Como cuidar de um filhote de passarinho órfão?

Como cuidar de um filhote de passarinho órfão – tudo o que você precisa saber! | Patas em Pauta

“Esse vídeo tem tudo o que você precisa saber para cuidar de filhotes de passarinhos órfãos, incluindo nutrição, aquecimento, combate a parasitas, adaptação para soltura, e muito mais! Nós vamos ver 8 PONTOS essenciais para você ajudar esse passarinho cuja vidinha está agora nas suas mãos! Assim como eu ajudei o Píps, o passarinho da capa do vídeo que eu encontrei abandonado! Eu consegui filmar cada passo dos cuidados com ele, para ficar bem fácil das pessoas entenderem e assim poderem ajudar outros bebês! Lembrando que só devemos tentar cuidar em casa de filhotes de passarinhos se na nossa cidade não existe local especializado para recebê-lo, como IBAMA, CETAS, universidades, clínicas veterinárias especializadas em animais silvestres, etc. E mesmo assim, sempre visando a devolução do filhote à natureza, pois além de ser crime, a manutenção de animais de vida livre em cativeiro é bastante cruel. Os pássaros devem viver em liberdade, sem restrições em seus movimentos e em sua jornada de vida.”

O Brasil precisa mais de médicos ou de filósofos?

Médicos.

 

 

Ainda está aqui? Pois bem, continuemos. Apareceu uma questão nas redes sociais que gerou interesse público. Um professor de filosofia numa faculdade de medicina estava recebendo uma remuneração menor que a de seus colegas professores médicos. Ele moveu uma ação jurídica trabalhista contra seu empregador (e ganhou a ação). Isso gerou interesse na esfera da docência em filosofia referente à desvalorização do professor dessa área.

Ocorre que a academia brasileira, assim como qualquer outra, não forma filósofos. Forma, sim, professores de filosofia. E há uma diferença muito grande entre ser filósofo e ser professor de filosofia. Num verdadeiro esquema de pirâmide, professores de filosofia formam outros professores de filosofia. Nada mais que isso. Mergulhados num ranço ético e estético, fazer faculdade de filosofia serve apenas para produzir artigos que ninguém além de seus pares lerá, sobre temas que a ninguém além de seu orientador interessam, e que em absolutamente nada contribuem para o desenvolvimento da sociedade. Assim, o neófito membro da academia cresce em obras e títulos, mestrados e doutorados. Independentemente se continua sendo um analfabeto funcional.

Filosofia não é isso. Existe uma diferença enorme entre Filosofia e o que se diz ser filosofia. Para minha visão sobre o que é Filosofia, deixo o texto que pode ser visto aqui: Edições Independentes. Recordo-me quando a matéria de Filosofia seria então inserida como parte do currículo do Ensino Médio devido a mais uma das incontáveis mudanças no currículo escolar, mudanças que vêm e vão a cada novo governo. Eu ingressei na faculdade exatamente durante esse período de transição (um ano antes da medida). E vi a diferença claríssima e gritante entre os colegas que entraram antes, que estavam interessados em estudar o grande pensamento humano, e os colegas que entraram depois, que vislumbraram a oportunidade de conseguir um emprego no novo mercado de trabalho que se abria.

Assim, graças ao interesse do partido em voga, “ser filósofo” tornou-se uma profissão. Em pouco tempo, o que antes era um nicho especializado vulgarizou-se nas famintas  presas do mercado de consumo. Tem quem apareça na TV para falar baboseiras. Tem quem ganhe dinheiro dando palestras. Tem quem vire “influencer” (seja lá o que isso for). Falar rebuscadamente, citar autores famosos e exsudar empáfia é o que basta para ser aclamado como intelectual (e vender livros ou cursos on-line).

Não, o Brasil não precisa de filósofos. Filosofia é, por sua natureza, uma ciência erudita. Não tem aplicação prática nem pode ter. Se tivesse, não seria Filosofia. Dela derivam as ciências práticas utilizadas pela humanidade. A cátedra de Filosofia foi conspurcada por agentes de interesse para disseminar ideologias neomarxistas pós-modernas, das quais parte considerável dos formados demonstra aderir. Deixou de ser a porta de entrada para o mundo das idéias superiores para se tornar uma máquina burocrática da reprodução do pensamento de uma academia corrompida, corrupta e corruptora.

A Filosofia não é para todos. É para aqueles que amam o que é de mais elevado no espírito humano. O que se pratica hoje não é Filosofia, mas sim é a ruminação de doutrinas falaciosas comprovadamente fracassadas e o complacente ato de massagear egos, brios e orgulhos de pseudo-intelectuais que não aceitam que sua ”brilhante formação” não se reflete nos olhos no grande público ocupado com a vida cotidiana.

Como poderia despertar interesse? A grande massa nem ao menos compreende os mais elementares fundamentos do pensamento humano. Tentarei exemplificar. Matemática não serve para nada. Não está entre aspas por não ser uma citação, é uma afirmação. Se você afirmar isso ao grande público, a primeira réplica que receberá é a de que matemática é muito importante porque é usada em tudo, de bancos e agricultura à engenharia e informática. E essas mesmas pessoas que nem ao menos prestaram a devida atenção às aulas na escola quererão lhe ensinar a importância da matemática. Percebe? As pessoas não conhecem a diferença entre Matemática (a forma mais pura de Filosofia) e fazer conta. Fazer conta não é matemática. Cálculo não é Matemática. Mas ao aplicar os conceitos oriundos da matemática na vida mundana, o homem médio instrumentaliza a ciência e, sem dar-lhe outro nome, chama-a pela mesma alcunha.

A instrumentalização das coisas é parte inerente ao mundo em que vivemos. Quantas e quantas vezes já me perguntaram: “mas Filosofia estuda o quê?”, “para que isso serve?”. Sem o menor pudor eu respondo: Filosofia não serve para absolutamente nada. Se servisse, não seria Filosofia. Não é um instrumento. Não é uma coisa para ser usada. E o próprio ato de elevar o espírito humano. Quem precisa de arte para viver? Para que serve um quadro numa parede ou uma escultura num museu? O mundo não precisa de artistas, assim como não precisa de filósofos. Mas só porque arte não serve para nada, não significa que não tenha seu valor. Não significa que seja inútil. “Pois em sendo belo tem a sua utilidade.

Veja também: Gosto se discute, sim.

Mas neste mundo prático, na vida cotidiana, ninguém precisa mais de um filósofo do que precisa de um médico. O filósofo só pode existir porque todo o conjunto da sociedade assim o permite existir. Quando o homem não precisa roçar sua própria comida, tecer suas próprias roupas, erigir seu próprio abrigo, sanar suas próprias moléstias, proteger sua própria vida, aí sim ele pode dedicar seu tempo à erudição. É o último grau, o último ofício, a mais desnecessária e inútil de todas as ações humanas. Nossos doutos apedeutas acadêmicos gabam-se em sua soberba citando Sócrates: “só sei que nada sei“. Falta-lhes humildade para reconhecer que isso é verdade.

A situação dos médicos no Brasil.

https://www.bitchute.com/video/NiqQxG0IBjza

 

Mensagem nº 362

“Uma nação pode sobreviver aos seus tolos, e até mesmo aos ambiciosos. Mas não pode sobreviver à traição interna. Um inimigo aos portões é menos formidável, pois ele é conhecido e carrega sua bandeira abertamente. Mas o traidor se move livremente entre aqueles dentro do portão, seus sussurros astutos farfalham por todos os becos, são ouvidos nos próprios corredores do governo. Pois o traidor não parece um traidor; ele fala com sotaques familiares às suas vítimas, e ele usa seus rostos e seus argumentos, ele apela à baixeza que jaz no fundo dos corações de todos os homens. Ele apodrece a alma de uma nação, ele trabalha secretamente e desconhecido na noite para minar os pilares da cidade, ele infecta o corpo político para que ele não possa mais resistir. Um assassino é menos a temer.”

“A nation can survive its fools, and even the ambitious. But it cannot survive treason from within. An enemy at the gates is less formidable, for he is known and carries his banner openly. But the traitor moves amongst those within the gate freely, his sly whispers rustling through all the alleys, heard in the very halls of government itself. For the traitor appears not a traitor; he speaks in accents familiar to his victims, and he wears their face and their arguments, he appeals to the baseness that lies deep in the hearts of all men. He rots the soul of a nation, he works secretly and unknown in the night to undermine the pillars of the city, he infects the body politic so that it can no longer resist. A murderer is less to fear.”

MILLARD F. CALDWELL, Justice of the Supreme Court of Tallahassee, Florida
Paráfrase do segundo discurso de Cícero contra Catilino.
O artigo é “Cicero’s Prognosis”, apresentado no 22º Annual Meeting of the Association of American Physicians and Surgeons, Inc.,
7 a 9 de outubro de 1965, Columbus, Ohio

Fonte: http://www.aapsonline.org/brochures/cicero.htm

Pagamento anual de jazigo perpétuo.

Estou ciente quanto à situação do jazigo de minha família.
Porém considero abusiva a relação entre as concessionárias e os titulares dos espaços públicos.

Havíamos feito a reforma completa do jazigo com granito e decorações. Essas decorações foram furtadas, as fotos de nossos familiares foram removidas e a tampa de granito foi quebrada. De que adianta pagar pelo serviço de concessão, se não há proteção por parte do cemitério?

Para devolvermos a titularidade é necessário remover os restos mortais de nossos familiares. Os serviços de abertura do túmulo, exumação, acondicionamento em caixas e transferência para ossuário geral são pagos um a um, a preço cheio, mesmo para fragmentos de ossadas. Por que pagar por cada um esses serviços, se a própria concessionária os fará quando da retomada do jazigo?

Nos contatos mais recentes, foram enviadas fotos do jazigo depredado e o valor de cobrança para regularização em aproximadamente R$ 11.000,00. Isso apenas demonstra a conduta que vemos em tudo o que envolve o emocional: serviços médico-hospitalares, cemiteriais e todos os correlatos (do material cirúrgico que não tem no SUS à coroa de flores) praticam preços exorbitantes.

O cemitério do Caju sempre deu transtornos, aborrecimentos e gastos durante as décadas em que serviu aos Imbroinise Figueira. Os serviços nunca foram bons ou empáticos. O serviço público nos trata como gado em vida e como esterco em morte.

Conforme novo entendimento do Supremo Tribunal Federal, a cobrança pelo serviço que antes era gratuito é legal. Eu li a irrecorrível decisão e os argumentos são sólidos. Eu optei por não pagar mais por essa manutenção de jazigo perpétuo.

É lúcida uma cobrança perpétua para guardar ossos de uma família que se foi? É lúcido pagar para fruir de um bem que não é mais seu? Para vê-lo ser depredado e ser obrigado por lei a restaurá-lo?

Meu avô ensinou: mortos ao chão, vivos ao pão. Aos mortos, oferto uma prece. E sigo minha vida.

Placas de granito não se quebram sozinhas.
Adornos de metal não se furtam sozinhos.
E o que é essa mancha marrom sobre a lápide?

Mês de dezembro é o mês de morte de meu pai, meu avô, minha tia, amigos de família, até animais de estimação. Mês de ser despejado, de gastar com hospital, de gastar com funerária, de me tornar doente crônico e de não conseguir atendimento médico (ou incontáveis outros problemas) porque ninguém trabalha.

Eu detesto dezembro.

Editado 23/12/2024. Quando eu era pequeno, em dois momentos diferentes, eu tentei salvar passarinhos que haviam caído de seus ninhos. Uma dessas rolinhas morreu em minha mão quando eu a levava para casa. Ontem, dia 22, mais uma rolinha caída veio aos meus cuidados. Mas não havia muito o que fazer. Foi a terceira rolinha que não consegui salvar. Todas em dezembro.

Eu odeio dezembro.

Desabafo de um autista adulto cansado de ser invalidado | Rodrigo Diesel

DESABAFO DE UM AUTISTA ADULTO CANSADO DE SER INVALIDADO | Rodrigo Diesel
Meu nome é Rodrigo Diesel e eu sou autista. Gravei esse vídeo, em forma de desabafo, para responder às pessoas que me invalidam diariamente e que não entendem o que é viver o autismo na pele desde criança. É importante ressaltar que o vídeo representa a minha experiência enquanto pessoa autista, não represento todos os autistas. O autismo é um espectro e cada um é diferente.
Obrigado para quem assistir ao vídeo do começo ao fim, vocês estão no meu coração.

A epidemia de solidão

A epidemia de solidão não é uma questão particular de nossa sociedade. No mundo todo, a sensação de solidão em um mundo tão conectado digitalmente já chegou a níveis preocupantes. Cada vez mais pessoas sentem-se sozinhas, incompreendidas, não conseguem se encaixar na sociedade contemporânea e acabam isolando-se cada vez mais.

Veja mais: Vida e morte num mundo de solidão: Hikikomori e Kodokushi

Veja mais: Cultura japonesa – Lado B

Veja mais: Sentimentos mais duradouros

No vídeo a seguir, vemos o quão grave é a situação no Japão, onde o governo criou um departamento específico apenas para lidar com o impacto da solidão na saúde mental de sua população.

 

Japan’s Young Are Now Its Loneliest Generation, Overtaking The Old. Why? | Insight | Full Episode | CNA Insider
Em novembro passado, a Organização Mundial da Saúde declarou a solidão uma “Preocupação Global de Saúde Pública”. Enquanto isso, a Geração Z está emergindo como a geração mais solitária de todos os tempos.

O Japão tem a reputação de ser um país solitário, mas aqui, há mais pessoas solitárias na faixa dos 20 e 30 anos do que em qualquer outra faixa etária. Uma expressão extrema de solidão são os infames “hikikomoris” – reclusos que se isolaram da sociedade. Mais se juntam a eles a cada ano.

Mas, além desse grupo, há milhões de outros jovens que vivenciam alienação e solidão. E com isso vem uma série de males sociais – de maiores taxas de depressão, à queda nas taxas de casamento, à menor produtividade. Ansiedade social, a sufocante corrida dos ratos e o estigma cultural – Insight explora o que está impulsionando a solidão na Terra do Sol Nascente.

 

Infância ameaçada: série sobre abuso sexual infantil (parte 8).

VIDA RESTAURADA
É possível superar as marcas deixadas pelo abuso sexual infantil
ANTÔNIO ESTRADA é mestre em Psicologia da Família e doutor em Estudos da Família e do Casamento
NISIM ESTRADA é psicólogo especializado em trauma
Texto adaptado

“Minha vida tem sido marcada por altos e baixos emocionais. Até os 28 anos, meus relacionamentos foram um fracasso! Minha vida profissional, embora eu tenha cursado uma pós-graduação, não decolava. A mediocridade, a tristeza e o ressentimento eram uma constante. Até que eu dei um basta. Estava cansada de sofrer. Tinha que fazer alguma coisa.”

Quantas pessoas passam pela vida como Lúcia (nome fictício), carregando uma carga que continua pesando como uma laje de concreto. Meninas e meninos em todo o mundo, de todas as idades e classes sociais, têm sido vítimas de Abuso Sexual Infantil (ASI), porque o abuso não respeita gênero, idade, nacionalidade, religião ou nível socioeconômico.

PREVALÊNCIA
Estima-se que metade da população infantil ao redor do mundo já tenha sofrido algum tipo de abuso (Ben Mathews, New International Frontiers in Child Sexual Abuse [Springer, 2018]). Porém, como foi demonstrado ao longo desta edição, os números não descrevem toda a realidade, uma vez que representam os casos que foram notificados. O ASI é um crime raramente denunciado porque não deixa testemunhas e, às vezes, nem evidências.

Cada pessoa reage de maneira diferente diante da situação. O que sabemos é que não existe abuso sem conseqüências. As vítimas lutam contra um silêncio perturba- dor e sofrem incompreensões de familiares e amigos, e isso afeta a qualidade de vida e compromete o direito de viver em um ambiente saudável. Os danos dependerão da idade em que a situação ocorreu, da freqüência, do tipo de abuso e da relação da vítima com o agressor. Mas as implicações são amplas, podendo afetar a dimensão física, emocional, social, sexual, espiritual, cognitiva e laboral. Em termos psicológicos, as vítimas são mais propensas a ser diagnosticadas com depressão e ansiedade e apresentar taxas mais altas de transtornos psiquiátricos, alimentares e do sono (link.cpb.com.br/933066). Além disso, apresentam níveis de bem-estar abaixo da média, dependência de álcool e de outras substâncias prejudiciais, alto risco de promiscuidade, tendência ao sexo prematuro com múltiplos parceiros e desejo sexual hipoativo ou hiperativo (link.cpb.com.br/fe03f0 | link.cpb.com.br/dddd1f | link.cpb.com.br/5941aa). A essa lista, pode-se acrescentar também déficit de atenção, baixo desempenho acadêmico, dificuldade de se concentrar e tomar decisões, desconfiança e insegurança.

NEUROPLASTICIDADE
O trauma da violência impacta o desenvolvimento das vias neurais que estão em fase de for- mação durante a infância e a adolescência. As reações parassimpáticas (calma e tranqüilidade) são opostas ao estado de alarme e perigo que é regulado pelo sistema nervoso simpático. Quando ocorre abuso sexual infantil, essas duas vias neuronais se “cruzam”, e a reação de sobrevivência é ativada com mais freqüência, fazendo com que a pessoa tenha dificuldades de se sentir segura. Esse freqüente estado de alerta é uma das principais razões pelas quais as pessoas desenvolvem modos de enfrentamento pouco saudáveis, associados às dificuldades que mencionamos anteriormente. Felizmente, hoje se sabe muito sobre neuroplasticidade. As vias neurais podem ser alteradas.

Um dos fatores que auxiliam nesse processo é o apoio de um profissional de saúde mental e a conexão segura com outra(s) pessoa(s). Isso ajuda a regular a reação de sobrevivência que foi alterada pelo ASI. Ao ser capaz de criar momentos de segurança ou tranqüilidade, você pode iniciar o processo de mudança dessas conexões neurais para uma resposta mais saudável.

Existem terapias cognitivas e somáticas que auxiliam na auto-regulação das funções parassimpáticas e no retorno da calma e tranqüilidade. Ao mesmo tempo, fazer parte de uma comunidade religiosa que pro- mova um ambiente de “graça” em vez de condenação ajuda essa pessoa a se sentir segura e não culpada. Encontrar maneiras de ativar o sistema nervoso paras- simpático é fundamental para reabilitar as vias nervosas afeta- das pelo ASI e voltar a aproveitar a vida ao máximo. Isso não é fácil nem rápido, mas é possível.


Fonte: https://downloads.adventistas.org/pt/ministerio-da-mulher/materiais-de-divulgacao/quebrando-o-silencio-2024/

Infância ameaçada: série sobre abuso sexual infantil (parte 7).

APOIO FAMILIAR
Como agir ao descobrir que os filhos foram abusados sexualmente
RUBÉN JAIMES SONCCO, graduado em Teologia e Medicina, é cirurgião e professor na Faculdade de Medicina da Universidade Peruana União, em Lima
Texto adaptado

A notícia de que um filho foi vítima de abuso sexual tira o chão dos pais. As emoções se acumulam; raiva e tristeza se entrelaçam em uma tempestade de dor. Como médico, testemunhei de perto o impacto devastador que esse tipo de trauma pode causar em uma família. No entanto, também presenciei a resiliência e o poder curador do amor incondicional e do apoio adequado. Nos parágrafos a seguir, oferecerei orientações aos pais sobre como enfrentar essa situação tão dolorosa.

MANTENHA O CONTROLE
Precisamos lembrar que nossas reações iniciais podem ter um impacto duradouro no processo de cura das crianças. É normal sentir raiva e tristeza, mas é fundamental manter a calma e proporcionar um ambiente tranqüilo e seguro. As crianças podem se sentir assustadas, envergonhadas ou confusas depois de um abuso sexual. Assegure-se de que a criança saiba do seu amor por ela e que você está pronto a ajudá-la. Permita que ela tenha tempo para falar e evite pressioná-la a revelar detalhes que ainda não estão prontos para serem compartilhados. É importante evitar qualquer tipo de julgamento ou culpar a criança. Em vez disso, devemos mostrar-lhe apreço e compreensão, reiterando constantemente que ela não tem culpa pelo que aconteceu.

NÃO FAÇA NADA SOZINHO
É importante que os pais consigam processar seus sentimentos e busquem apoio emocional antes de ajudar seus filhos. Geralmente, os pais sentem raiva e tristeza quando descobrem que os filhos foram vítimas de um crime como esse. Esses sentimentos são compreensíveis, mas é importante não permitir que essas emoções os dominem. Os pais precisam buscar alguém em quem possam confiar para compartilhar suas emoções, seja um amigo, um membro da família, um terapeuta ou um conselheiro espiritual.

Um terapeuta especializado em abuso sexual infantil pode oferecer apoio adequado para toda a família. Ele também pode mostrar como lidar com a situação enquanto o processo de cura se desenvolve. Não hesite em buscar apoio nem sinta vergonha de fazê-lo. Procurar ajuda é um ato de amor e cuidado consigo mesmo e com sua família.

NÃO HESITE EM BUSCAR APOIO NEM SINTA VERGONHA DE FAZÊ-LO. PROCURAR AJUDA É UM ATO DE AMOR E CUIDADO CONSIGO MESMO E COM SUA FAMÍLIA

ESPERANÇA
Lembre-se também da importância de praticar a fé. Podemos buscar consolo e força em Deus, pois “perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado; ele salva os de espírito oprimido” (Salmo 34:18). Além disso, Ele prometeu: “Eis que lhe trarei saúde e cura e os sararei; e lhes revelarei abundância de paz e segurança” (Jeremias 33:6). Em tempos de angústia, a Palavra de Deus nos oferece refúgio, consolo e esperança.

Se você está enfrentando essa difícil situação, lembre-se de que não está sozinho. Busque ajuda, encontre forças em Deus e nunca perca a esperança. Juntos é possível superar essa adversidade e proporcionar aos filhos um futuro repleto de amor, confiança e felicidade.

VIVENCIANDO A CURA JUNTOS
É fundamental que os pais busquem atendimento médico imediato para a vítima, mesmo que ela não apresente sinais físicos de abuso sexual. Os profissionais de saúde podem avaliar a situação, realizar exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis e lesões genitais e prescrever tratamentos. O suporte de psicólogos e psiquiatras também é fundamental, pois ajudará a criança a lidar com suas emoções e a processar o que aconteceu. Além disso, é importante salientar que a violência sexual é um crime e que o abusador deve ser denunciado às autoridades. Espera-se que os pais cooperem com a investigação e adotem uma atitude firme e tranqüila diante da situação, evitando tomar medidas precipitadas em busca de justiça.


Fonte: https://downloads.adventistas.org/pt/ministerio-da-mulher/materiais-de-divulgacao/quebrando-o-silencio-2024/

Infância ameaçada: série sobre abuso sexual infantil (parte 6).

VIOLAÇÃO DO SAGRADO
O abuso pode ser praticado por pessoas e em lugares que não imaginamos
HERON SANTANA é jornalista e lidera o departamento de Liberdade Religiosa da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Bahia e no Sergipe

O que deveria ser uma experiência missionária tornou-se um trauma para a suíça Christina Krüsi, hoje escritora, artista, consultora em mediação e resolução de conflitos e defensora da prevenção ao abuso infantil. Na época, ela acompanhava os pais em um projeto de tradução da Bíblia para línguas nativas na Bolívia. Dos 6 aos 10 anos (de 1974 até 1979), quando deixou o país sul-americano, Christina sofreu repetidamente abuso sexual praticado por cinco missionários. Descobriu-se que outras 16 crianças também eram regularmente abusadas por um círculo mais amplo de homens. Os abusadores pressionavam as crianças para manter a violação em segredo, dizendo que, se contassem a alguém, a missão fecharia e os indígenas iriam para o inferno.

Apesar de ter sofrido por anos em silêncio, Christina finalmente denunciou o caso e escreveu um livro de memórias: Paradise Was My Hell (O Paraíso Foi Meu Inferno). Além de ter participado de um documentário na TV suíça intitulado Missbraucht im Namen Gottes (Abusada em Nome de Deus, em tradução livre), ela também foi co-fundadora da Christina Krüsi Foundation, dedicada à proteção de crianças. A propagação dos horrores que ocorreram em solo boliviano levou as organizações cristãs responsáveis pela missão no país a pedir desculpas e adotar medidas de proteção em igrejas, instituições e escolas. Uma dessas medidas foi a criação, em 2006, da Safety Child and Protection Network (Rede de Segurança e Proteção Infantil), formada por agências missionárias, ONGs religiosas e escolas cristãs que buscam colaborar mundialmente para conectar, educar e proteger as crianças por meio de diversos programas.

ANTÍTESE DO EVANGELHO
“Como cristãos, acreditamos em um evangelho que é sobre um Deus Se sacrificando para preservar e proteger os indivíduos. Quando se trata de abuso sexual infantil, muitas igrejas e organizações cristãs preferem sacrificar indivíduos para se protegerem. Terminamos vivendo a própria antítese do evangelho que
pregamos. As conseqüências são devastadoras”, lamentou o ex-promotor de Justiça Boz Tchividjian, professor de Direito na Universidade da Liberdade, nos Estados Unidos. Atuante no combate ao abuso em ambientes religiosos, o neto do famoso evangelista Billy Graham é fundador e diretor executivo da Grace (sigla em inglês para Resposta Divina ao Abuso no Ambiente Cristão), organização sem fins lucrativos criada para ajudar igrejas protestantes a lidar de forma justa com os incidentes de abuso sexual.

De acordo com um relatório sobre prevenção da violência contra crianças, divulgado em 2020 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 300 milhões de vítimas entre 2 e 4 anos sofrem regularmente violências por parte de seus cuidadores ao redor do mundo. Estima-se que 120 milhões de meninas tenham sofrido algum tipo de abuso sexual antes dos 20 anos de idade. Chamam atenção os dados que apontam para a recorrência de casos em contextos religiosos. Um levantamento feito em 2019 pela Agência Pública mostrou que o Disque 100, canal do governo brasileiro, recebeu, nos três anos anteriores, 462 denúncias de violações praticadas por líderes religiosos. Em 167 desses casos, as notificações envolviam acusações de violência sexual. Esse foi o tipo de denúncia mais comum que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos recebeu em 2016.

Ambientes religiosos como igrejas e templos são os lugares em que mais teriam ocorrido as violações – quase uma a cada quatro denúncias indica esse tipo de local. O número é próximo ao das denúncias que apontam para a casa da vítima. Na América Latina, a Child Rights International Network (Rede Internacional de Direitos da Criança), organização com foco nos direitos das crianças, pesquisou casos de abuso praticados por líderes religiosos nos países desse território. A entidade concluiu que a região estava à beira de uma “terceira onda” global de escândalos, assim como ocorreu na América do Norte e Europa. Na tentativa de reverter esse cenário, a organização apóia sobreviventes latino-americanos para fazer campanhas em seus países pela verdade, justiça, reparação e reforma.
São iniciativas que ajudam as igrejas a enxergar a necessidade de ser radicais e intransigentes no combate a esse mal, capaz de macular a imagem salvadora de Deus na mente de pessoas indefesas e vulneráveis ao abuso exercido por lideranças que deveriam acolher, servir e salvar.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO
A Rede de Segurança e Proteção Infantil identificou sete elementos-chave que podem ser seguidos por organizações religiosas para garantir a segurança das crianças:
1. GOVERNANÇA
Um programa eficaz de segurança infantil precisa incluir os controles administrativos necessários para orientar as atividades da equipe (funcionários e  voluntários), buscando manter um ambiente seguro e saudável para as crianças.

2. MAPEAMENTO
Outro passo importante é ter um conjunto escrito de definições básicas dos tipos de danos que as crianças podem sofrer, uma espécie de mapeamento. As diretrizes devem levar em consideração as diversas culturas representadas no contexto da organização.

3. TRIAGEM
Antes de definir colaboradores, voluntários ou líderes leigos, a organização deve realizar entrevistas e verificar antecedentes para evitar possíveis ocorrências devido à falta dessa medida.

4. TREINAMENTO
É fundamental oferecer também treinamento para todos os líderes e voluntários, com foco na promoção de uma cultura de proteção das crianças e medidas claras que garantam a segurança delas.

5. PROTOCOLOS
As organizações precisam ter protocolos de cuidados infantis para ser aplicados em toda a sua estrutura.

6. RESPOSTA
Estabelecer e manter a capacidade de responder pronta e objetivamente a qualquer relatório de preocupação com a segurança infantil, seja com base em eventos atuais ou na história da organização ou de seus membros.

7. CUIDADO
A organização deve cuidar de seus servidores e de outras pessoas que possam ser afetadas, conforme as necessidades forem avaliadas.


Fonte: https://downloads.adventistas.org/pt/ministerio-da-mulher/materiais-de-divulgacao/quebrando-o-silencio-2024/

Infância ameaçada: série sobre abuso sexual infantil (parte 5).

CONVERSA SÉRIA
A importância da educação sexual desde cedo
LEILIANE ROCHA é psicóloga e criadora do programa Esepas (Educação Sexual, Emocional e Prevenção ao Abuso Sexual). Ela usa as mídias sociais para alertar pais e cuidadores sobre o problema (instagram.com/ leilianerochapsicologa)
Texto adaptado

Quando falamos sobre prevenção ao abuso de crianças, a educação sexual é a ferramenta mais poderosa para evitar e combater a violência sexual. Não se trata apenas de falar sobre partes íntimas ou “de onde vêm os bebês”. Ela deve ser relacionada ao processo de ensino e aprendizagem sobre a sexualidade humana, que engloba emoções, respeito e conhecimento do corpo, relacionamentos e auto-estima.

O processo de desenvolvimento da sexualidade da criança depende da educação sexual que ela recebe. Por isso, estamos falando da formação da identidade e da personalidade dela. Estudos apontam que a criança que é bem orientada quanto a esse aspecto tende a ter uma visão mais positiva do seu corpo, é capaz de desenvolver relacionamentos mais saudáveis, tem melhor rendimento escolar, cresce com sua identidade e auto-estima mais sólidas, consegue perceber mais fortemente a afetividade dos pais e acredita que pode confiar mais neles.

Para começar esse processo de ensino sobre autoproteção, sugiro que você apresente à criança quatro conceitos básicos: consentimento, limite corporal, intimidade e tipos de toques.

COMO EM QUALQUER PROCESSO EDUCACIONAL, A EDUCAÇÃO SEXUAL TAMBÉM DEVE SER SISTEMÁTICA E INTENCIONAL

  1. Jamais insista para que a criança ofereça carinho ou interaja com quem ela não se sinta bem naquele momento. É muito comum forçarem as crianças a beijar ou abraçar quem não querem. Isso atrapalha diretamente a formação do direito sobre o corpo, o limite corporal e a compreensão sobre consentimento. Quando estiver fazendo qualquer brincadeira com ela, como cócegas ou girar, por exemplo, e a criança pedir que pare: pare! Ensine que “não” e “pare” são pedidos importantes que precisam ser atendidos.
  2. Não permita que ninguém faça piadas ou comentários sobre as partes íntimas do seu filho. Já acompanhei muitos casos nos quais avós, tias e outros parentes diziam coisas relacionadas às genitálias das crianças. Nem os pais devem fazer esse tipo de brincadeira, pois pode erotizar a criança, dificultar seu aprendizado sobre intimidade, privacidade e limite corporal, deixá-la mais vulnerável ao abuso e ainda levar a criança a praticar isso com outras crianças.
  3. É fundamental deixar claro para seu filho quais são as partes íntimas: pênis, vulva, bumbum e mamilos. De maneira prática, fale que partes íntimas são as partes cobertas pela calcinha, cueca e biquíni.
  4. Nunca diga à criança: “Ninguém pode tocar em suas partes íntimas.” Isso não é verdade. Em algumas situações haverá alguém que poderá, fora você. Por isso, é fundamental a criança saber quem pode tocar, quando pode tocar e como pode tocar.
    Quem pode. Nomeie com a criança as pessoas que fazem parte da rede de proteção dela, isto é, aquelas que compõem a sua rede de apoio. Isso vai depender do contexto de cada família.
    Quando pode. Mesmo fazendo parte da rede de proteção, precisamos deixar claro para ela quais são os momentos em que essas pessoas podem tocá-la. Por exemplo: no banho, para higienizar após o xixi e o cocô, para passar algum remédio (se necessário) ou no exame pediátrico.
    Como pode. Esclareça como deve ser esse toque de cuidado. Ele tem duas características: é rápido (só o tempo de limpar, lavar e examinar) e não pode ficar em segredo. Por isso, oriente: “Filho, se alguém tocar em seu corpo e pedir que não conte pra ninguém, é sinal de que essa pessoa não quer o seu bem. Conte-me logo. Eu sempre vou acreditar em você!” O segredo é uma das ferramentas mais poderosas do abusador.

COMO COMEÇAR A FALAR SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL?
1. Busque conhecimento. Não tem como educar a criança sobre sexualidade com o pouco conhecimento que a maioria dos pais possuem. A família é soberana na educação sexual dos filhos.
2. Adquira livros infantis sobre o tema, conheça músicas, dinâmicas e atividades. A linguagem e as ilustrações ajudam muito os pais a transmitir os conhecimentos e as crianças a aprender.
3. Utilize situações cotidianas, como a hora do banho ou troca de roupas, para ensinar sobre como o corpo é importante e especial, e como proteger cada parte dele.
4. Sempre que a criança fizer uma pergunta sobre sexualidade, não ignore ou diga que ela não tem idade para saber. Se não souber a resposta, diga-lhe que vai pesquisar e responder em breve. Cumpra a promessa feita.

Esses ensinamentos não podem acontecer de forma esporádica ou somente em uma conversa. É necessário que seja no cotidiano, pois como em qualquer processo educacional, a educação sexual também deve ser sistemática e intencional. Portanto, seja protagonista da formação da sexualidade dos seus filhos.

 


Fonte: https://downloads.adventistas.org/pt/ministerio-da-mulher/materiais-de-divulgacao/quebrando-o-silencio-2024/