Atualizado em 06/07/2020: adicionado vídeo do Youtube ao final.
E a vida sedentária segue. Após escolher fazer pós’ em lugar de recordes, ter tido importantes questões de saúde, emagrecido 25Kg e engordado quase tudo de novo, decidi que este ano voltaria ao esporte de qualquer maneira. Faltou combinar com a Peste Chinesa e com minha coluna.
Em fevereiro, dei com o dedinho do pé na quina do banheiro. Manquei por uns dias. No trabalho, pediram para eu carregar peso e mancando fui. Resultado: uma aguda crise na lombar que já dura cinco meses. Minha quarentena forçada começou antes da sua, caro leitor.
Dois meses praticamente deitado. Ressonância, injeções de corticóides, relaxantes musculares, anti-inflamatórios, fisioterapia e mamãe colocando panela de água quente nas minhas costas. Voltei a ficar de pé. Porém estou me sentindo fisicamente muito (muito) fraco. Ao ponto de não conseguir segurar 5Kg. É… voltei à estaca zero. Ou a menos que isso…
Com as academias fechadas, muitas pessoas resolveram fazer exercícios em casa. No mundo todo, a compra de equipamentos desportivos disparou e logo as empresas esvaziaram seus estoques. Já há anos eu pesquiso bastante na internet sobre produtos relacionados ao esporte de halterofilismo. E por tantas e tantas vezes que reclamei nada mudou: infelizmente a informação no Brasil é muito ruim.
A pesquisa de material para halterofilismo foi em muito facilitada pelo advento da empresa CrossFit®, moda que antevejo em breve desaparecer (para o bem da saúde de seus praticantes). Entretanto os preços praticados em nosso mercado estão acima da qualidade do equipamento fornecido.
Desejando o que há de melhor para mim, pesquisei em empresas estrangeiras. Claro! Afinal se eu não desejar o melhor para mim, quem irá? Ao pesquisar o preço dos equipamentos básicos encontrei muita informação, muitas empresas idôneas, muitos equipamentos que nem sabia que existiam! Uma maravilha.
Animado, fui ver como se procedia a importação. E percebi então que o Brasil é mais do que um continente de atravessadores: é uma ilha de burocracia.
Três passos para calcular o custo de importação de mercadorias
Segue texto modificado e adaptado de Leandro Markus (clique aqui para ir ao original)
Movidos em parte pelo atual cenário econômico brasileiro, muitos têm buscado alternativas ao mercado tradicional. Uma delas é a importação de novos itens ou matérias-primas. Mesmo com o dólar próximo aos R$ 5,00, há quem busque na importação uma resposta à sua necessidade. Entretanto encontram um enorme muro de custos e burocracias para realizar esse tipo de operação.
A grande dúvida que surge nesse cenário é: por que é tão complicado importar?
Empresas de importação praticamente não existem. Importação é uma atividade que a empresa realiza, não um segmento de negócio em si mesmo. Em imensa maioria, as empresas que fazem importação são distribuidoras, isto é, são empresas que compram mercadorias de um local e as levam para outro mais próximo de seu consumidor final.
Existem algumas poucas empresas que possuem em sua atividade-fim a importação. São as chamadas trading companies, empresas especializadas em resolver as burocracias no processo de importação.
No mundo ideal, ser importador deveria ter apenas um pequeno detalhe: o fato de a empresa fornecedora não possuir instalação no Brasil. Entretanto infelizmente estamos no país que ocupa a 124ª posição na classificação mundial de facilidade para se fazer negócios. Importação, como era de se esperar, não seria tão simples no Brasil.
Com tanta burocracia e falta de previsibilidade, a dúvida que mais se escuta de quem quer começar a importar é: qual é o custo para se realizar uma importação?
Abaixo você vai encontrar os três passos para calcular o custo de uma importação.
Passo 1: Custo do Produto (VMLE)
O primeiro passo para se chegar ao valor da mercadoria importada é calcular o VMLE, ou seja, o Valor da Mercadoria no Local de Embarque. Esse passo é relativamente simples, pois é o custo comercial, que depende da negociação entre você e o fornecedor. Basta solicitar uma cotação com seu fornecedor e aplicar a taxa de câmbio atual.
Passo 2: Custo dos Serviços
Para importar você vai precisar contratar uma série de serviços acessórios. Alguns são obrigatórios, outros são extremamente recomendados. Entretanto, ao montar sua planilha de custos de importação, é importante prever todos esses itens. Os mais comuns são:
- Frete Internacional
Não basta comprar, você vai precisar trazer a mercadoria para o Brasil. É necessário saber como o vendedor fará o envio da mercadoria e como será feito o pagamento desse serviço.
- Seguro de Transporte Internacional
Você não vai querer perder seu investimento caso exista algum problema com o transporte, então é melhor segurar sua carga. O valor do seguro varia entre 0,5% a 2% do valor da carga.
- Inspeção no Fornecedor
Serviço indispensável para reduzir riscos com seu fornecedor, consiste em fazer a inspeção da carga no país de origem. Imagine descobrir que caiu numa fraude somente no dia em que sua mercadoria chegar!
- Despesas Bancárias
É necessário para realizar o fechamento do câmbio, dedução dos valores dos impostos, entre outros serviços.
- Taxas Portuárias
São despesas relacionadas ao manuseio em terminal portuário, a famosa capatazia.
- Taxa de Armazenagem
A taxa de armazenagem varia de acordo com o tempo que a mercadoria ficará armazenada no estabelecimento.
- Frete Interno 1
Frete para transportar a carga do recinto alfandegado até seu local de armazenagem (se for o caso).
- Frete Interno 2
Frete para transportar a carga da armazenagem até você (o destino final).
- Despachante Aduaneiro
O despachante aduaneiro é o profissional responsável por intermediar as questões legais, como documentos dos órgãos federais e outros procedimentos, para que as importações transcorram sem dores de cabeça em relação à legislação.
Passo 3: Impostos e outras taxas
As três primeiras coisas que você precisa saber sobre impostos na importação são:
- são 4 tributos federais: II, IPI, PIS e COFINS;
- um tributo estadual: ICMS;
- as alíquotas variam de produto para produto.
Para conhecer as alíquotas dos impostos, você precisará descobrir qual é o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) das mercadorias que irá importar. As mercadorias comercializadas internacionalmente no Brasil são obrigatoriamente classificadas por seu NCM. A Receita Federal disponibiliza um site que ajuda na hora de encontrar a classificação correta da mercadoria.
Com o NCM definido, você poderá calcular os impostos da operação. Existe uma hierarquia na aplicação dos impostos e alíquotas sobre o VMLD (Valor da Mercadoria no Local de Destino). O VMLD é o VMLE + Frete + Seguro.
Sobre esse valor incide o Imposto de Importação (II), o PIS (Programa de Integração Social) e o COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). O valor do Imposto sobre Produto Industrial (IPI) recai sobre o valor do VMLD + II. Já o ICMS, que varia de Estado para Estado, recai sobre o valor do VMLD + II + IPI + PIS + COFINS + Taxa SISCOMEX + AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante).

Além dos impostos, existe outro custo que muitos importadores esquecem: o custo da regulamentação. Se você for importar algum brinquedo, por exemplo, precisará certificar o produto no INMETRO. Quanto custa? Nem o próprio INMETRO disponibiliza essa informação publicamente. Veja o que seu site diz (item 4):
Não é possível determinar exatamente o custo de uma certificação e o tempo para que esse processo seja concluído, de maneira genérica, uma vez que isso varia de produto para produto, de acordo com o nível de complexidade dos ensaios requeridos por uma norma ou regulamento. Além disso, também não é possível determinar o preço da certificação de um produto específico, uma vez que não existe uma tabela que fixe os preços cobrados pelos OCP [Organismo de Certificação do Produto]. Deste modo, cada organismo tem liberdade para estabelecer seus preços de mercado. Por isso, as empresas devem consultar esse valor diretamente junto aos OCP acreditados.
Outro ponto a atentar é quanto ao direito de uso de marca. É possível ter sua carga apreendida por não possuir licença de marca do produto. A dica é pesquisar se seu produto tem necessidade de regulamentação ou licenciamento.
Conclusão
O ato de importar, que deveria ser meramente um detalhe do negócio, acaba se tornando uma nova expertice, necessitando de muito estudo, além de profissionais com conhecimento e experiência no assunto.
Para saber mais:
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-identificar-fornecedores-estrangeiros,fa60438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD
http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/
Adendo
Gosto de coisas diferentes, tenho passatempos diferentes da maioria das pessoas. E lamentavelmente tudo é muito caro por conta disso. De programação a belas artes, de artesanato a rulotes, e o halterofilismo. O preço de equipamentos e materiais é alto para o consumidor final, especialmente no varejo.
Por exemplo, é completamente diferente uma loja de marcenaria de um amante de artesanato ou de dioramas. O custo-benefício na compra de uma ferramenta que será usada habitualmente para uma que será usada esporadicamente é enorme. Muitas vezes não vale a pena e o sonho de iniciar algo novo é deixado de lado.
É mais barato comprar coisa BR lá fora