Todos os ateus são pessoas más?

Atualizado em 16/10/2024.

1ª Parte

— Você acredita em Deus?
— O que você quer dizer com isso?
— Como assim?
— Em nossa sociedade, essa pergunta pode assumir três contextos:
saber se fulano acredita na existência de divindades;
saber se fulano acredita na existência de um deus único criador;
ou saber se fulano é cristão.

E, se partindo dessa simples pergunta, a maioria esmagadora de interlocutores não entende a multiplicidade de interpretações, como esperar que possam debater racionalmente um tema tão subjetivo? Embora tenha interesse pessoal em Filosofia da Religião, minha formação se deu em Filosofia Política e Militar. Nunca tive a oportunidade de discutir religião de forma saudável e construtiva. Optei, então, por estudar por conta própria e jamais discutir o assunto. Vamos à minha história.

— Quero saber se você é cristão?
— Não, não sou…
— Então você é ateu e todo ateu é uma pessoa ruim.

Não me recordo exatamente como se deu, mas desde que eu era bem pequeno eu tinha uma certa repulsa quanto à religiosidade cristã. Criado em família católica e estudante de colégios católicos, sempre achava as missas algo muito estranho: rituais que eu não entendia, palavras que eu não conhecia, e uma artificialidade que eu sentia (muito bem). O ambiente me desagradava, a sensação era ruim. Aquele lugar e aquelas coisas não pareciam estar certos para mim.

Eu fazia perguntas que ninguém sabia me responder. Como é esse Deus? Por que tanta cerimônia? Por que tanto medo? Eu via as pessoas rezando, pedindo coisas e com medo de serem punidas. Nada daquilo fazia sentido para mim. Mas me diziam que a gente ia para o céu depois que morremos. ”— E porque a gente não morre logo?“. Sorrisos amarelos e nenhuma resposta.

Eu nunca acreditei verdadeiramente naquelas coisas, mas seguia os rituais e rezava de vez em quando. Devia ter Tinha por volta de 6 ou 7 anos, não mais do que isso. (mamãe confirmou!) Tínhamos uma cadelinha, a Lilica, que havia se acidentado há pouco. Lembro claramente do episódio do acidente, mas não me recordo do relato a seguir. Minha mãe disse que nessa época eu perguntei para o padre se as almas dos cachorros também vão para o céu e ele teria me respondido que os cachorros não têm alma.

Nesse dia eu repudiei completamente a Igreja Católica e o Cristianismo de forma geral. Aos sete seis anos (? mamãe confirmou!), declarei-me ateu. Minha família demorou a entender. Nem meus avós, nem meus tios, nem minha mãe reagiram bem. Meu pai não se importou muito. Quando eu recusei fazer a primeira comunhão foi um escândalo familiar. Por anos tive de enfrentar a pressão familiar e somente por pura teimosia consegui me manter firme. “— Eu não acredito nessas coisas. Por que eu tenho que mentir só para agradar vocês?“.

— O fantasma de São Francisco de Paula vai bater em você.
— Isso não é coisa de católico.
— Não estou muito católico hoje. (quando estava doente)
— Você tem que respeitar a Virgem Maria.
— Deus está vendo tudo isso.

O desapontamento de minha avó mais as insinuações de meus tios alimentaram minha repulsa contra o Cristianismo. Meus primos paternos diziam que eu não era ateu, mas ”à toa”. Do lado materno, não ser católico era sinônimo de ser ruim. E na escola era exatamente igual: nunca sofri intolerância, mas incompreensão. Os colegas achavam estranho, mas não discutiam muito. Os professores nada de mais falavam: ética profissional. Mas os pais dos alunos que por vezes eu encontrava eram bastante incisivos. Em suma, eu era o pária que mais se destacava. O ”do contra”. Faziam perguntas para mim, questionando meu ateísmo, para as quais eu ficava sem respostas. Isso me levou a estudar religião, a interessar-me por religião, a estudar a lógica e os argumentos religiosos e contra-religiosos. Cresci e continuei não acreditando no Cristianismo, só que agora eu tenho as respostas para as perguntas que me faziam quando eu era pequeno.

O comportamento dos cristãos com quem convivi também não os ajudou muito a me convencer de que estariam certos. Sempre que alguma coisa ruim acontecia comigo, risadas e deboche se seguiam, com a frase: “bem feito, castigo de deus”. E pensava eu: ora, então ser cristão é ficar feliz com o infortúnio alheio? Alegrar-se quando alguém que não é cristão sofre? Desejar que deus castigue? É essa a superioridade moral que pregam? E que deus é esse que faz mal para os outros? Desde pequeno eu notei que religião não torna as pessoas boas. Era só uma desculpa para poder fazer/dizer/pensar o mal e pedir perdão depois. Ainda criancinha eu  dizia a mim mesmo: “— Eu não quero ser como essa gente.“.

Como a toda ação se põe contra uma reação, durante décadas fui o que hoje chamo de ”ateu afetado”. Não contente em apenas repudiar a fé alheia, também passei a fazer todo tipo de chacota, grosseiramente interpelando cristãos caso me sentisse importunado. Reconheço que fui bastante ofensivo e que estava errado ao agir assim. Levou bastante tempo para eu amadurecer e aprender a respeitar a fé das outras pessoas, a colocar-me no lugar delas e compreender seus sentimentos, a entender o motivo pelo qual me tratavam daquela forma. Levou tempo para eu ver que nem tudo na religião cristã é ruim. Que embora muitos dos seus seguidores não sigam os mandamentos da própria fé, parte dos argumentos e instruções apresentadas podem sim ensinar uma forma justa de viver. Hoje já estou em paz com o Cristianismo. Porém alguns cristãos não estão em paz comigo ou com os ateus de forma geral.

O texto de hoje teve como inspiração mais um pastor evangélico fanático que em sua pregação instila em sua congregação preconceito contra os ateus, imputando-lhes crimes contra a humanidade e a pecha de serem inerentemente maus. Eu acreditei que havia superado essa questão: sempre que escuto tais preconceitos, simplesmente olho para o outro lado. Porém desta vez ao escutar tamanhas difamações minha repulsa reaflorou e precisei fazer algo. Denunciei-o e aqui desabafo.


2ª Parte

The Heretic! (as originally told by Emo Philips) | JokeToons

O grande problema que vejo nas religiões abraâmicas é a auto-intitulação de serem ”detentoras da verdade”. Somente minha religião está certa, todas as demais estão erradas. Mais ainda, somente meu deus único é verdadeiro, todos os demais deuses únicos são falsos. Mais ainda, somente tais e tais escrituras são válidas, todas as demais são inválidas. Mais ainda, somente determinada intepretação é correta, todas as demais intepretações são errôneas. Assim, as religiões abraâmicas têm por natureza fundamental separar as pessoas entre crentes e não crentes. Entre ”salvos e ”não salvos”. Entre certos e errados. Entre nós, os ”bons”, e todos os outros, os ”maus”. “Esses que não acreditam em nossa fé são os ateus/gentios/infiéis. Todos eles são maus, perigosos e capazes das piores atrocidades. Não têm religião, não tem moral. Vão todos para o inferno.”

Uma das principais falácias que escuto de cristãos é a de que ”todas as religiões levam ao mesmo deus” (no caso, o deus em que eles acreditam). Dessa afirmação eu depreendo algumas coisas. A primeira é que demonstram total ignorância específica acerca das demais religiões do mundo. Não sabem ou não compreendem que sua religião não é a única manifestação possível de fé. Também não entendem que a humanidade cultuou e cultua muitos deuses, muitas entidades, e que a questão acerca do sobrenatural não é exclusiva de sua cultura.

Do grande deus dragão Quetzacoatl, aos deuses irmãos Izanagi e Izanami. Nos nove mundos seguros pela grande Yggdrasill, Thor, filho de Odin, este filho de Börr, este filho Búri, este criado por Ymir, a vaca primordial mãe de todos os Aesir. Oxum, Xangô e tantos orixás que foram pessoas como nós, mas diferentes dos santos, pois os orixás vieram do criador de todo o axé, Olorum. Urano desposou Gaia, que concebeu os titãs, donde vieram os deuses, dentre eles Zeus, Poseidon e Hades. Tupã e Iara, filhos de Nhanderuvuçu, controlam a natureza e protegem os homens. Pangu foi o primeiro ser vivo, maior do que o universo. Dele vieram todas as coisas, até a corte celeste que foi derrotada pelo Rei Macaco. Brahma cria, Vishnu mantém, Shiva destrói… dependendo da tradição, pois Ganesha também faz parte da ”administração celeste”. Krishna fez milagres durante o grande Mahabharata, a hedionda guerra fratricida entre os Kaurava e os Pandava, e personificou-se como o universo, segundo o Baghavad Gita. Amon, Osíris, Hathor, Ptah, Anúbis vivem conforme as cheias do Nilo. Cada Xamã, cada Pajé, cada Alquimista que viveu neste mundo teve sua fé, sua crença, sua história.

Afirmar que somente você está certo e que todos os outros estão errados é muitos mais do que egocentrismo aos meus olhos: é arrogância. Acreditar que faz parte de um povo escolhido? Delusão de prepotência.

Se você, leitor, for cristão, e chegou até aqui, deve estar se perguntando o que eu penso sobre o Cristianismo, sobre os milagres, sobre Jesus? É fácil explicar: do mesmo modo que você considera que os deuses acima são mitologias, para mim, as escrituras bíblicas também são mitológicas. São tão críveis e verossímeis como as façanhas de Héracles (ou Hércules, se quiser usar o nome romano).

Moisés abriu o mar vermelho com seu cajado, tanto quanto Héracles abriu o Estreito de Gibraltar com a força de seus braços. Noé construiu a arca, tanto como Héracles navegou com os Argonautas atrás do Velocino de Ouro. Davi matou o gigante Golias, o Filisteu, tal como Héracles matou Gerião, o gigante de três cabeças. Jesus tornou água em vinho, tal como Héracles limpou os estábulos de Áugias, desviando o curso de dois rios. E quanto a trazer de volta os mortos? Bem, nesse caso Héracles não fez nada. Mas Krishna trouxe de volta à vida várias pessoas, incluindo os seis filhos de Devaki e Vasudeva. Attis (Grécia) e Mithra (Pérsia) também ressuscitaram ao 3º dia.

O que torna uma história verdadeira e a outra falsa? Por que acreditar que uma é verídica e a outra fantasiosa? Por não acreditar no Cristianismo, eu sou chamado ateu, embora eu mantenha minha mente aberta ao extraordinário e não negue o transcendental. (O termo técnico seria, portanto, agnóstico). Eu creio no mundo espiritual, ainda que eu não faça idéia de como ele funciona. E acredito que ninguém sabe ao certo como ele é, embora todo mundo goste de dar palpites… Eu, portanto, aprendo e apreendo o que há de bom de todas as religiões do mundo, mas não venero nenhum deus tampouco nenhum homem. É isso que me torna ateu aos olhos das congregações.

NOTA: ”Ateu” é uma alcunha dada por alguns religiosos para identificar quem não adora sua(s) divindade(s). Ou apóstata (que nome feio!) para quem deixou de acreditar. Ninguém se apresenta como ”não-futebolista” ou ”não-pianista” ou ”não-filatelista”, ou seja, ninguém se apresenta a partir do que não é.

A idéia de um deus único criador não faz sentido para mim. Também não acredito que ética e moralidade sejam derivadas de religiões, mas sim do reconhecimento do conceito transcendental de justiça. Acredito que devemos fazer o bem por ser o certo e não devemos fazer o mal por ser errado. Não espero recompensa por fazer o bem, nem evito o mal por temer punições. Acredito que isso é tão evidente por si mesmo que procurar agir bem por ”temor a deus” é em si uma falha de caráter.

Eu acredito que devemos deixar os deuses resolverem os assuntos divinos e cuidarmos nós dos assuntos mundanos. Se eles quisessem mudar o mundo, já o teriam feito. Cabe a nós resolvermos nossos próprios problemas (a maioria deles, criados por nós mesmos). Em lugar de olhar para o céu, olhe para o lado: você vai encontrar alguém que pode ajudar. Se cada um de nós ajudar um pouquinho, fazendo só a própria parte, podemos tornar este nosso próprio mundo no paraíso prometido.


3ª Parte

Há uma separação entre a vida pública e a vida privada dos indivíduos. O que é privado não é público, não concerne à sociedade (às outras pessoas). E dentre as coisas privadas, a religião é matéria de foro íntimo, isto é, é algo que diz respeito somente ao próprio indivíduo. É uma decisão subjetiva, emotiva, afetiva, intuitiva. Não é passível de argumentação racional, mas sim é um ”salto de fé”.

O proselitismo inerente às religiões/ideologias monoteístas abraâmicas é um caso sui generis na história das religiões. Enquanto cristãos, judeus e muçulmanos esforçam-se para converter outras pessoas à sua crença, budistas, hindus, animistas e xamanistas tão somente seguem sua fé, convidando quem quiser conhecê-la e pedindo que lhes deixem em paz. Não catequizam, nem proscrevem do seu meio quem não tem a mesma crença.

A intolerância religiosa, o fanatismo, essa falta de consideração com o coração do próximo é bastante comum entre os monoteístas. Querer impor algo tão pessoal a outrem é sintoma de pequenos proto-ditadores sem poder, pessoas que querem dominar o mundo, moldá-lo segundo sua própria vontade, escondendo-se covardemente atrás de seletas escrituras. E todo tolo que quer dominar o mundo tão somente quer forçar os outros a fazer o que ele mesmo não pode. São pessoas que não aceitam que o mundo não gira ao redor delas, que não são especiais, que não têm importância neste vasto universo. E que podem estar erradas.

Um dos mais importantes sutras (texto sagrado) dentro do budismo é o Sutra do Diamante, que abaixo segue. Além dele sugiro também considerar uma máxima do Hinduísmo: ”se quiseres apoio, apóia-te em ti mesmo”. Afinal, a prece vem do coração, e este nunca te faltará.

Kalama Sutra – O Sutra do Diamante (adaptado)

Tenha confiança não no mestre, mas no ensinamento.
Tenha confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.
Tenha confiança não na teoria, mas na experiência.
Não creia em algo simplesmente porque ouviu.
Não creia nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração.
Não creia em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.
Não creia em algo simplesmente porque está escrito em livros sagrados.
Não creia no que imagina, pensando que um deus lhe inspirou.
Não creia em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos.

Mas após contemplação e reflexão, quando perceber que algo é conforme ao que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para você quanto para os outros, então o aceite e faça disto a base de sua vida.

Sidarta Gautama, príncipe dos Shakyas. Venceu todos os males do mundo e despertou para a verdade do universo: a morte não é o fim de tudo; a morte não é mais do que outra transformação.

Bandeira nacional

Publicado originalmente em 02/02/2017 (revisado, adaptado e ampliado em 02/02/2021)

Você sabia que as letras são escritas com a mesma cor verde-oliva?

Neste país de analfabetos funcionais, em que doutos apedeutas julgam o universo ao seu redor com a propriedade de magistrados da mais alta corte e a onisciência infalível de repórteres de TV, volta e meia a proposta para alteração do pavilhão nacional instiga os mais primitivos instintos cívico-tribais e falaciosa verborragia contra a ”evidente” afronta à pátria…

Veja mais: Discussão e debate no país dos analfabetos

Vamos com calma…

Embora a bandeira nacional seja símbolo do país, protegido pela Constituição Federal (que hoje é apenas um conjunto de rabiscos com meras sugestões), a apresentação em si da bandeira é objeto de lei ordinária. Basta o Congresso decidir e vai para a sanção presidencial. Como nosso Congresso Nacional aparenta não ter muito trabalho a fazer, tampouco palpite para dar, uma simples iniciativa deveria ser suficiente. Mas nem tudo nestas terras sul-americanas é como ”deveria” ser.

1º – a proposta é antiga;

Há muito tenta-se colocar a palavra ”amor” na bandeira. Há projetos de lei tramitando há décadas (e arquivados também) para tal fim. Essa proposta não é nova e não deveria surpreender. Mas, como se diz, o povo brasileiro não tem memória, tem apenas uma vaga lembrança.

2º – a proposta tem fundamento;

O lema desta República vem da frase ”Amor por princípio, ordem por base e progresso por fim.”, lema positivista. Gostem ou não, esta republiqueta foi fundada com base na ideologia positivista e até hoje a máquina pública é permeada por ela. Não se está criando nada novo, apenas completando a frase original.

3º – a proposta faz sentido.

Nosso país precisa mesmo de mais amor (fé, esperança e caridade — as três virtudes teologais — se considerarmos que é um país eminentemente cristão). Além do mais, os símbolos nacionais devem simbolizar (desculpe a redundância) a nação. E essa bandeira não simboliza o que almejamos para a nação: simboliza um país que não queremos mais, simboliza a burro-cracia que é esta República, simboliza nosso fracasso enquanto sociedade, simboliza a orgia pós 1988.

Veja mais: Impávido Colosso

Veja mais: O povo no poder – Uma crítica ao governo de Jair Bolsonaro

Ora, essa nova versão com 27 estrelas (e vários erros astronômicos) foi legalizada em 1992. Já tivemos 9 constituições, a última mais remendada que as minhas meias! Não vejo mal algum em colocar um pouco mais de amor neste país. Talvez assim, mudar a bandeira deixe de ser um assunto mais importante do que sanear a cultura pervertida desta sociedade.

Como a política de cotas atrapalha os negros e os pobres

Em continuação à minha postagem anterior, O erro da política de cotas, segue vídeo em que Thomas Sowell evidencia os problemas pertinentes às chamadas ”políticas de ações afirmativas”. Conceito importado do estrangeiro, aplica-se no Brasil a idéia de que é necessário baixar os requisitos mínimos necessários para o ingresso na carreira acadêmica ou na carreira de trabalho. Por algum motivo que ainda não entendi, os defensores dessa idéia consideram que diferenciar pessoas segundo a cor de suas peles não é racismo.

Ofertar vantagens a grupos selecionados sob pretexto de ”reparação histórica” ou qualquer outro motivo não tem ajudado em nada os grupos a que se supõe beneficiar. Pelo contrário, em todos os lugares em que é aplicada, há a diminuição dos índices de proficiência dos acadêmicos e trabalhadores formados, e rejeição do mercado de trabalho (empregadores) para a contratação de pessoas formadas dentro desse contexto. Veja mais em meu artigo A falácia sobre a Educação, em: Edições Independentes.

Ações afirmativas são um movimento com fundo político, não social. Visam a manipulação da percepção da população sobre sua realidade histórica e socioeconômica, deturpando valores, padrões e parâmetros; criam artificialmente segregação, selecionando segundo interesses escusos e estratégicos grupos de pessoas que podem ser manipuladas politicamente; depreciam a formação resultante, conseqüentemente formando (meramente licenciando ou diplomando) profissionais/acadêmicos inabilitados para o exercício da práxis em seus ofícios; e o mais temerário: tendem a capturar ideologicamente os beneficiários dessas ações, cooptando-os à doutrina neo-marxista pós-moderna gramsciana.

How Affirmative Action Creates Dangerous Double Standards | Thomas Sowell | Sowell Explains

Affirmative Action is held as a practice to help minority students reach equal life outcomes as their non-minority counterparts. It does so by lowering the admission standards and accepting a pool of candidates who otherwise wouldn’t have qualified for that seat, in order to maintain a ‘diverse’ student body.

This double standard can lead to unseen and dangerous outcomes that are often ignored in the pursuit of social justice. Thomas Sowell explores this topic in this video and discusses how the costs of this double standard can lead to more harm than good.

This is an excerpt from the book ‘The Thomas Sowell Reader’.

https://www.youtube.com/watch?v=01JFyGxiL3o

 

Affirmative Action: Who does it really help? | Thomas Sowell | Sowell Explains

Affirmative Action has been a long-standing policy in most universities and government departments. It is carried out under the unquestioned assumption of ‘Diversity’ being our greatest strength.

Thomas Sowell discusses how it affects various minority groups at each other’s expense, and how it may be producing the opposite results that it was intended to produce.

This is an excerpt from the book ‘The Thomas Sowell Reader’

https://www.youtube.com/watch?v=hFGG48wwoxk

Protesto contra decisão da UERJ em exigir passaporte sanitário.

Novembro de 2021.

Meu nome é Pedro Figueira, sou servidor do Estado do Rio de Janeiro vinculado à UERJ.
Estou gravando este vídeo com o propósito de registrar meu protesto público contra aquilo que acredito ser uma violação aos meus direitos individuais.

O Conselho Universitário da UERJ decidiu que vai exigir o passaporte da vacina para os servidores: só entra para trabalhar quem foi vacinado. Quem não foi vacinado, é proibido de trabalhar e deve ser registrada falta não abonada. No meu entender, não é uma falta, porque o funcionário foi impedido de entrar, ele não se negou a ir. E não abonar a suposta falta, no meu entender, é punir o servidor que não se vacinou antes mesmo de um processo administrativo.

Eu entrei em contato com o RH, e a resposta que eu tive por escrito foi um copia e cola da nota da reitoria dizendo que é obrigatório ou vai ser dada falta.

Eu acredito que isso é uma irregularidade administrativa, possivelmente talvez até uma ilegalidade, mas não cabe a mim dispor sobre isso, isso é atribuição das autoridades competentes. O fundamento do meu argumento está por escrito no meu site. pedrofigueira.pro.br para quem quiser ver mais a fundo.

Ainda assim eu quero deixar meu protesto. Eu defendo que meu empregador, seja ele quem for, não tem o direito de interferir nas escolhas que faço em minha vida pessoal, em minha vida privada. A própria reitoria da UERJ já havia reconhecido em janeiro deste ano não ter competência jurídica para definir isso. Só que agora ela me obriga a escolher entre a vacina ou o desemprego. E eu acho que isso não é certo nem justo.

Outro assunto.

Disso posto, eu também gostaria de deixar registrada minha frustração com relação aos mandatários do executivo federal. Nestes últimos dois ou três anos, cotidianamente vi nossa liberdade de opinião, liberdade de expressão, liberdade de locomoção, liberdade de trabalho, nossas liberdades individuais serem… restringidas.

Gente foi presa por “falar o que não devia”, controlam o que a gente diz, apagam conteúdo ”impróprio” sobre remédios… Para mim está sendo só uma vacina. Mas e quem teve suas lojas fechadas? Quem viu seu ganha pão sendo tomado do dia para a noite? Quem foi arruinado durante esse período?

Eu quero registrar minha frustração com o governo federal, que não se impôs como eu acredito que podia e deveria. Eles juraram proteger e defender a constituição e as leis, proteger e defender nossos direitos e nossas liberdades, mas foram omissos. Viram o que estava acontecendo e permitiram. Foram coniventes com tudo o que aconteceu.

Eu não aceito o argumento, “não fui eu quem mandou fechar”, “me tiraram a responsabilidade”. Um líder toma a responsabilidade para si. Se os demais estão (e ainda estão) agindo fora dos limites, se o legislativo federal é omisso, cabia ao executivo impedir que essas coisas tivessem acontecido e proteger os mais fracos..

Ele tem o povo e as leis ao seu lado. Se não faz, lamento concluir, é por covardia. E isso custou carreiras… e vidas… Para mim é só uma injeção. Para a nação é a falta de alguém que EFETIVAMENTE defenda sua liberdade. Não só no discurso, mas na ação.

É obrigação moral de todo homem de bem rejeitar a injustiça, vindo ela de onde for, e usar o que estiver ao seu alcance para combatê-la. Eu só tenho minha palavra. Então tudo o que posso fazer aqui é registrar o meu protesto e minha frustração.

Passaporte sanitário

Atualizado em 26/11/2021: inserida imagem.

O que pode um único homem contra o poder coercitivo do Estado?

De meu caso particular.

Conforme previ em {meu último texto}, as atividades regulares retornariam brevemente quando do fim do inquérito investigativo realizado pelo Senado Federal. À semana passada, recebi com todos os servidores do Estado do Rio de Janeiro a convocação para o retorno ao trabalho presencial a partir de 1º de dezembro de 2021.

O órgão de Estado a que estou vinculado, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, preparando-se para o retorno às atividades presenciais, optou por exigir de todos o chamado ”passaporte sanitário”, algum documento que comprove que o indivíduo vacinou-se contra a COVID-19. Os funcionários que se recusarem a tomar a vacina não poderão entrar para trabalhar e suas ”faltas” não serão abonadas. Veja o anúncio público: {PS1}

Tendo sido um dos que optaram por não se vacinar, temendo efeitos colaterais, neste momento vejo-me constrangido a fazer a escolha: vacina ou desemprego.

Por que optei por não me vacinar? 

Que conste: eu fui contaminado duas vezes nesta pandemia pelo coronavírus. Estou naturalmente imunizado. Mas nada disso conta: o que vale é o papel, a vacina e a burocracia. (E será que a vacina interfere na imunização natural? Ninguém sabe ao certo.)

1) Não posso escolher a vacina: dentre todas as vacinas, a Coronavac é que a que se apresentou mais segura; porém os responsáveis pela distribuição e imunização não permitem que os cidadãos escolham qual vacina tomar; tenho justificados temores quanto a possíveis efeitos colaterais dos demais imunizantes, embora não apresente neste momento os sintomas das doenças congênitas de meus familiares;

2) Faço uso continuado de remédios (alguns pesados) que afetam o sistema motor, e há casos reportados de vacinados que foram acometidos pela síndrome de Guillan-Barré (veja o próximo tópico). Até que ponto o uso concomitante da vacina e dos medicamentos que uso pode influenciar ou aumentar o risco de problemas motores futuros? Não há dados estatísticos ou estudos acerca disso.

3) Meu pai faleceu em dezembro do ano passado por problemas cardíacos, tal como meu avô paterno. Minha mãe tem problema cardíaco congênito e sua prima faleceu esta semana pelo mesmo problema. Essa prima aparentemente apresentou complicações derivadas da vacinação. Há sabidamente casos de desenvolvimento de miocardite em jovens adultos sem prévio diagnóstico. Embora eu tenha 35 anos e não apresente problemas cardíacos evidentes, qual é a possibilidade de isso acontecer comigo? Não há estudos acerca disso também.

4) E finalmente o risco de trombose. Trombose após a vacinação foi um dos primeiros efeitos colaterais relatados. Eu sofro de má circulação nos membros inferiores e estou acabando de me recuperar de uma úlcera venosa. O risco existe, ainda que pequeno, e é inegável mesmo para o maior defensor da vacinação em massa. Por que eu devo me submeter a esse risco, se minha não vacinação é negligenciável para os vacinados?

Veja mais: MORTES_APOS_VACINA

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Contra fatos não há argumentos

Ainda que eu seja criticado por ter medo em excesso com relação à vacinação, ninguém está em meus sapatos para saber como é minha vida. Todos os meus parentes faleceram. Nesta vida, sou somente eu e minha mãe com sua saúde frágil. Se eu faltar, como ela faz? Seguro de vida e de casa bastarão? Eu aprendi uma vida inteira a nunca correr riscos, por vezes, mesmo os necessários.

Da questão jurídica

A UERJ não tem competência jurídica para exigir a vacinação de seus funcionários. Ela não é órgão participativo da Secretaria de Saúde, a quem compete definir as políticas sanitárias. Essa falta de competência jurídica já foi examinada pela Reitoria em 31 de janeiro deste ano, conforme o arquivo a seguir: Nota de esclarecimento à comunidade acadêmica da Uerj  – UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 

A UERJ também não tem competência jurídica para declarar antecipadamente faltas não abonadas a quem não se vacinar. Não houve o devido processo administrativo. Não há previsão legal dentro do regulamento dos servidores públicos do Estado (Decreto Estadual 2479/1979). Impedir o acesso ao local de trabalho é o mesmo que uma suspensão, punição prevista, porém não aplicável sem os devidos trâmites. E em quê se baseia essa punição antecipada?

Ao observarmos o emaranhado de leis que em que este país vive, devemos partir do decreto do Governo do Estado, responsável por determinar o retorno às atividades presenciais. Nele:

Decreto Estadual 47.801/21, Art. 6 § 1º:

Observado o disposto no caput, os agentes públicos integrantes da Administração Direta e Indireta, que não tenham optado pela vacinação […] deverão retornar às atividades de trabalho presencial.

Há, portanto, previsão legal do Governo do Estado sobre a conduta dos não vacinados, uma vez que ele reconhece explicitamente que a vacinação é uma opção.

Porém, segundo divulgado no site da UERJ, o retorno às atividades presenciais ocorrerá seguindo o Decreto Municipal 49.335/21 da prefeitura do Rio de Janeiro, que exige o chamado ”passaporte sanitário”:

“O uso de máscara e a apresentação do passaporte de vacina serão obrigatórios para todos que circularem nas dependências da Universidade. A comprovação de imunização contra a Covid-19 poderá ser feita pelo cartão de vacinação ou pelo aplicativo Conecte SUS.”

Entretanto, o próprio 49.335/21, não abrange em seu texto instituições de ensino, pertencentes a qualquer esfera governamental. Aderir ao decreto é, pois, discricionariedade administrativa interna da UERJ. Convém também lembrar que decretos não têm força de lei e às leis Federais e Estaduais são submetidos.

Tal matéria não foi examinada pelo plenário do STF e, conforme os dispositivos legais seguintes, a exigência de ”passaporte sanitário” é uma atividade ilegal:

a) Lei 6.259/75 art.3º: Cabe ao Ministério da Saúde a elaboração do Programa Nacional de Imunizações, que definirá as vacinações, inclusive as de caráter obrigatório.

b) Lei 10.406/02 art.15: Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

c) Constituição Federal art.5º II, XV, LIV;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

d) DUDH/1948 art. 7, 12, 13.1, 23.1.

Artigo 7 Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 12 Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

Artigo 23 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

e) Portaria MTP 620/21

Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal, nos termos da Lei nº 9029, de 13 de abril de 1995.

  • 1º Ao empregador é proibido, na contratação ou na manutenção do emprego do trabalhador, exigir quaisquer documentos discriminatórios ou obstativos para a contratação, especialmente comprovante de vacinação, certidão negativa de reclamatória trabalhista, teste, exame, perícia, laudo, atestado ou declaração relativos à esterilização ou a estado de gravidez.

E, por fim, o princípio da autonomia universitária (CF88 art. 207) garante que sua administração interna é autônoma, porém não é soberana. O Estado não pode dizer como a Universidade deve se administrar, mas a mesma não pode violar direitos e deveres a todos impostos por força das leis. Sua autonomia restringe-se às atividades internas, não à vida particular de seus funcionários ou usuários.

Da derrota consumada antes do pleito

A lei e o bom senso estão evidentemente ao meu lado. Todos os argumentos estão bem cobertos e, definitivamente, eu estou com a razão.

E o quê isso importa? De quê isso vale? O que pode um único homem contra o poder coercitivo do Estado? O que pode um servidor público fazer para se proteger de seu empregador?

Façamos uma experiência mental. Suponhamos que eu siga os protocolos, que eu impetre um mandado de segurança para garantir meu direito de trabalhar, de ingressar em meu local de trabalho, de me permitir cumprir o que foi decretado pelo Governador do Estado. A análise deste pleito dependerá do juiz que for designado para apreciá-lo e, quem vive no mundo jurídico, sabe que mandados de segurança contra o Estado raramente são acatados. Eu sei, já passei por isso duas vezes antes, mesmo tendo ganhado os processos.

Suponhamos que eu decida processar meu empregador. Um servidor público na defensoria pública processando um órgão público. Sem garantia de que eu ganharei a ação, pelas mesmas razões apresentadas: o Estado Brasileiro é corporativista e se defende de seus cidadãos.

Contratar um advogado? Veja você mesmo, é mais do que meu salário: https://www.oabrj.org.br/sites/default/files/tabela_11_2021_site.pdf

Se eu optar pela batalha, será uma luta praticamente perdida. Talvez o mais razoável seja abaixar a cabeça e aceitar o poder dos poderosos. Mas aí eu entro em outro conflito interno: e os princípios? Ou nos apoiamos em princípios, ou não nos apoiamos em nada.

// Aqui inicia-se o escopo de um texto crítico à UERJ, conforme permitido em lei.1

Da questão política

O atual Magnífico Reitor da UERJ, Ricardo Lodi Ribeiro, foi advogado de Dilma Vana Rousseff durante seu processo de impedimento e remoção da Presidência da República. Essa senhora foi posteriormente convidada a ministrar a aula magna do novo período de reitoria. Rogo ao leitor perscrutar as matérias selecionadas pelo ”CLIPPING UERJ”, bem como o conteúdo dos simpósios e convenções ministrados à distância nos canais das redes sociais da UERJ, como Youtube e Facebook.

Do modo como essa exigência do passaporte sanitário está sendo feita, qualquer homem médio pode vir a suspeitar que uma possível motivação ideológica possa estar subjacente a essa postura da UERJ, o que não condiz com os princípios democráticos que ela defende. Por que uma ação tão enérgica (e a priori ilegal) para obrigar a vacinação, se o Governo Federal já se manifestou contrário a essa obrigatoriedade?

Tal como assinou o reitor, “Até porque, o interesse na proteção à saúde de todos prevalece sobre o direito individual de não se vacinar, pois a saúde pública deve se sobrepor ao obscurantismo.” Colocar os direitos individuais abaixo dos direitos coletivos não apenas não é uma interpretação unânime no mundo jurídico, como tem exemplos históricos profundamente questionáveis em que foi aplicada. Tem a UERJ direito de impor tal entendimento jurídico sobre seus funcionários? Quem lhe outorgou tal autoridade?

E quanto ao termo ”obscurantismo”? Esse termo foi freqüentemente utilizado durante a última Comissão Parlamentar de Inquérito, em que a população viu diariamente senadores utilizarem-no para referirem-se contra o Governo Federal. O uso desse termo em um comunicado público pode levantar questionamentos quanto à imparcialidade das decisões tomadas e à transparência das motivações das mesmas.

// Aqui encerra-se o escopo do texto crítico.

Do fim da liberdade

Eu sou um libertário. Defendo a liberdade. Defendo o indivíduo frente ao Estado.

Mas o que pode um único homem contra o poder coercitivo do Estado?

O que pode um único homem quando aqueles que deveriam protegê-lo se abnegaram de seu juramento?

O que ora ocorre comigo, esta invasão em minha vida particular, essa imposição da vontade de outrem sobre minha vida, sob escusas mil, é exatamente tudo o que eu sou contra.

De que adianta defender o Governo Federal, se o mesmo não nos protege? Não protege nossa liberdade?

Liberdade… O mais sagrado de todos os direitos, que é o de que ninguém mais forte que você te obrigará a fazer o que você não quer.

Não há liberdade neste maldito país socialista.

Ou nos apoiamos em princípios, ou não nos apoiamos em nada.

E este país não se apóia em nada além da luta pelo poder.


  1. Este texto está de acordo com as restrições que tenho enquanto servidor público de escrever e publicar artigos críticos aos órgãos de Estado.
    DECRETO Nº 2479 DE 08 DE MARÇO DE 1979
    APROVA O REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
    CAPÍTULO III
    Das Proibições
    Art. 286 – Ao funcionário é proibido:
    I – referir-se de modo depreciativo, em informação, parecer ou despacho, às autoridades e atos da Administração Pública, ou censurá-los, pela imprensa ou qualquer outro órgão de divulgação pública, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los, do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço; 

Adendo ao Guia da Pandemia – o fim de um ciclo.

Com o fim da “CPI do circo”, alcunha como ficou conhecida a última honorável Comissão Parlamentar de Inquérito, relatada por um não muito eloqüente senhor réu em vários processos criminais; presidida por um senhor cujo nome fora removido de uma investigação contra a pedofilia e que possui estreitas ligações com o Amazonas (alvo de investigações por desvio de dinheiro); e inquirida por diversos outros senhores que receberam do público pagante (de impostos) afetivos epítetos, tais como ”gazela saltitante” ou ”Drácula”; encerra-se o ciclo da pandemia.

Veja mais: Guia da pandemia: o vírus corona no Brasil e no mundo.

Ninguém agüenta mais o discurso de que ”é para o seu bem”. Já vimos que não é e nunca foi. Ninguém acredita mais na necessidade de certas medidas, digamos, ”controversas”. As pessoas já estão saindo às ruas e retomando suas vidas normais. Ainda que o ”normal” agora seja um tanto relativo: as conseqüências sociais e econômicas do biênio de 2020-2021 serão sentidas ainda por décadas adiante.

Crianças ficaram dois anos sem educação regular tradicional, o setor de serviços e o de indústrias sofreu um impacto fortíssimo, levando diversos empreendedores à falência e numerosos pais de família ao desemprego. O estilo de ”escritório doméstico” mostrou que muito do trabalho realizado in loco em empresas pode ser feito remotamente, dispensando o indivíduo da perda diária de tempo no trânsito, flexibilizando horários de trabalho, modificando relações trabalhistas.

Proto-totalitários mostraram a verdadeira cor vermelha de seu sangue. Grandes empresas de comunicação ponto-a-ponto, as chamadas redes sociais, se auto-intitularam responsáveis pela divulgação de fatos ”verdadeiros”, e se auto-atribuíram a valorosa incumbência de vetar e censurar as perigosíssimas ”notícias falsas”, as fake news, tudo com o grandioso propósito de assegurar a integridade da ”informação confiável” e a ”proteção” dos seus usuários.  Veículos de mídia tradicional se autodeclararam ”checadores de fatos”, protegendo as pessoas das tenebrosas mentiras dos negacionistas, permitindo a construção de um discurso único para todos (mesmo que precisassem mudar de discurso a cada duas semanas ou menos).

Chefes de governo pelo mundo todo se auto-atribuíram a intrépida posição de salvadores, profundamente fundamentados em ”sólidas evidências científicas”, rejeitando o uso voluntário de medicação barata e segura em favor de terapias mais condizentes com o problema, tal como borrifar álcool por aviões ou aplicar ozônio no ânus, enquanto trancavam as pessoas em suas casas, impediam-nas de trabalhar, e soltavam criminosos presos. Tudo em favor do ”bem comum”.

A economia a gente veria depois. E o ”depois” chegou. Inflação descontrolada em praticamente todos os países, falta de gêneros básicos nos mercados, crise de transporte naval, crise de combustíveis nos Estados Unidos, crise de gás natural na Europa, crise mundial de semicondutores disparando o preço de eletrônicos. Toda a cadeia de produção do mundo, de relógios a automóveis, afetada porque algum chinês resolveu degustar sopa de morcego. [há controvérsias aqui também…]

E nossos filhos também verão esse ”depois”, pois dois anos sem aulas regulares não são recuperáveis. É como se toda a população infanto-juvenil do globo tivesse repetido de série! Tempo perdido é algo que não volta, e para crianças pequenas é ainda mais grave. A janela temporal de desenvolvimento educacional para crianças pequenas segue um padrão amplamente conhecido. Há objetivos de desenvolvimento a serem atingidos até determinada idade limite. Após essa idade, a perda é irreversível.

Os impactos psicológicos de todo esse caos ainda não foram completamente avaliados. Como uma sociedade inteira experienciou um evento tão traumático quanto esse? E como lidará com isso daqui para frente?

Veja mais: Depressão e outras doenças psíquicas.

Este ano já está perdido, ao menos no setor público. Além de já ser Natal na Leader Magazine, e com ele virem os recessos, fim de ano no serviço público se resume a lidar com a burocracia a que o emaranhado de leis brasileiras nos obriga. Balancetes, prestações de contas, verificação de projetos e um sem número de papéis exigidos que temos de apresentar. 1 Porém se o serviço público ora aguarda 2022 para poder retomar integralmente suas atividades, o setor privado brasileiro demonstrou força e determinação.

Mesmo a contragosto daqueles que torceram contra o Brasil, crescemos. A resiliência que o povo brasileiro adquiriu após tantos e tantos anos de políticos fazendo besteira o permitiu superar mais este desafio. Nossa economia conseguiu se sustentar durante esse período, o comércio está otimista para este final de ano de 2021, empregos temporários podem se tornar permanentes, o Governo Federal investiu pesado em infra-estrutura e no maior programa social da história mundial. Praticamente todo mundo que quis se vacinar já conseguiu ao menos a primeira/única dose. Vencemos mais esta.

Para encerrar este ciclo, seguem duas publicações e suas respectivas fontes para registro.


Fonte: https://www.jornalcorreiodamanha.com.br/editorial/9941-senadores-abutres

Senadores abutres
Por Cláudio Magnavita (diretor de redação do Correio da Manhã) 20 Outubro 2021 00:02

A CPI do Senado chega ao fim com o país vacinado, com estados e cidades abolindo o uso da máscaras, com leitos de UTIs disponibilizados, com sinais de retomada econômica, empresas contratando, com teatros e cinemas abrindo sem limites de público, com o turismo sendo reaquecido, com os brasileiros voando de férias para o Brasil e para o exterior, onde passaram a serem aceitos, com falta de carros novos nas revendas automobilísticas, com superavit na balança comercial, com a programação de réveillon e carnaval sendo agendados, com o Brasil bem mais saudável economicamente do que seus vizinhos no continente, com o comércio realizando vendas, com o setor de e-commerce batendo todos os recordes e as crianças voltando às aulas. É este o Brasil real em 20 de outubro de 2021. Esta é uma lista de fatos. De uma realidade que incomoda os senadores que fazem parte do G7 de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que virou, na realidade, uma comissão para lamentar a posição de senadores que utilizaram a corte parlamentar para implodir o presidente e o governo federal.

O ódio uniu parlamentares que meses antes se engalfinhavam e trocavam acusações. A estrela da oposição hoje é Renan Calheiros, que os próprios colegas de CPI um dia tentaram defenestrar do mandato. O Brasil que a CPI Para Lamentar construiu é o de um governo comandado por “um presidente genocida”. O mesmo “genocida” que comprou vacina para todos os brasileiros. Foi o governo federal o único que comprou e pagou pelas vacinas; até as fabricadas pelo Butantan foram pagas pela gestão Bolsonaro. O mesmo governo que implantou o maior programa assistencial do planeta e incluiu três argentinas só de invisíveis. O colapso que seria criado por lockdown desenfreado foi evitado pelo presidente que peitou governadores que estavam acobertados pelo judiciário, criando a maior federação do mundo com a inclusão da autonomia dos municípios para os assuntos da Covid.

Quem oxigenou financeiramente os estados com repasses milionários foi o governo. Toda a logística de transporte foi federal e contínua, com uma participação histórica das nossas Forças Armadas.

O Brasil do quanto pior melhor é o cenário que a CPI traçou nessas vergonhosas semanas de ataques, desrespeito, utilização de cadáveres e luto familiar, como se o Brasil não tivesse feito o dever de casa. São os mesmos parlamentares que viajam tranquilamente para seus estados de origem todas as semanas e que deixam o circo de horror da CPI e vão almoçar em restaurantes de Brasília.

Os senadores abutres estão certos em dizer que Bolsonaro é “genocida”. Ele matou a corrupção epidêmica que assolava o governo federal e assassinou a mamata que fez a fortuna de muitos daqueles que hoje querem destruí-lo politicamente e a seus filhos, todos eleitos pelo voto democrático.


O MAIOR CR1ME que a CPI cometeu contra os brasileiros! E a verdade sobre a PEC da Vingança! LUIZ CAMARGO vlog

Em tempo: não tenho vínculos com o apresentador, tampouco aprovo, recomendo ou incentivo a aquisição de seus produtos e serviços.


  1. Este texto está de acordo com as restrições que tenho enquanto servidor público de escrever e publicar artigos críticos aos órgãos de Estado.
    DECRETO Nº 2479 DE 08 DE MARÇO DE 1979
    APROVA O REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
    CAPÍTULO III
    Das Proibições
    Art. 286 – Ao funcionário é proibido:
    I – referir-se de modo depreciativo, em informação, parecer ou despacho, às autoridades e atos da Administração Pública, ou censurá-los, pela imprensa ou qualquer outro órgão de divulgação pública, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los, do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço; 

LGBTQQIP2SAA+ (SBBHQK?)

O homossexualismo é uma condição que precisa ser respeitada, mas que não deve ser enaltecida. Precisa ser compreendido, mas jamais ser estimulado.

O movimento LGBTQQIP2SAA+ (SBBHQK?) é uma aberração social, um ramo do neomarxismo pós-moderno que presta um desserviço às pessoas que realmente precisam de ajuda.

Toda agressão, seja ela verbal ou física, toda animosidade tende a gerar ainda mais animosidade. E é exatamente isso o que os ativistas conseguem: em lugar de usar estratégias inteligentes em prol da pacificação do tema, utilizam métodos combativos que tão somente alimentam ainda mais o ciclo de raiva e incompreensão. Afastam em lugar de aproximar, ofendem e exigem respeito, discutem em lugar de debater.

Só há combate quando há um inimigo. Ao ser atacado, o ”homem branco heterossexual cristão”, ou qualquer pessoa lúcida, assumirá uma de duas posturas defensivas. Na natureza, existem duas formas de lidar com o perigo: fugir ou atacar. Em uma manifestação (balbúrdia) cheia de pessoas gritando palavras de ordem, é possível sair de perto, afastando-se das pessoas (e também das suas idéias, incluindo o já esquecido apelo por respeito).

Mas, ao receber diariamente, por todos os meios, acusações de ser causa do problema, de estar do lado do ”mal”, de ser omisso caso não tome a mesma parte deles, ou de ser cúmplice criminoso caso se manifeste contrário, a pessoa sente-se diretamente atacada. E começa a revidar.

E, no meio de todo esse problema, foi relegado a segundo plano quem realmente precisa de ajuda.

Até que ponto todo esse estímulo ao homossexualismo e à promiscuidade está cooptando jovens (por sua natureza influenciáveis) e os corrompendo para o mal caminho? Até que ponto toda essa libertinagem estava apenas ocultada da vista pública e agora tomou força para se revelar?

Enquanto o mundo se torna uma grande orgia, os jovens que começam a descobrir sua sexualidade sofrem de um lado a má influência de um grupo que quer apenas usá-los em seu momento de maior fragilidade para somar números à sua causa perniciosa, e do outro lado a incompreensão e a intolerância de uma sociedade cada vez mais resistente e inflamada frente ao ativismo.

Nesse momento de autoconhecimento, onde mais precisam compaixão, se vêem inseridos numa disputa, onde não são tratados como os protagonistas de suas próprias histórias.

— Você está bem?
— Você quer conversar?
— O que você está sentindo?
— Quais são as suas dúvidas?

Pode ser só um momento de confusão, pode ser a natureza dele mesmo. A adolescência é um turbilhão de hormônios e mudanças fisiológicas, dúvidas e descobertas. Já tem problemas demais por si mesma, não precisa de mais um inventado por má gente que quer se aproveitar. E não: criança não entra nessa história. Não existe criança transgênero. Existem, isso sim, pais degenerados.


Vídeo de exemplo 1: Veja um exemplo de propaganda direcionada a jovens: cores vibrantes, música ”chiclete”, liberdade (vôo) e a existência de um ”mentor” para ensinar o jovem a ”descobrir” e ”abraçar” seu homossexualismo.

『填 FILL』

The heroine is a high school girl who leads a dull life, living like a corpse. She meets a mysterious woman on the subway going home from school. The mysterious woman quietly tied a magic rope to the protagonist’s hand. After returning home, she found that the lady of the rope had entered the world in the mirror. Under the guidance of the rope, she finally found her true self with the help of various spirits in the mirror.

The original video is on Bilibili, a Chinese video-sharing website (kind of like Youtube), where it is distributed with the author’s permission.
https://www.bilibili.com/video/av11491219
or you can just search up the full title,
【AniOne线上展】川音成都美术学院动画短片《填》|动画学术趴
It translates to [AniOne Online Exhibition] Sichuan Music Chengdu Academy of Fine Arts Animation Short Film “Fill” | Animation Academic Party

Bilibili has a special function that makes comments run across the video while it plays. You can turn it off with the little blue button below the video.

https://www.youtube.com/watch?v=nEMZfpc_SFs


Vídeo de exemplo 2: este vídeo é uma compilação de vídeos que mostram o comportamento agressivo típico dos manifestantes/ativistas a que me refiro neste texto.

  • No primeiro vídeo vemos uma mulher aos berros ofendendo e interrompendo uma palestra para a qual se identifica como opositora.
  • No segundo vídeo vemos manifestantes defendendo argumentos contraditórios entre si e hostilizando quem faz perguntas críticas.
  • No terceiro vídeo vemos manifestantes agressivamente tentando impedir a realização de uma palestra .
  • No quarto vídeo vemos crianças pequenas sendo usadas para propaganda feminista. As crianças foram instruídas a usar palavras de baixo calão e discorrer sobre conteúdo impróprio para sua idade.
  • O último vídeo mais longo traz um debate feminista, e foge ao escopo deste texto.

SJW Cringe Compilation #9 Classics Edition | SJW CRINGE MACHINE


Vídeo de exemplo 3: neste segundo vídeo o Coral de Homens Homossexuais de São Francisco diz claramente na letra de sua música que querem corromper as crianças das famílias cristãs.

Devido à grande controvérsia que ele trouxe, foi indisponibilizado para ser assistido livremente. Para vê-lo, por favor, acesse o atalho abaixo.

“A Message From the Gay Community” Performed by the San Francisco Gay Men’s Chorus | SFGMC TV
[na descrição do vídeo eles consideram-no ”satírico”] https://www.youtube.com/watch?v=ArOQF4kadHA

“Nós vamos converter suas crianças. Isso acontece pouco a pouco, quietamente e sutilmente…”

Imagem de exemplo 1: no Canadá (e outros países), várias bibliotecas estão tendo seus dias de leitura feitos por transformistas. A matéria completa com a reação das criancinhas pode ser vista clicando na fonte, citada logo abaixo da imagem.

Barbada (Sébastien Potvin) reads to children at Over The Rainbow daycare’s first drag queen story time event. (Shari Okeke/CBC)
Barbada (Sébastien Potvin) reads to children at Over The Rainbow daycare’s first drag queen story time event. (Shari Okeke/CBC) Fonte: https://www.cbc.ca/news/canada/montreal/montreal-drag-queen-storytime-daycare-1.4927005

A Verdadeira História de BOLSONARO | Documentário COMPLETO – Partes I e II

Ainda estou esperando esse presidente frouxo peitar o STF e soltar os presos políticos. Afinal, ele jurou defender a Constituição, não é?

A Verdadeira História de BOLSONARO | Documentário COMPLETO – Partes I e II

Mundo Polarizado | Olimpio Araujo Junior

https://www.youtube.com/watch?v=iq2F3Mo9ycw

Preconceito, medo e aversão. A crise da comunicação no século XXI.

Primeira parte

Nessa última semana pátria ocorreu um fato com o amigo Veber que me deixou pensativo. Em sua rede social, ele manifestou seu descontentamento com o atual governo, uma ação absolutamente normal. Logo em seguida vieram os comentários e a viciosidade da rede social demonstrou-se de forma clara. Aqueles que concordam com ele, manifestaram-se a favor; aqueles que discordam, contra. E aí veio o fato que me encafifou.

Obviamente não irei expor aqui a vida privada doutrem, mas gostaria de comentar o ocorrido, uma vez que a rede social é um ambiente público.

É evidente, pelo teor de suas respostas, que ele se indispôs (ao menos argumentativamente) com seus opositores. Primeiramente pelo baixo nível dos comentários que recebeu. Segundamente por expor longamente seus argumentos e não os ter nem ao menos considerados.

Na atitude de Veber vi um erro. A rede social é um local para expor suas próprias opiniões, não é um ambiente propício para o debate. Ele não pediu a opinião de ninguém, não tentou convencer ninguém, não fez propaganda de nada. Apenas e tão somente expressou seu sentimento diante de um fato de política nacional (direito de todo cidadão). E do nada vem alguém(ns), sem ser(em) convidado(s), para criticar sua postagem. Para quê replicar? Para quê gastar tempo com um comentário não solicitado? Não seria mais simples apenas deixar os outros pensando o que quisessem?

E me vi com uma nova questão a partir daí.

Com o advento das tecnologias de comunicação e informação, vivemos num mundo em que podemos escolher especificamente as informações que desejamos obter e as pessoas ou grupos com os quais queremos manter contato. Essa seletividade por um lado é muito boa, pois podemos filtrar apenas as informações que desejamos, segundo nossos interesses e inclinações. Por outro lado essa seletividade é muito ruim, pois tendemos a procurar somente aquilo que é do nosso agrado, que corrobora com nossas opiniões, que está conforme nossas idéias. Voluntariamente evitamos nos expor àquilo que nos desagrada, conseqüentemente, evitamos o contraditório.

Desse modo formam-se as ”bolhas”. Grupos que muito pouco se comunicam entre si ou, no caso de ideologias opostas, não se comunicam. Não há troca de idéias entre grupos antagônicos dentro das redes sociais, principal forma de comunicação do século XXI. E grupos politicamente dicotômicos tendem ainda a procurar diferentes redes sociais. Facebook, Twitter, Youtube de um lado. Rumble, Parler, Telegram do outro.

Essa separação entre os grupos que ocorre naturalmente nas redes sociais, essa formação de bolhas, se retroalimenta de forma exponencial. Você literalmente pode encontrar qualquer informação na internet que esteja de acordo com o seu ponto de vista, não importa qual for. O excesso de informação não fidedigna permite que qualquer pessoa encontre argumentos para defender o que quiser. Veja o exemplo do vídeo abaixo.

Não é só sobre política. É sobre tudo! Ciência, História, Medicina… Qualquer argumento, por mais estapafúrdio que seja, possuirá defensores, e, sem um filtro adequado, sem a aferição de fontes, sem ponderação, podemos nos encontrar acreditando em mentiras sem percebermos.

Vamos tomar o exemplo do amigo Veber novamente: política nacional. Hoje identificamos duas grandes bolhas, designadas por alcunhas pejorativas dadas, claro, pelo lado oposto. Nisso já encontramos um primeiro ponto a ser considerado. Ninguém vitupera outrem gratuitamente. No mínimo, conserva em si repulsa pelo sujeito. E essa aversão se manifesta nas palavras, nos atos, nos pensamentos.

”Esquerda”:

— Como é possível que esse gado bolsominion esteja defendendo um psicopata como Bolsonaro? Será que não estão vendo que ele é um risco ao país? Será que não estão vendo que ele e a família são milicianos do Rio de Janeiro? Que ele está preparando tudo para não ter eleições ano que vem? Será que não vêem que o bozo é racista, machista, homofóbico, que não sabe governar o país e passa mais tempo viajando do que trabalhando?

”Direita”:

— Como é possível que essa esquerdalha esquerdopata ainda esteja defendendo a corja do PT e do PSOL? Será que não estão vendo que eles são um risco ao país? Será que não estão vendo que Bolsonaro e a família são gente de bem? Que ele está garantindo eleições limpas para o ano que vem? Será que não vêem que as acusações de racismo, machismo, homofobia são mentiras? Não estão vendo tudo que ele já fez pelo país e o quanto ele trabalha?

Exatamente isso. Dois discursos opostos, completamente antagônicos, em que um lado fala mal do outro e não entende como esse outro não enxerga o que ele vê. Como chegamos a essa situação tão tragicômica? A resposta é simples: é a bolha. Ao não nos permitirmos entender o outro, ao cessar a comunicação com o outro, ao nos isolarmos em nossos mundos individuais, ao somente consumirmos a informação que nos agrada, não escutamos o que o outro tem a dizer. E sem escutá-lo, como poderíamos entendê-lo?

Meu caso, por exemplo. Minhas principais fontes de informação política são o repórter Alexandre Garcia, que já citei várias vezes; os programas da Jovem Pan, como Os Pingos nos Is, Três por um; e telejornais alternativos, como a RITtv, ou CNT Gazeta. Também vejo a Fox News, além de redes sociais com o Vista Pátria e Visão Libertária. A partir dessas fontes de informação política que escolhi, em muito pesando o fato de terem alinhamento ideológico similar ao meu, encontro mais e mais argumentos que sustentam minha perspectiva política. Em contrapartida eu realmente não consigo entender como alguns de meus amigos defendem o outro lado.

Eu conheço razoavelmente os argumentos da esquerda e eles simplesmente não se sustentam sob um escrutínio mais minucioso. Eu não consigo entender, para mim é óbvio. Mas para o outro lado não. E nisto está o ”pulo do gato”: para o outro lado é exatamente a mesma coisa! Nenhum dos argumentos que eu apresento se sustenta, nada do que eu fale encontra eco na linha de raciocínio oposta. Nossos grupos se distanciaram tanto que hoje vejo o debate ser impossível. É como se não houvesse um ponto em comum para começar, um ponto de partida conjunto para construir e desconstruir os argumentos políticos que defendemos.

Isso por si é um absurdo. Eu já disse tantas vezes que me formei numa faculdade de Filosofia pública e me mantive de ”direita” por todo o curso. E de tantos e tantos embates que tive por conta disso. E eu sempre conseguia apaziguar os ânimos com minha seguinte construção:

Nós temos olhos, ouvidos, nariz e boca.
Nós temos pernas e braços.
Nosso sangue é vermelho, nossos ossos são brancos.
Nós vemos o mesmo céu, respiramos o mesmo ar, pisamos a mesma terra, bebemos a mesma água, olhamos as mesmas estrelas.
Nós gostamos de algumas pessoas e não gostamos de outras.
Rimos quando estamos alegres e choramos quando estamos tristes.
Nós amamos e queremos ser amados.
Nós temos tanta coisa em comum, para quê brigar pelo que temos de diferente?

Após esse primeiro desarme, eu seguia.

Nós queremos exatamente a mesma coisa: uma sociedade justa, segura e próspera, em que todas as pessoas sejam respeitadas, e que todas essas mazelas sociais que vivemos sejam sanadas. Nós só divergimos em como atingir esse objetivo comum.

E assim eu conseguia alguma conversa minimamente compreensível. O sujeito não me via mais como um monstro capitalista opressor e até conseguia entender meu ponto de vista. Só que hoje não dá mais… Não funciona mais. As pessoas não escutam mais umas as outras.

Segunda parte

A melhor forma de apresentar os próximos tópicos, é deixar que eles falem por si mesmos. As três histórias a seguir merecem ser compartilhadas e vistas por todos nós.

A primeira história se refere à documentarista Cassie Jaye criadora do documentário The Red Pill. Sua história ficou famosa no mundo. Originalmente feminista, ela decidiu fazer um documentário sobre os ativistas homens que estavam defendendo os direitos masculinos na sociedade. Seria para ela uma forma de expor seus inimigos e demonstrar que estava certa. Porém durante a confecção do documentário ela teve de escutar os argumentos e as idéias de seus ”inimigos”. E ao final daqueles meses de gravação, ela já não era mais feminista. Ao então apresentar seu documentário, ela foi duramente repreendida pela comunidade feminista, como sendo uma traidora do movimento.

MEETING THE ENEMY A feminist comes to terms with the Men’s Rights movement | Cassie Jaye | TEDxMarin | TEDx Talks

A segunda história se refere a como um músico americano negro conseguiu obter a indumentária mais valiosa dentro da Ku Klux Klan.

Why I, as a black man, attend KKK rallies. | Daryl Davis | TEDxNaperville | TEDx Talks

A terceira história é o conhecido experimento de Norah Vincent. Nele, Norah viveu como um homem por um ano e meio, e pode compreender que as idéias que as mulheres têm sobre os homens estão em grande parte erradas.

ESSA FEMINISTA PASSOU UM ANO FINGINDO SER UM HOMEM E SE SURPREENDEU! | Canal Tragicômico

Conclusão

Vivemos num apartheid de idéias. Numa sociedade em que as pessoas não escutam mais umas às outras. Imersos na internet, perdemos o contato humano, o contato com o mundo real, o mundo político (no sentido mais estrito do termo) onde as decisões sociais são tomadas. A sociedade em que vivemos perdeu suas referências morais, suas referências familiares, suas referências transcendentais. A excessiva quantidade de desinformação, de equívocos ou mentiras, aliada à auto-segregação tornou-nos todos avessos ao simples ato de parar e escutar. Já temos todas as respostas! Eba! Pode fechar tudo, a aula acabou!

Ver também: Gosto se discute, sim.

Ver também: Sentimentos mais duradouros

Ver também: Por que a beleza importa? – Roger Scruton

Este narcisista mundo em que todos somos doutos apedeutas é um grande terreno fértil para o desastre. Porque a falsa sabedoria oculta a ignorância. A ignorância alimenta o medo. O medo alimenta o preconceito. O preconceito alimenta a raiva. E a raiva alimenta a discórdia.

É inviável encontrar um acordo num mundo em que ninguém escuta os demais. Ou ao menos, não escuta aqueles que são diferentes de si mesmo. A revolução tecnológica corrente representa o maior desafio pelo qual a humanidade já passou. Como lidar com o outro se a proximidade física já não é mais necessária? Como lidar com tanta informação? Será que os nativos digitais realmente não estão desenvolvendo capacidades de relacionamento interpessoal? E nós, millenials, imigrantes digitais, como lidar com essa nova geração? Como nos comunicar com eles? Como eles se comunicam conosco?

Ver também: O uso intenso dos smartphones atrasa o amadurecimento de crianças e adolescentes

Ver também: ‘Geração digital’: por que, pela 1ª vez, filhos têm QI inferior ao dos pais | Ouça 17 minutos | BBC News Brasil 

Ver também: O que deu errado com os millennials, geração que foi de ambiciosa a ‘azarada’ | Ouça 15 minutos | BBC News Brasil

Não temos essas respostas. A revolução digital está acontecendo de modo muito rápido e ninguém sabe ao certo como estimar as conseqüências disso nos médio e longo prazos. Apenas uma coisa é certa: estamos paradoxalmente vivenciando uma crise na comunicação interpessoal, cujo impacto se verifica especialmente no mundo político (sentido amplo) e está afetando negativamente de forma direta o sistema democrático ocidental. Em lugar de facilitar a troca de idéias, a rede está favorecendo a segregação de grupos incomunicáveis entre si, cujo eventual contato se resume a acusações, preconceitos e insultos.

E perdemos exatamente aquilo que trouxe a humanidade até aqui. A ferramenta que criou a Filosofia, que criou a Política, que desenvolveu a civilização. O mais simples ato entre duas pessoas: conversar, isto é, ouvir o que o outro tem a dizer e aprender com isso.

Veber estava certo ao responder o intrometido e mal-educado comentário. Ainda que não tenha sido escutado…

E aí, Frouxonaro?

Mensagem do Excelentíssimo Senhor Embaixador da República Popular da China no Brasil

É muito fácil levantar a voz em reunião com seus subordinados.
E em seguida botar o rabo entre as pernas frente às otoridades.

É muito fácil urrar palavras de ordem em reunião com seus apoiadores.
E em seguida se acovardar com os despachos e macumbas de togados.

É muito fácil participar de passeata, motociata, tanqueciata com quem lhe segue.
Dizer que vai fazer e acontecer.
Dizer que é a favor da liberdade, mas não protegê-la.
Dizer que é a favor da família, mas não protegê-la.
Dizer que é a favor da propriedade, mas não protegê-la.
Dizer que é a favor da democracia, mas não protegê-la.

Não basta só não fazer merda. Também faz parte de seu mandato impedir que os outros façam merda.
Nós acreditamos no que disseste. Nós o apoiamos, nós o elegemos, nós exigimos que faça alguma coisa além de só falar.

”No que depender de mim”…
Compreendemos: tentou governar pelo exemplo.
Tentou governar pela ideologia.
Esperou patriotismo de traidores.
Esperou honestidade de corruptos.
Esperou ética de criminosos.
Esperou por um sonho e ainda sonha.

Nós já acordamos. Acordamos numa guerra em que só um lado está armado, com jornais, sentenças e câmaras. Acreditar nas leis feitas por um congresso cleptocrata, numa constituição quase comunista, num Estado aparelhado, na mudança da imprensa foram erros inocentes e crassos.

Toda hora falas que um homem sozinho não resolverá o país.
Pois bem: um líder que não protege nem defende os seus termina sozinho e fraco.

Conservadores são presos.
Repórteres são presos.
Congressistas são presos.
E não fazes nada?

Será que o doutor tirou além do saco de bosta da facada, também o saco de homem?
Será que a cadeira presidencial te tirou os colhões?
Ou foste sempre só um homem de garganta?

Será que vale continuar defendendo um homem que não nos defende?

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