Esta é Alice. Ela tem 86 anos e vem treinando comigo há 3 meses. Nós começamos com uma barra de 6 Kg e anilhas de 4 Kg, mas quando começamos nós colocamos o peso sobre múltiplos blocos para que ela não se dobrasse ao alcançá-lo. Nós gradualmente diminuímos o tamanho dos blocos e hoje o peso já está ao chão. Hoje ela treinou com 18 Kg por múltiplas séries de 5. Ela é muito legal.
Você é sedentário? Está fora de forma? Está sem motivação para treinar?
Assim como eu, é um arremedo do que foi um dia?
Desde que eu era criança, nunca gostei de nenhum esporte coletivo. Associado ao fato de ter sido muito gordo, pode-se inferir que minha vida desportiva não era das melhores.
Pequenino, ganhei uma bicicleta. Não lembro se era ”Caloi” (entendedores entenderão), mas era uma bicicleta. Sendo uma criança gorda, o selim sempre me machucou muito, muito mesmo, e não conseguia usá-la direito. Nunca aprendi, sempre dependendo de rodinhas. E era, pois, motivo de chacota das outras crianças, tanto por ser gordo, quanto por usar rodinhas. Além de sentir muita dor e assar (ferir) o traseiro, também tive o desprazer de ter o pescoço cortado por linha de pipa com cerol. Estava andando na rua ao lado da rua da vovó, a mesma em que um cachorro me mordeu atrás do joelho, finalmente aprendendo a me equilibrar na pesada bicicletinha azul, quando a linha cortante me freou pelo gogó. Acidente sem complicações maiores (felizmente), foi a última vez que me aventurei a sentir dor naquela coisa.
E claro, desde aquele dia, também detesto pipas com cerol ou não.
Certa vez dois moleques montados em bicicletas roubaram meu boné. Eu já era um pouco maior. Na hora de retomar o boné, acabei cortando meu braço na bicicleta de um deles. Sangrou um pouco, mas nada grave. Outro motivo para eu não gostar de bicicletas.
Gordo, nanico e asmático, meus pais decidiram que eu deveria ir para a piscina. Só que não tínhamos piscina para nado, então eu deveria entrar num clube. A natação me faria emagrecer, dizem que resolve asma e eu ”conviveria com outras crianças”. Faltou combinar com a água nojenta do clube da Telerj. E com a touca: minha mãe resolveu que eu tinha que cobrir minhas orelhas com a touca de mergulho e até hoje lembro aquilo apertando minhas orelhas.
E, desde aquele dia, também detesto qualquer coisa que se aproxime dos meus ouvidos.
Envergonhado por minha aparência, compleição física e por não saber nadar, enfrentei essas coisas e lá fui me atirar na água. Engoli água pelo nariz e fiquei muito assustado. Não lembro se chorei, mas tendo sido uma criança muito chorosa, devo ter aberto o maior berreiro (mesmo já sendo ”maiorzinho”). Eu dizia que a água não ”dava pé”, e realmente eu não conseguia ficar em pé com o rosto emerso. Mesmo com a pranchinha-bóia (que ainda está guardada no armário), não consegui seguir a turma. Assustado com a água e mais uma vez motivo de chacota das outras crianças (que eram menores e sabiam nadar), desisti no segundo dia.
Até hoje não sei nadar e por isso tenho medo de chegar perto de piscina ou do mar.
Continuei engordando tal como um porquinho roliço até a época de adolescente na escola. E desenvolvi ginecomastia. É uma condição de fundo hormonal em que o homem desenvolve glândulas mamárias e tecido adiposo, tal como uma moça. Meu busto tinha uns 110cm, vestia calças número 56 e usava suspensórios por baixo da camisa, pois nenhum cinto mais as segurava.
Jogar bola com os outros garotos sempre foi um fiasco, pois não gosto desses esportes, não sou uma pessoa competitiva e nunca tive fôlego para brincar. Minha asma era muito forte e mal conseguia fazer alguma atividade física sem entrar em crise. Também tenho a pele muito sensível (qualquer coisa me machuca) e as colisões são uma tortura. Por exemplo, após um único jogo de vôlei de 10 minutos, fiquei com os braços completamente roxos, com a aparência de como se tivessem quebrado. Levou uma semana para os hematomas passarem.
O prof. de Educação Física Júlio foi o primeiro que me deu algum apoio para eu tentar emagrecer. Prof. Risovaldo também dizia que eu precisava ao menos caminhar ou correr, então assim comecei fazendo caminhadas durante as aulas de Educação Física (que parei de cabular para ir jogar fliperama na esquina). Caminhei, caminhei, mas ainda não era o que eu queria, ou o que eu precisava. Eu sentia uma vontade muito grande de fazer algo para ficar mais forte¹, mas não sabia o quê. Eu queria fazer alguma coisa, treinar algo, mas não conhecia nada. E já que não era o que eu queria, então eu não fazia nada. O prof. Júlio me vendeu a preço irrisório um remo seco para treinar em casa, que usei bastante. Foi esse remo seco que instilou em mim a primeira semente dos treinos de força. Ela haveria de ficar inerte por um tempo, pois outro fato haveria de ocorrer.
¹ Quando jovem eu sempre admirei artes marciais e queria ter praticado, mas meus pais achavam que seria ruim para mim e acabei não tendo essa experiência (só fui tê-la já adulto). Mas eram os anos ’90 e chegava ao Brasil, pelo 1406, TAE BO! ”Braços fortes, pernas definidas, abdômen marcado, flexibilidade nos movimentos: Tae Bo infundirá em você a mais poderosa energia que você já sentiu!” (sim, eu ainda recordo o comercial…)
Por livre e espontânea pressão fui ”convidado” a fazer a tal cirurgia de ginecomastia, e precisava emagrecer. O tratamento feito pelo SUS não estava sendo ”eficiente” o suficiente: emagrecia saudavelmente, mas não rápido. Por conta própria, associando o TAE BO (que já praticava) a uma semi-anorexia, se é que tal coisa existe, perdi 30 kg em 3 meses. Quase não comia e treinava como um doido todo dia, ao ponto de evacuar nas calças (quase um Crossfitter). O tratamento para emagrecer foi iniciado na Santa Casa do Rio de Janeiro, que a época ainda era antro de desvio de recursos públicos por administradores corruptos. Não havendo muita segurança, a cirurgia acabou acontecendo em clínica particular.
Ao deixar de ser centenário e chegar aos 74 kg, estava pronto para ser operado. Os eventos da cirurgia não foram bons para mim, não são boas recordações. Além de ter sentido muita dor no pós-operatório e a parte estética ter ficado insatisfatória, questões familiares sopesaram o evento. Mas é inegável o benefício em minha saúde após ter me recuperado da cirurgia e estar bem magro.
Foi nesse período que a semente do bicho do ferro começou a germinar. Iniciada minha primeira faculdade, sem um tostão furado e desempregado, usei tanto quanto pude o velho remo seco, associado a tantas bicicletas ergométricas e TAE BO. Foi aí que nasceu a vontade de ter um espaço só meu com equipamento próprio para treinar do meu jeito. E ficava fantasiando sobre como poderia organizar um espaço que, até então, nunca tive.
Daí veio meu primeiro emprego. Eba! E com ele voltou o sedentarismo… Eca…
Tantas e tantas tentativas de ter alguma atividade física sempre foram frustradas. Nunca tive tempo, ou organização, ou disposição para fazer qualquer coisa. Comecei a engordar de novo, enquanto colecionava aparelhos de ginástica Polishop que ficavam pegando poeira ou servindo de cabide de roupas… Nessa época, já com alguns tostões furados, comprei o que um novato inexperiente e ignorante compra quando quer fazer ginástica em casa, um famigerado aparelho ”peck deck”. Passamos por despejos, mudanças, problemas de saúde, mudança de emprego, mais despejos, mais mudanças, mais problemas de saúde.
Interessante notar que até esse ponto da minha vida eu ainda não sabia bem o que eu queria, ou o que seria bom para mim. Eu ficava pulando de tipo em tipo, de aeróbica para ginástica, de remo seco para caminhada, mas sempre insatisfeito.
E finalmente chegamos a 2014! Descubro que dentro da UERJ há uma academia de musculação pertencente à Faculdade de Educação Física, que fica disponível para ser usada por servidores e alunos da UNATI. Resolvo experimentar. E aquela sementinha do bicho do ferro floresce. Fico completamente apaixonado pelo esporte de musculação. Acabou sendo aquilo que eu sempre procurei, desde a época do prof. Júlio, mas não conhecia. E tão breve conheci a musculação, o esporte do halterofilismo me adotou. Finalmente havia encontrado meu lugar.
Nisso também temos uma grade ironia: meu avô trabalhou carregando peso uma vida inteira, assim como seus antepassados, e sempre disse que eu deveria estudar bastante para nunca ter de trabalhar levantando peso. E qual é o esporte que eu escolhi? Qual é a atividade que eu tanto tento (como veremos a seguir) fazer?
Tento, pois com essa paixão também veio o Pica-Pau. A vida é um Pica-Pau [<< clique para entender] e toda vez que suas engrenagens começam a aquecer, ela precisa ”fazer uns ajustes”.
Eu chamo de Pica-Pau o diabinho que me atravanca o progresso desportivo. O safado sempre aparece com algum empecilho para me fazer voltar à fase de planejamento.
Tem academia disponível em seu lugar de trabalho? Que tal se ela fechar em dias aleatórios e você nunca saber quando vai abrir? Ou você ficar doente toda hora?
Um dos fundamentos da musculação é a consistência. Sem isso, não há progresso. Desejoso de mais ganhos, optei por procurar outro lugar para treinar.
Tem uma segunda academia disponível em seu lugar de trabalho? Que tal se ela for paga (dentro de uma instituição pública) e o equipamento for podre?
Esta foi só visitação. Se eu tiver de pagar (o que achei errado), que seja por algo adequado às minhas necessidades.
Tem uma academia bem pertinho de sua casa. Que tal se o transporte público for tão ruim que você chega exausto e não consegue treinar?
Eu moro na contramão do serviço e a condução é inadequada. Além de acumular muitas faltas (falhando no objetivo de consistência) não estava fazendo o que queria. Precisava encontrar um lugar para treinar halterofilismo. Só que as parcas academias especializadas ficam em áreas para as quais o transporte é ruim para mim.
Pouco importava! Precisava encontrar alguém que me treinasse! Após bastante garimpar, encontrei o prof. Jorge Califrer. Tive minha primeira experiência no esporte na ”caverna”, lá no bairro de Botafogo, e gostei.
Tem uma academia de halterofilismo? Que tal se você não conseguir pagar o transporte até lá? (Só de transporte são R$ 1.000,00 por mês!)
— Garoto, você leva jeito. Eu te treino de graça.
— Meus horários e o transporte não fecham. Meu salário não comporta o valor do transporte…
Já desanimado, poucos meses depois, para minha surpresa, ele abre uma turma de levantamento de peso no Maracanã! (sem relação comigo, foi coincidência mesmo) Para encontrar novos alunos, ele resolveu tentar abrir uma turma na Zona Norte, alugando um horário num Box de CrossFit.
O professor abrir uma turma próximo a você é uma chance em um zilhão. Que tal se o dono da CrossFit for um bosta, maltratar o professor e este ter que ir embora?
Foi um vexame. E fiquei sem treinador… Mas não vou desistir do esporte, Pica-Pau miserável! Se não tenho quem me treine, EU ME TREINO! Vou aprender por conta própria esse negócio! Nesta maldita cidade decadente, precisei encontrar um Box de CrossFit que me deixasse usar o equipamento, porém sem fazer parte dos insanos WOD’s rabdomiolíticos. Catei, catei e achei um lugar que me aceitasse no Méier. Ali fui batendo cabeça (às vezes literalmente), me corrigindo, me gravando em vídeo, testando, experimentando, evoluindo razoavelmente bem para um completo amador.
Agora cai doente aí.
Nessa época peguei uma Dengue que me derrubou feio… Além disso, era chegado o tempo de retomar os estudos e fazer minha pós. Só que o valor da mensalidade do CrossFit era o valor da faculdade. Juntando a impossibilidade de treinar com os estudos à frente, optei pela pós, adiando um pouco a retomada do esporte
Tem condições de voltar ao esporte? Que tal se agora a Crossfit mudar de dono e não te aceitar mais?
Mamãe e eu então fizemos uma pesquisa de campo, indo a várias e várias academias pelo Rio de Janeiro, conhecemos Marcello Hoof (campeão CONBRAFA), passeamos por vários bairros, mas não encontramos nenhuma academia ou Box de Crossfit que pudesse me adotar e fosse alcançável pela condução pública. Em Saes Peña, fica em frente a uma cracolândia; o bairro do Grajaú é uma ilha dentro da cidade; Barra da Tijuca nem fomos; no Méier não tinha. Só quem mora no Rio de Janeiro e depende de ônibus sabe como é.
E volta o cão arrependido para a academia de bairro, aquela de parágrafos anteriores. Nessa época, eu já havia me tornado vegetariano. Como muitos ex-carnistas, engordei. Não estava tão gordo como antes, mas fiquei fofinho. Retornando, consegui perder um pouco de peso. Mas eu estava insatisfeito com algumas coisas e optei por mudar de academia. Experimentar outros ares, ver outras opções. Tentei outra academia próxima, mas também não deu certo lá, não me senti bem. Também tive vários problemas pessoais e desisti de lá também.
Continuei afofando e estufando desde então… Mesmo voltando a colecionar aparelhos Polishop em casa, não consegui estabelecer a consistência de um bom treino tal como eu queria. Neste momento o nobre leitor pode usar minhas palavras contra mim: “E já que não era o que eu queria, então eu não fazia nada.”. Não exatamente assim. Pois todas as vezes que retomei os exercícios, alguma coisa aconteceu que me impediu de continuar. Ou eu ficar doente, ou minha mãe ficar doente, ou ter de resolver problemas, ou ter de estudar pós etc. Não foi mais falta de motivação, pois agora eu já sabia o que queria.
Após sair da segunda academia, acabei ganhando muito peso, chegando a 120 kg. No início de 2019 procurei endocrinologia/nutricionista e até meados daquele ano consegui perder 25 kg. Após perder esse peso, recomecei a fazer remo seco (quando dava), voltando às origens e me preparando para voltar ao esporte.
Passou dos trinta? Aqui está sua hérnia de disco!
Passei o ano de 2020 praticamente acamado. Perto do final daquele ano, mais uma vez, por recomendação médica o cão arrependido voltou para a tal academia de bairro. Naquele momento senti que talvez o levantamento de peso não fosse mais viável para mim. Afinal, com essa contínua dor nas costas, arranco e arremesso não estão mais nos meus planos. Qualquer movimento brusco hoje me trava. Esta semana mesma tive uma crise de coluna horrível. É uma dor incapacitante, não consigo fazer nada além de me medicar, deitar e esperar a dor passar. Com tantas crises de dor nas costas, acabei faltando mais do que comparecendo, abandonando enfim (pela terceira vez) a pobre academia.
Mas para que contar tantas desventuras? Qual meu objetivo com todo esse palavrório? A resposta está no vídeo que segue.
Tal como a saga para me formar, a saga para mudar de emprego, a saga para publicar meu primeiro livro, a saga para comprar casa própria, a compra desse equipamento também foi uma saga. Relatarei no futuro. Por hora, quero deixar a quem por aqui passar que, por mais contratempos que você tenha, por mais desventuras por que passe, uma hora sua vez chegará. Demora sim, demora muito mais do que a gente gostaria, mas uma hora vem.
Se você também passa por dificuldades, contratempos, empecilhos e parece que o universo conspira contra, (no esporte ou em outra área de sua vida), saiba que não está sozinho nessa. Considere isso um teste de resiliência, ou de teimosia mesmo. Por dificuldades todos passamos, nossas obrigações vêm antes das nossas vontades. Acabamos deixando para depois. Mas se insistir bastante, uma hora você também alcançará seu objetivo. Nunca é tarde para começar outra etapa da sua vida.
Todos passamos por dificuldades, alguns mais, outros menos. Mas não há data limite para começar, recomeçar, tentar ainda mais uma vez. Você pode mudar de emprego aos 35. Viajar o mundo aos 45. Casar-se aos 60.
Só quem tem a vida resolvida aos 30 anos é a sua lombar.
Atualizado em 06/07/2020: adicionado vídeo do Youtube ao final.
E a vida sedentária segue. Após escolher fazer pós’ em lugar de recordes, ter tido importantes questões de saúde, emagrecido 25Kg e engordado quase tudo de novo, decidi que este ano voltaria ao esporte de qualquer maneira. Faltou combinar com a Peste Chinesa e com minha coluna.
Em fevereiro, dei com o dedinho do pé na quina do banheiro. Manquei por uns dias. No trabalho, pediram para eu carregar peso e mancando fui. Resultado: uma aguda crise na lombar que já dura cinco meses. Minha quarentena forçada começou antes da sua, caro leitor.
Dois meses praticamente deitado. Ressonância, injeções de corticóides, relaxantes musculares, anti-inflamatórios, fisioterapia e mamãe colocando panela de água quente nas minhas costas. Voltei a ficar de pé. Porém estou me sentindo fisicamente muito (muito) fraco. Ao ponto de não conseguir segurar 5Kg. É… voltei à estaca zero. Ou a menos que isso…
Com as academias fechadas, muitas pessoas resolveram fazer exercícios em casa. No mundo todo, a compra de equipamentos desportivos disparou e logo as empresas esvaziaram seus estoques. Já há anos eu pesquiso bastante na internet sobre produtos relacionados ao esporte de halterofilismo. E por tantas e tantas vezes que reclamei nada mudou: infelizmente a informação no Brasil é muito ruim.
A pesquisa de material para halterofilismo foi em muito facilitada pelo advento da empresa CrossFit®, moda que antevejo em breve desaparecer (para o bem da saúde de seus praticantes). Entretanto os preços praticados em nosso mercado estão acima da qualidade do equipamento fornecido.
Desejando o que há de melhor para mim, pesquisei em empresas estrangeiras. Claro! Afinal se eu não desejar o melhor para mim, quem irá? Ao pesquisar o preço dos equipamentos básicos encontrei muita informação, muitas empresas idôneas, muitos equipamentos que nem sabia que existiam! Uma maravilha.
Animado, fui ver como se procedia a importação. E percebi então que o Brasil é mais do que um continente de atravessadores: é uma ilha de burocracia.
Três passos para calcular o custo de importação de mercadorias
Movidos em parte pelo atual cenário econômico brasileiro, muitos têm buscado alternativas ao mercado tradicional. Uma delas é a importação de novos itens ou matérias-primas. Mesmo com o dólar próximo aos R$ 5,00, há quem busque na importação uma resposta à sua necessidade. Entretanto encontram um enorme muro de custos e burocracias para realizar esse tipo de operação.
A grande dúvida que surge nesse cenário é: por que é tão complicado importar?
Empresas de importação praticamente não existem. Importação é uma atividade que a empresa realiza, não um segmento de negócio em si mesmo. Em imensa maioria, as empresas que fazem importação são distribuidoras, isto é, são empresas que compram mercadorias de um local e as levam para outro mais próximo de seu consumidor final.
Existem algumas poucas empresas que possuem em sua atividade-fim a importação. São as chamadas trading companies, empresas especializadas em resolver as burocracias no processo de importação.
No mundo ideal, ser importador deveria ter apenas um pequeno detalhe: o fato de a empresa fornecedora não possuir instalação no Brasil. Entretanto infelizmente estamos no país que ocupa a 124ª posição na classificação mundial de facilidade para se fazer negócios. Importação, como era de se esperar, não seria tão simples no Brasil.
Com tanta burocracia e falta de previsibilidade, a dúvida que mais se escuta de quem quer começar a importar é: qual é o custo para se realizar uma importação?
Abaixo você vai encontrar os três passos para calcular o custo de uma importação.
Passo 1: Custo do Produto (VMLE)
O primeiro passo para se chegar ao valor da mercadoria importada é calcular o VMLE, ou seja, o Valor da Mercadoria no Local de Embarque. Esse passo é relativamente simples, pois é o custo comercial, que depende da negociação entre você e o fornecedor. Basta solicitar uma cotação com seu fornecedor e aplicar a taxa de câmbio atual.
Passo 2: Custo dos Serviços
Para importar você vai precisar contratar uma série de serviços acessórios. Alguns são obrigatórios, outros são extremamente recomendados. Entretanto, ao montar sua planilha de custos de importação, é importante prever todos esses itens. Os mais comuns são:
Frete Internacional
Não basta comprar, você vai precisar trazer a mercadoria para o Brasil. É necessário saber como o vendedor fará o envio da mercadoria e como será feito o pagamento desse serviço.
Seguro de Transporte Internacional
Você não vai querer perder seu investimento caso exista algum problema com o transporte, então é melhor segurar sua carga. O valor do seguro varia entre 0,5% a 2% do valor da carga.
Inspeção no Fornecedor
Serviço indispensável para reduzir riscos com seu fornecedor, consiste em fazer a inspeção da carga no país de origem. Imagine descobrir que caiu numa fraude somente no dia em que sua mercadoria chegar!
Despesas Bancárias
É necessário para realizar o fechamento do câmbio, dedução dos valores dos impostos, entre outros serviços.
Taxas Portuárias
São despesas relacionadas ao manuseio em terminal portuário, a famosa capatazia.
Taxa de Armazenagem
A taxa de armazenagem varia de acordo com o tempo que a mercadoria ficará armazenada no estabelecimento.
Frete Interno 1
Frete para transportar a carga do recinto alfandegado até seu local de armazenagem (se for o caso).
Frete Interno 2
Frete para transportar a carga da armazenagem até você (o destino final).
Despachante Aduaneiro
O despachante aduaneiro é o profissional responsável por intermediar as questões legais, como documentos dos órgãos federais e outros procedimentos, para que as importações transcorram sem dores de cabeça em relação à legislação.
Passo 3: Impostos e outras taxas
As três primeiras coisas que você precisa saber sobre impostos na importação são:
são 4 tributos federais: II, IPI, PIS e COFINS;
um tributo estadual: ICMS;
as alíquotas variam de produto para produto.
Para conhecer as alíquotas dos impostos, você precisará descobrir qual é o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) das mercadorias que irá importar. As mercadorias comercializadas internacionalmente no Brasil são obrigatoriamente classificadas por seu NCM. A Receita Federal disponibiliza um site que ajuda na hora de encontrar a classificação correta da mercadoria.
Com o NCM definido, você poderá calcular os impostos da operação. Existe uma hierarquia na aplicação dos impostos e alíquotas sobre o VMLD (Valor da Mercadoria no Local de Destino). O VMLD é o VMLE + Frete + Seguro.
Sobre esse valor incide o Imposto de Importação (II), o PIS (Programa de Integração Social) e o COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). O valor do Imposto sobre Produto Industrial (IPI) recai sobre o valor do VMLD + II. Já o ICMS, que varia de Estado para Estado, recai sobre o valor do VMLD + II + IPI + PIS + COFINS + Taxa SISCOMEX + AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante).
Simulação dos impostos básicos para importação de uma Barra Olímpica de US$200.00 ao dia 15/06/2020
Além dos impostos, existe outro custo que muitos importadores esquecem: o custo da regulamentação. Se você for importar algum brinquedo, por exemplo, precisará certificar o produto no INMETRO. Quanto custa? Nem o próprio INMETRO disponibiliza essa informação publicamente. Veja o que seu site diz (item 4):
Não é possível determinar exatamente o custo de uma certificação e o tempo para que esse processo seja concluído, de maneira genérica, uma vez que isso varia de produto para produto, de acordo com o nível de complexidade dos ensaios requeridos por uma norma ou regulamento. Além disso, também não é possível determinar o preço da certificação de um produto específico, uma vez que não existe uma tabela que fixe os preços cobrados pelos OCP [Organismo de Certificação do Produto]. Deste modo, cada organismo tem liberdade para estabelecer seus preços de mercado. Por isso, as empresas devem consultar esse valor diretamente junto aos OCP acreditados.
Outro ponto a atentar é quanto ao direito de uso de marca. É possível ter sua carga apreendida por não possuir licença de marca do produto. A dica é pesquisar se seu produto tem necessidade de regulamentação ou licenciamento.
Conclusão
O ato de importar, que deveria ser meramente um detalhe do negócio, acaba se tornando uma nova expertice, necessitando de muito estudo, além de profissionais com conhecimento e experiência no assunto.
Gosto de coisas diferentes, tenho passatempos diferentes da maioria das pessoas. E lamentavelmente tudo é muito caro por conta disso. De programação a belas artes, de artesanato a rulotes, e o halterofilismo. O preço de equipamentos e materiais é alto para o consumidor final, especialmente no varejo.
Por exemplo, é completamente diferente uma loja de marcenaria de um amante de artesanato ou de dioramas. O custo-benefício na compra de uma ferramenta que será usada habitualmente para uma que será usada esporadicamente é enorme. Muitas vezes não vale a pena e o sonho de iniciar algo novo é deixado de lado.
O fato de termos uma bi-campeã Olympia BRASILEIRA que não aparece na mídia BRASILEIRA em lugar algum demonstra a falta de valorização aos esportes de força. Mamãe reclamou: ”mas aparece Pablo Vittar”. Ou seja, chegamos ao ponto que a ”marmanjada” prefere um sujeito com voz de Mickey Mouse fanho a uma garota de bikini. Oh! Quem poderá nos defender?…
Shawn Rhoden marca uma nova era no fisiculturismo. Após derrotar o até então imbatível Phillip “Phil” Jerrod Heath e se tornar o 14º Mr. Olympia, Flexatron (como gosta de ser chamado) aponta um retorno do fisiculturismo desportivo a suas origens. O claro motivo pelo qual ele derrotou Heath foi a proporcionalidade de sua barriga (mid section). Sua forma visivelmente muito mais saudável e proporcional FORA das poses obrigatórias, demonstra o impacto das críticas do público feitas acerca das decisões dos juízes em anos anteriores. Mesmo Arnold Swarza (não decorarei o nome nunca!) já havia criticado o caminho pelo qual os juízes estavam trilhando.
Quando víamos os campeonatos de fisiculturismo antigos, víamos atletas cujos corpos eram invejáveis e o público gostaria de ter um aparência similar. Já os campeonatos modernos passaram a apresentar monstros cada vez mais desproporcionais, afastando o público, sendo alvo de críticas (cabíveis e justas) e inibindo novos atletas. O coroamento de Shawn e o despontamento de jovens como Calum von Moger aponta, talvez, o início de uma nova era se formando.
Shawn Rhoden – Never Give Up On Your Dreams
Este é o último teste da integração entre o Facebook e a minha página. Quem me acompanha no Facebook, sabe que ele bloqueou minha página de postar automaticamente em meu perfil pessoal, permitindo apenas a postagem em página própria.
A falta de integração com o Facebook (atualmente a maior plataforma de divulgação de conteúdo) fez-me pausar a inclusão de mais conteúdo por essas semanas. Após numerosas tentativas e testes, fiz uma página no Facebook com o propósito de replicar as postagens daqui automaticamente.
Atualizado em 31/03/2021: adicionado direcionador para o vídeo.
Para você, que se queixa por qualquer coisa: vá treinar. E ajudar os outros também.
Valentin Dikul usou seu conhecimento sobre o corpo humano para desenvolver um método para ajudar deficientes físicos a recuperar seus movimentos. Seu trabalho é voluntário e visa ajudar os demais. Seu verdadeiro amor é a arte circense, de onde obtém recursos para manter seu centro de reabilitação. Seu método pode ser aprendido e replicado pelo mundo afora, mas parece que poucos se interessaram até o momento.
Abaixo segue cópia do vídeo, caso o Youtube o remova.
O vídeo original desta postagem foi removido do Youtube. Consta como ”indisponível”. Eu considero que essa é uma informação muito importante e deva ser repassada a todos aqueles que porventura tenham sido acometidos por acidentes ou coisas do tipo. Há outras cópias desse vídeo no Youtube, que você pode encontrar facilmente procurando. Para facilitar quem deseja salvá-lo no computador, coloquei atalho para quem quiser baixá-lo:
Para quem não sabe, meu canal no Youtube está parado pois fui obrigado a parar de treinar com levantamento de peso. Mas os vídeos das playlists continuam lá. No dia de hoje acrescentei dois novos vídeos. Edgard, um negão sem pernas que treina as pernas que não tem. E Gus, uma senhorinha de 90 e tantos anos que treina mais do que você.
E aí? Qual é a sua desculpa?
Até a data de hoje, os vídeos excluídos foram:
Uma senhorinha de 78 anos fazendo levantamento terra de 110Kg;
Um rapaz com síndrome de Down fazendo prensa de mais de 180 Kg;
Fisiculturistas femininas profissionais com mais de 60 anos.
E reiniciando minhas postagens em 2018, após o tradicionalmente ruim (muito ruim) final de ano (para mim), começo postando sobre atividade física.
Tive de parar o halterofilismo em meados de 2017 por conta dos estudos. Ou fazia esporte ou pagava os estudos. Vovô dizia que era bom estudar, então dei uma pausa em meus já parcos ganhos (que não foram tantos assim). Como resolução de ano novo, tomei a determinação de retornar ao esporte, mesmo com as dificuldades financeiras. “Afinal, todo mundo tem uma desculpa, normalmente a que mais lhe convém. Mas quem quer de verdade vai lá e dá seu jeito.”
Bom na teoria, mas botar em prática é mais complicado.
O problema dos esportes no Brasil.
Cá no Brasil, há apenas um esporte: futebol. E não adianta me dizer que os outros contam, porque não contam. São praticados e tudo, mas não valem. O motivo? A cultura do futebol é mais forte e o é por ser mais barato. Qualquer par de chinelos vira o gol e uma bola de meia ou papel serve para brincar. Todos os demais esportes exigem equipamentos, seja uma rede para jogar vôlei, ou uma tabela para basquete. Os meninos vêem os pais vibrarem com o futebol na TV e querem fazer igual. Somente os poucos privilegiados a serem introduzidos a outros esportes podem vislumbrar algo diferente de futebol. Ou se na própria família houver algum aficionado. “Os meninos vêem os pais vibrarem com… e querem fazer igual”.
“O Brasil é o país do futebol e o futebol só dá certo porque não é ensinado na escola”.
Li numa pichação uma vez… Donde partimos para o segundo ponto sobre o qual gostaria de escrever.
O problema do halterofilismo no Brasil.
Já escrevi em meu artigo “Um resumo sobre musculação” praticamente todo o básico, mas quero recapitular algumas coisas aqui também. A musculação surge como o primeiro esporte propriamente dito. Diferentemente de outras atividades que foram posteriormente adaptadas à prática recreativa (como correr, saltar, usar arco e flecha etc.), a musculação já surge como prática específica para a melhora do desempenho e condicionamento das pessoas. Afinal, não havia (e ainda não há) qualquer outra utilidade em pegar um objeto pesado, levantar e abaixar, levantar e abaixar e contar um-dois, um-dois.
|:^)
O halterofilismo como esporte moderno surge derivado dos antigos espetáculos de força, normalmente praticados em circos ou feiras. Com o tempo, os campeonatos de levantamento de peso foram se transformando no que vemos hoje. Já o levantamento básico surge como esporte mais recentemente, nos EUA na década de 1960, como cisão do levantamento de peso clássico.
História tendo sido dita, cheguei ao argumento principal: EUA 1960. Lá eles têm a cultura dos esportes. Aqui não. Lá se pratica de tudo. Aqui não. Lá eles têm facilidades com materiais. Aqui não.
A primeira questão, antes de tudo, é a falta de informação. Se você procurar sobre futebol há compêndios intermináveis sobre tudo o possível e imaginável (por vezes o inimaginável) sobre o troço. Tente fazer o mesmo sobre jai-alai ou lacrosse! Ora, vivemos num país de analfabetos funcionais (tema sobre o qual discursei em meu TCC de Docência), que mal e precariamente sabem falar o português. A língua escrita é algo abominável. Na rede, leio coisas absurdas, muitas vezes em grandes veículos de comunicação.
Resultado 1: a informação em português é muito escassa e de má qualidade. Há pouca confiabilidade nos materiais produzidos e divulgados em sítios brasileiros. Coloquei uma lista confiável no artigo citado anteriormente. Mas como podem ver, trata-se muito mais de hipertrofia e fisiculturismo. Em nosso país, a estética é mais valorizada que a saúde. Numa sociedade que vive de aparências, é claro que os artigos se resumirão a bundas e barrigas-tanquinho.
Resultado 2: é necessário ser fluente em inglês. Todo o conteúdo (confiável) que encontrei sobre o esporte é internacional. Em especial os vídeos no Youtube. O Youtube brasileiro é um lixo, salvo raras exceções. Ao menos para mim é impossível assisti-lo por mais de dois minutos… Já em inglês a informação é abundante, detalhada e confiável.
A segunda questão é a facilidade de acesso ao esporte em si. Como disse, é tudo muito caro. Comparativamente com a realidade dos EUA, berço do esporte, aqui é um absurdo. TUDO É MUITO CARO.
a) COMPRAR O EQUIPAMENTO: E me deparei com os preços exorbitantes praticados. Mesmo com o advento do Crossfit, o que barateou consideravelmente os preços dos equipamentos, ainda assim um equipamento de qualidade é caríssimo.
PAÍS
BRA
USA
SALÁRIO MÍNIMO:
R$ 957,00
US$ 1.160,00
BARRA ÓTIMA:
R$ 6.500,00
US$ 750,00
BARRA +/-:
R$ 2.500,00
US$ 350,00
BARRA CHINFRIM:
R$ 850,00
US$ 50,00
E já que moro em apartamento, não iria dar mesmo…
Donde veio a idéia de fazer meu próprio equipamento. O que não faltam são vídeos instrucionais “faça-você-mesmo”. Em inglês, claro.
b) FAZER O EQUIPAMENTO: E me deparei com os preços exorbitantes das ferramentas. E me dei conta de que por lá tudo é mais barato, logo, as ferramentas também. E não só as ferramentas. O material também. Já tentou encontrar ferragens para fazer suas próprias coisas? Ou madeira para fazer seus próprios móveis? Você não acha em lugar algum, só com fornecedores para comércio, que lhe vendem por um preço aleatório, não fazem entrega (você que vá buscar) e te olham de cara feia.
Já nos states…
O cachorro é a melhor parte!
E, óbvio, não me dei por vencido. Afinal, eu decidi e está decidido!
c) CATAR ONDE CARGAS D’ÁGUA TEM O RAIO DO EQUIPAMENTO!: E me deparei (novamente) com a inexistência de locais próximos onde moro. Não quanto à falta de academias, pelo contrário. Na rua principal perto de onde moro, há quatro (isso mesmo, QUATRO) academias. Fora as duas do outro lado… Não faltam academias, mas lhes falta o equipamento especializado para o esporte…
Há locais de treinamento no Rio de Janeiro? SIM. E dos bons! Copacabana, Botafogo, Barra da Tijuca… Você suburbano da Zona Norte que se lasque. A mais próxima para mim fica na Praça Saens Peña. Dois ônibus para ir, dois para voltar e almoçar antes de ir trabalhar. Ou ir para lá de noite e enfrentar a cracolândia bem em frente ao local…
Concluo, portanto, que procurar o esporte já é um esporte que cansa tanto quanto, ou mais…
E ganharei medalha por isso…