(texto com foco em alunos adultos)
Fonte das imagens: https://web.facebook.com/EduProof1/
1 – Gerenciamento de tempo
Uma vez preparado o conteúdo e com os alunos devidamente instruídos sobre como ocorrerá a disciplina, é interessante relembrá-los de que a única diferença entre o curso presencial e o curso à distância é a sincronicidade entre os participantes. Num curso presencial, praticamente tudo é síncrono: professores e alunos se reúnem fisicamente no mesmo ambiente, as aulas ocorrem, os trabalhos são feitos mais ou menos nos mesmos microciclos (semanas ou dias) etc. Num curso à distância, a maioria das atividades tende a ser assíncrona, ou seja, cada um faz conforme seu próprio cronograma.
Para quem tem dificuldades em gerenciamento do tempo (como eu |:^/ ) essa flexibilidade de horário acaba sendo um revés em lugar de ser algo bom. Seja chato e enfadonho com isso: repita tantas vezes quantas puder aos alunos para não deixarem acumular conteúdo. De uma semana para outra e para outra, o curso se torna uma grande bola de neve. E se antes o aluno se via com disponibilidade de horário, passa a se ver numa corrida contra os prazos. (eu tenho pesadelos com isso – literalmente…)
2 – Comunicação escrita
O uso extensivo de recursos audiovisuais e tecnológicos não é exclusivo de cursos à distância. O uso desses recursos, porém, não deve desestimular o trabalho escrito. O desenvolvimento da escrita em ambiente acadêmico é imprescindível para o bom desenvolvimento profissional em tal ambiente. Meu trabalho em docência é vinculado ao drástico problema brasileiro do analfabetismo funcional em nível superior (aproximadamente 80% dos pós-doutores no Brasil são analfabetos funcionais).
Uma das principais vantagens num sistema de aprendizado à distância é exatamente a possibilidade de escrever e desenvolver a capacidade de se comunicar por texto. A constituição de um fórum no qual tanto alunos quanto professores possam escrever é uma excelente ferramenta para troca de informações baseadas em tópicos, bem como um ambiente para treinar a escrita formal. A troca de correspondência eletrônica também o é, mas em segundo plano, pois e-mails não são agregadores propriamente: são uma ferramenta de correspondência formal entre apenas poucos correspondentes, imprópria para discussão entre vários participantes.
A barreira virtual criada entre a tela e o interlocutor facilita em muito a comunicação de pessoas introvertidas. Muitas vezes, pessoas tímidas conseguem se expressar com clareza e desenvoltura à distância, o que seria impensável se elas precisassem apresentar algum trabalho na frente da classe. Há pessoas que não gostam de se expor, o que deve ser respeitado. O ambiente à distância permite que elas consigam trabalhar individualmente sob suas próprias condições, de forma segura.
Estimule a comunicação por escrito com seus alunos. É uma forma de avaliar continuamente tanto a participação quanto os possíveis problemas de aprendizagem que venham a apresentar. Possui natureza assíncrona, o que permite ao aluno pensar sobre suas próprias idéias antes de responder, sem a possível pressão de uma comunicação em tempo real.
3 – O problema do plágio
Eu tenho aversão à Academia. A própria existência do termo ”autoplágio” me causa espécie 1 . Porém inquestionavelmente concordo com a necessidade de defesa da paternidade da obra, de dar a cada um o reconhecimento de autoria. Sendo eu mesmo autor, permito que tudo o que escrevo seja usado livremente, desde que me citem como fonte. Faço o mesmo neste website: tudo o que não for minha autoria tem suas fontes citadas.
Essa é uma regra que precisa ser aferida com bastante cautela em cursos à distância. Normalmente feitos pelo computador, a facilidade de ”copiar e colar” textos é tentadora para alunos que não compreendem a importância do direito autoral. Há ferramentas para a detecção do plágio, mas considero ser mais importante ensinar aos alunos os motivos pelos quais é uma atitude errada, por que seu combate é parte integrante da ética acadêmica. Essa é a primeira diretriz do CNPq: “O autor deve sempre dar crédito a todas as fontes que fundamentam diretamente seu trabalho.“.
A forma mais simples de combater o problema são os meus três C’s: “cite as fontes, cite a si mesmo, cite tudo”. Sempre que escrever qualquer coisa diga de onde tirou a informação. Se for sua, diga que é sua. Assim ninguém vai poder reclamar depois. É importante indicar aos alunos que pretendem seguir pelo caminho acadêmico ver as diretrizes completas do CNPq, que nortearão seu trabalho de produção no ensino superior. Pode vê-las aqui: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/composicao/comissao-de-integridade/diretrizes
- “O autoplágio se configura como sendo a publicação de uma pesquisa já publicada como algo novo e original. Do ponto de vista dos direitos do autor, não parece ser um crime, mas do ponto de vista da integridade acadêmica é considerado antiético ou má conduta.”(https://www2.ufjf.br/mestradoedumat/discentes/plagio-e-autoplagio/) ↩