduação (sobre Ciência Sem Fronteiras, teremos um post exclusivo), critérios de avaliação bem distantes da realidade das melhores universidades do mundo, além de uma série de outros absurdos.
Teremos cerca de dez anos pela frente para que essa curva entre oportunidades e demanda volte a estabilizar. Não tenho dúvidas de que alcançaremos isso. Mas, até lá, cabe a pergunta. O que faremos com os novos Carinhas que ainda surgem a cada vestibular?
Não é de hoje que reclamo da estupidez galopante do povo brasileiro. Um povo mais afeito às fofocas do que às notícias, tem maior interesse em futilidades do que na substância da vida. Já reclamei que tudo no Brasil parece ser empurrado com a barriga (em todos os sentidos da expressão vulgar). Tanto no trabalho particular quanto na vida política, os problemas vão sendo postergados como bombas-relógio até que explodam (preferencialmente nas mãos de outrem). Também não é de hoje que, por aqui, confesso minha sensação de alienação, de não pertencimento. Os amigos próximos sempre falam que eu tenho uma capacidade intelectual acima da média. De fato, sempre senti facilidade para tratar de assuntos que, para muitos, são complexos ou ”difíceis”. Nunca pensei muito sobre isso, sempre aceitei a idéia de que sou realmente mais inteligente do que os outros. Atribuí a isso minha solidão filosófica.
Já adulto e com internet, passei a procurar por mim mesmo assuntos que me interessavam. Porém (como tantas vezes já reclamei) não encontrei material instrucional significativo em português. Conteúdo esparso, sem profundidade, sem fidedignidade, e até incorreto. Entretanto com facilidade encontro tudo o que quero em inglês. O mais surpreendente é o conteúdo vir de pessoas comuns. Não são doutores, não são grandes pesquisadores, são pessoas absolutamente comuns que por passatempo se interessam, como eu, por esses assuntos. E isso sempre me causou consternação. Por que é tão fácil obter conteúdo bom lá fora e aqui dentro é tudo tão difícil?
Então, em minhas andanças, descobri a resposta: o Brasil é um país de gente imbecil. Literalmente. Estupefato fiquei ao descobrir que não sou eu quem é inteligente: as pessoas é que são idiotas. E essa não é uma forma incorreta de usar o termo ”idiotia”, pois a população brasileira (em média) está abaixo do que é considerado retardamento mental no primeiro mundo. Inverso à ”Chave do tamanho” de Monteiro Lobato, percebi-me engrandescendo quando na verdade era o mundo diminuindo ao meu redor. Não à toa, as roupas próprias à gente pequena não cabem em mim… Descobri que sou uma pessoa normal jogada num país de gente estúpida.
A seguir, segue texto de Gustavo Bertoche. Eu discordo de alguns pontos, como minimizar a catástrofe de Paulo Freire na educação brasileira, mas ele alinha-se a temas que eu defendo já há algum tempo, como a necessidade de modificar o sistema do vestibular, reavaliar o prestígio do diploma (que hoje em dia não é mais do que um papel) portado por um “exército de doutores desempregados” e promover a alfabetização acadêmica. A falta de cultura e a falta de senso críticoestão corroendo a mente das pessoas. Em terra de tolos, quem tem um neurônio é filósofo. |:^c
E a cada dia as pessoas desta terra ficam ainda mais estúpidas.
QI, educação e literatura
Gustavo Bertoche – É preciso lançar pontes. 15/05/2020
O QI médio em praticamente todos os países do mundo cresceu muito nos últimos 100 anos.
Na Alemanha e nos EUA, o crescimento do QI médio foi de mais de 30 pontos. No Quênia e na Argentina, foi de cerca de 25 pontos. Na Estônia e no Sudão, foi cerca de 12 pontos.
No Brasil aconteceu justamente o contrário. A queda do QI foi de quase 10 pontos nos últimos 100 anos. Talvez esse emburrecimento generalizado seja único na história da humanidade. O nosso QI médio é de 87, o que nos coloca, na média, no limite da deficiência intelectual.
Esse fenômeno bizarro tem tudo a ver com o nosso modelo de (des)educação escolar. Nada a ver com Paulo Freire, amigos. A coisa vem de muito antes. Em 1915, Lima Barreto revelava a cultura das aparências no Brasil: ao saber que Policarpo Quaresma possuía uma biblioteca particular, o doutor Segadas pergunta para que tantos livros, se não era nem formado. Não lhe ocorre que Policarpo tenha livros porque os leia: para o doutor, uma biblioteca não passa de um adorno ao diploma. É assim há mais de cem anos: no Brasil, quase sempre os livros servem não para ampliar o nosso mundo interior, mas como sinal exterior de status.
Em 1951, o prêmio Nobel de física Richard Feynman aceitou o convite para lecionar, no Rio de Janeiro, para uma turma de pós-graduação. Em 05 de maio de 1952, no fim da sua experiência docente no Rio, Feynman fez uma conferência que, quase setenta anos depois, ainda repercute fundo na ciência brasileira. Nessa conferência, expôs o nosso sistema educacional: ele descreveu um sistema em que os alunos não aprendem nada senão a decorar textos e fórmulas, e não imaginam o que fazer depois com isso. Feynman diz na sua autobiografia que aparentemente havia no Rio de Janeiro uma Universidade, com uma lista de cursos, com descrições desses cursos; mas que essa aparência não passava de uma ilusão, e que surpreendentemente no Brasil não existia, de fato, nem Universidade, nem ciência.
Paulo Freire – que a direita, sem o ler, adotou como o novo vilão da educação nacional – publicou a sua “Pedagogia do Oprimido” em 1968: cinqüenta e três anos após “Triste fim de Policarpo Quaresma” e dezesseis anos depois do diagnóstico demolidor de Feyman. Se Paulo Freire é o responsável pela situação deplorável da educação e da inteligência brasileira, então estamos diante de um extraordinário caso de efeito anterior à própria causa.
O fato é que a educação brasileira é muito ruim há pelo menos cem anos, amigos.
E a educação brasileira tem sido muito ruim porque nunca houve, em nosso país, um projeto de educação. Jamais – jamais! – os nossos governantes e gestores do primeiro escalão se perguntaram por que educar. Nunca se puseram a questão: “quem nós queremos que as nossas crianças sejam aos dezoito anos? como queremos que elas compreendam o mundo? o que queremos que elas saibam, o que queremos que elas saibam fazer?”.
O resultado é que o nosso currículo escolar é uma colcha de retalhos sem nenhum propósito, um currículo que macaqueia desastradamente os currículos de outros países.
Daí vem uma surreal conseqüência: a única meta de todo o ensino básico se torna o vestibular, um vestibular com um programa duas vezes absurdo – absurdo por sua extensão alucinada e absurdo por sua desconexão com a vida do espírito e da sociedade.
O nosso modelo de ingresso no ensino superior – que consiste em provas que abrangem uma quantidade sobre-humana de conhecimentos – não mede nada além da capacidade de concentração, memorização e repetição. Não por acaso, os professores mais reputados nos cursinhos preparatórios são justamente os especialistas em mnemotécnica: são aqueles que criam os poemas mais picantes para se decorar a Tabela Periódica, que inventam as melhores melodias para se guardar várias fórmulas de física e que adestram os alunos com esquemas pré-fabricados de redação para qualquer tema.
Neste nosso modelo, o bom candidato ao ensino superior se torna profundo conhecedor… de métodos de realizar provas. E, por não ter compreendido realmente nada, no dia seguinte ao vestibular se esquece de tudo o que passou dez anos estudando.
Surge daí a tradição – identificada, com assombro, por Feynman – do “estudar para a prova”, das musiquinhas de decoreba, dos cursinhos preparatórios: saber os macetes para tirar boas notas nas avaliações importa mais do que verdadeiramente saber aquilo que se estuda. A nossa escola nada ensina – a não ser a tirar boas notas. O nosso currículo oculto é o da valorização dos diplomas – e o da desvalorização do conhecimento.
Ora, amigos, Platão já sustentava, há vinte e cinco séculos, a impossibilidade da existência de uma sociedade sã sem um sistema educacional saudável. O nosso sistema educacional, com um currículo inacreditavelmente extenso, mas absolutamente sem propósito, é justamente o oposto disso. Como querer que o Brasil seja um país com bons cidadãos, se o nosso currículo oculto parece ter sido elaborado com a finalidade de formar indivíduos frívolos, vaidosos e ignorantes?
Isso explica uma característica das cidades brasileiras contemporâneas: a enorme quantidade de academias de ginástica, fenômeno sem par no mundo, e a ínfima quantidade de livrarias.
Um povo que coloca a preocupação com a “barriga tanquinho” em primeiro lugar na sua vida revela, com isso, qual é o seu horizonte existencial e que marca pretende deixar na História.
Amigos, o Brasil é o país com maior número de cirurgias estéticas per capita no mundo inteiro. Os EUA fizeram cerca de 300 mil cirurgias plásticas a mais do que as 1.224.300 realizadas no Brasil em 2017, mas têm uma população 60% maior do que a brasileira.
Por outro lado, povo brasileiro está entre aqueles com menor quantidade de livrarias per capita em todo o planeta. São Paulo, sozinha, tem o dobro da quantidade de automóveis da Argentina inteira. Mas Buenos Aires, sozinha, tem o dobro da quantidade de livrarias de São Paulo.
O brasileiro acha muito caro pagar cinqüenta reais por um livro, mas faz dívidas astronômicas para comprar um automóvel. Isso ilustra o nosso problema civilizacional: somos o país da pose inculta. Somos o exemplo acabado da síndrome socrática de Dunning-Kruger: tão abissalmente ignorantes que não sabemos nem que somos o povo mais ignorante do mundo.
A conseqüência disso é evidente. Nestes anos, tenho ouvido e lido profissionais liberais, magistrados, jornalistas e – pasmem – professores universitários com uma nítida dificuldade de descrever as suas intuições e percepções, ou com uma evidente incapacidade de efetuar as operações lógicas mais simples num debate.
É fácil atestar essa decadência: basta visitar uma livraria – se você encontrar alguma, é claro – e buscar um romance de qualquer escritor brasileiro contemporâneo. Raríssimos serão os livros que não apresentarão uma vulgaridade estrutural, sintática, vocabular desoladora.
Ou seja: ter recebido a educação escolar e universitária no Brasil nas últimas décadas é praticamente uma condenação à impotência discursiva.
E o que a literatura de um povo tem a ver com o QI? Tudo, amigos, tudo.
É por meio da linguagem que nós pensamos o mundo. Por meio da estrutura sintática da língua intuímos a estrutura lógica do Cosmos. Sartre está certo quando nos diz que “nosso pensamento não vale mais do que a nossa linguagem e deve-se julgá-lo pela forma com que a utiliza”. Se não lemos boa literatura, falamos e escrevemos mal; se falamos e escrevemos mal, pensamos mal; se pensamos mal, saímo-nos mal nos testes de QI. Para tornarmo-nos mais inteligentes, é preciso desenvolver uma faculdade comunicativa que vá além dos grunhidos mais ou menos elaborados com os quais expressamos os desejos, as sensações e as opiniões imediatas.
Geralmente, é na escola que tomamos contato, pela primeira vez, com a estruturação formal da nossa língua – não somente por meio das aulas de Gramática, mas, principalmente, por meio dos contos, romances e poemas que somos obrigados a ler.
E o que somos obrigados a ler, amigos?
Na escola, em meio a alguns tesouros da língua portuguesa, como Pe. Vieira, Machado, Euclydes, Lima Barreto e Guimarães Rosa, somos forçados a encarar também obras de qualidade menor, como as de um Joaquim Manuel de Macedo (“A moreninha”), de um José de Alencar (“O guarani”), de um Raul Pompéia (“O ateneu”), de um Aluísio Azevedo (“O cortiço”).
Entre uns e outros, uma ausência salta aos olhos: a ausência da grande literatura mundial.
Amigos, eu acho inconcebível que os alunos brasileiros não leiam Cervantes na escola. Que não leiam Shakespeare. Que não recebam livros de Dostoiévski, de Hemingway, de Borges. Que, ao lado dos necessários poemas de Pessoa, de Bandeira, de Cecília Meireles, de Drummmond, não leiam também Blake, Whitman, García Lorca, Neruda.
Como podemos ombrear com os outros povos do mundo se não conhecemos o fundo cultural no qual os debates civilizacionais são travados? Amigos, as trocas civilizacionais profundas não se dão no plano da conversa do taxista de aeroporto, não se dão em termos de cantores da moda e jogadores de futebol.
A não ser que deliberadamente queiramos nos posicionar como a nação do QI médio 87, a nação dos bobos-felizes.
O nosso sistema educacional é, na verdade, um sistema inteiramente deseducacional. Ele não aumenta a nossa inteligência: ele a reduz.
Se o nosso sistema educacional continuar centrado na prova, não haverá saída para a nossa civilização: acabaremos por desaparecer não por conseqüência de uma invasão estrangeira ou de uma guerra civil, mas por pura inaptidão para a existência.
Para salvarmos a civilização brasileira, precisamos salvar a escola. E a escola somente será salva se ela passar a fazer o que nunca fez: se ela passar a educar. Se ela, em primeiro lugar, começar a ensinar a pensar, o que somente é possível se ela começar a ensinar a ler, a escrever e a falar.
Finalmente, amigos, para ler, para escrever, para falar bem – isto é: para pensar bem -, só há um caminho: o caminho da boa literatura e da prática da escrita e do debate. Justamente o que mais falta nas nossas escolas, tão ocupadas com todo o resto.
Em continuação à minha postagem anterior, O erro da política de cotas, segue vídeo em que Thomas Sowell evidencia os problemas pertinentes às chamadas ”políticas de ações afirmativas”. Conceito importado do estrangeiro, aplica-se no Brasil a idéia de que é necessário baixar os requisitos mínimos necessários para o ingresso na carreira acadêmica ou na carreira de trabalho. Por algum motivo que ainda não entendi, os defensores dessa idéia consideram que diferenciar pessoas segundo a cor de suas peles não é racismo.
Ofertar vantagens a grupos selecionados sob pretexto de ”reparação histórica” ou qualquer outro motivo não tem ajudado em nada os grupos a que se supõe beneficiar. Pelo contrário, em todos os lugares em que é aplicada, há a diminuição dos índices de proficiência dos acadêmicos e trabalhadores formados, e rejeição do mercado de trabalho (empregadores) para a contratação de pessoas formadas dentro desse contexto. Veja mais em meu artigo A falácia sobre a Educação, em: Edições Independentes.
Ações afirmativas são um movimento com fundo político, não social. Visam a manipulação da percepção da população sobre sua realidade histórica e socioeconômica, deturpando valores, padrões e parâmetros; criam artificialmente segregação, selecionando segundo interesses escusos e estratégicos grupos de pessoas que podem ser manipuladas politicamente; depreciam a formação resultante, conseqüentemente formando (meramente licenciando ou diplomando) profissionais/acadêmicos inabilitados para o exercício da práxis em seus ofícios; e o mais temerário: tendem a capturar ideologicamente os beneficiários dessas ações, cooptando-os à doutrina neo-marxista pós-moderna gramsciana.
How Affirmative Action Creates Dangerous Double Standards | Thomas Sowell | Sowell Explains
Affirmative Action is held as a practice to help minority students reach equal life outcomes as their non-minority counterparts. It does so by lowering the admission standards and accepting a pool of candidates who otherwise wouldn’t have qualified for that seat, in order to maintain a ‘diverse’ student body.
This double standard can lead to unseen and dangerous outcomes that are often ignored in the pursuit of social justice. Thomas Sowell explores this topic in this video and discusses how the costs of this double standard can lead to more harm than good.
This is an excerpt from the book ‘The Thomas Sowell Reader’.
Affirmative Action: Who does it really help? | Thomas Sowell | Sowell Explains
Affirmative Action has been a long-standing policy in most universities and government departments. It is carried out under the unquestioned assumption of ‘Diversity’ being our greatest strength.
Thomas Sowell discusses how it affects various minority groups at each other’s expense, and how it may be producing the opposite results that it was intended to produce.
This is an excerpt from the book ‘The Thomas Sowell Reader’
Os atuais problemas da educação brasileira não surgiram há pouco. São fruto de décadas de degradação, conseqüência funesta de uma faceta do plano neomarxista pós-moderno gramsciano de controle social.
Conforme discorri amplamente em meus textos “A falácia sobre a Educação” e “Discussão e debate no país dos analfabetos“, o Analfabetismo funcional, a Militância ideológica e a Falsa produtividade acadêmica são tanto sintomas da decadência intelectual brasileira, quanto resultado de um projeto pedagógico fracassado.
Faz-me espécie que Paulo Freire, já mencionado no artigo reproduzido aqui como o patrono do fracasso educacional brasileiro, seja tão admirado por quem não estudou seguindo seu método, que mereça ser defendido judicialmente, ao ponto de ser proibido ao governo Federal ”atentar contra sua dignidade”.
Geraldine [juíza] também afirma que, apesar da liberdade de manifestação do pensamento, há um limite para emitir opiniões. “Quando há abuso de direito pela expressão que ameace a dignidade, tem-se violação capaz de liquidar a finalidade da garantia constitucional, desfigurando-a”.
Ó raios, mas quem é que define qual é o limite para emitir opiniões? Mais uma vez torna-se claro que a forma mais fácil de saber quem quer mandar em você é saber quem não se pode criticar.
Trago ao debate, portanto, argumentos (consoantes a meus textos acima e outros desta página) que vejo serem úteis para a reflexão da situação da educação brasileira.
OS PROFESSORES DE HOJE SÃO ALUNOS NOTA 4.5 | FERNANDO CONRADO | Brasil Paralelo
As universidades brasileiras são as piores do mundo? | Brasil Paralelo
COMO A ESQUERDA ALICIA SEU FILHO | Pastor Rodrigo Mocellin
Universidades brasileiras ficam fora das 100 melhores | Record News
Em tempo:
LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
I – a reprodução:
a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos;
Em casa de ferreiro o espeto é de pau. Fiquei de fazer a revisão gramatical de meu primeiro artigo independente: ”A falácia sobre a educação”. E desde 2017 estava para fazê-la. Publiquei um monte de coisas depois, fiz até revisão de doutoramento. E cadê a revisão do meu artigo???
Com todo o atraso do mundo (que me é natural) eis aí:
Em 07 de março de 2018, tomei um táxi na porta da UERJ para vir para casa. Estava conversando com o taxista André Luiz Ferreira sobre o texto. Após explicar minha posição, ele me perguntou: “E quando a educação não vem de casa?”. Ou seja, e quando não há condições de os pais educarem seus filhos?
Temos hoje jovens que, como diria certo amigo professor (omiti seu nome para não prejudicá-lo), carecem até mesmo das mais rudimentares noções de civilidade. E os pais por vezes são ainda piores!
Seguindo a argumentação de meu artigo, advém a pergunta: ”Caberia ao Estado educar as crianças quando seus pais não podem ou até mesmo não querem educá-las?”.
Finalmente, após tantos anos, tenho a resposta: sim. O Estado pode sim interferir na educação e na proteção da criança, mesmo contra a vontade de seus pais. A função do Estado é proteger os direitos e as liberdades do indivíduo, não de um ou outro grupo social, incluindo a própria família.
Se o comportamento familiar é prejudicial, nocivo ou perigoso à criança, o Estado pode e deve sim interferir contra a vontade dos pais. Nisto se fundamenta a defesa da criança contra o aborto, a violência doméstica, o abuso sexual, a mutilação religiosa e qualquer outro fato que fira sua integridade, bem como lhe retire o livre-arbítrio, a livre escolha, o direito de decidir sobre si, seu corpo e sua própria vida.
Como a criança e o jovem ainda estão com suas personalidades em formação, precisam de tutela, pois não têm maturidade para decidir muitas coisas sozinhos. Cabe ao Estado, se necessário, impedir que haja abusos por parte da família dela, quando de ações contrárias à moral e aos bons costumes. Bem como cabe ao Estado suprir a educação das noções básicas de civilidade e respeito, qualidades bem quistas na formação de seus cidadãos.
Esta postagem é uma promoção de meu último texto!
Nesta terceira parte, levanto hipóteses sobre os motivos que levam alguém a defender a esquerda no Brasil.