Por que a pessoa nasce com autismo?

Fonte: https://www.eudigox.com.br/noticias/por-que-os-casos-de-autismo-estao-aumentando/ em 20 de agosto de 2018
adapt.

POR QUE OS CASOS DE AUTISMO ESTÃO AUMENTANDO?

Cerca de 1 a cada 68 crianças no mundo são autistas. Os dados são da Organização Mundial de Saúde de 2016. No Brasil não temos estatísticas oficiais. Em alguns estudos esse número pode chegar em até 1 autista a cada 45 crianças brasileiras.

Os pesquisadores associam o aumento do número de casos ao modo de diagnóstico. Hoje as crianças são enquadradas no transtorno do espectro autista, um diagnóstico mais amplo, que engloba vários distúrbios e atrasos do desenvolvimento.

O que provoca o autismo?

Não há uma causa provável, mas com certeza há algum fator genético, pois os homens são mais afetados (4 homens para 1 mulher).

O fator ambiental também pode estar associado ao aumento de casos de autismo. Os especialistas têm estudado fatores ambientais, como uso de pesticidas, de medicações durante a gestação, exposição ao tabaco, fumo, álcool e diferentes substâncias. A probabilidade é que causas genéticas e ambientais se combinem e façam com que o bebê tenha predisposição ao autismo.

Com as causas do autismo não sendo efetivamente conhecidas, pesquisadores afirmam existirem alguns fatores de risco, como:

Gênero: Crianças do sexo masculino são mais propensos a terem autismo. Estima-se que para cada 8 meninos autistas, 1 menina também é.

Genética: Cerca de 20% das crianças que possuem Autismo também possuem outras condições genéticas, como Síndrome de Down, Síndrome do X frágil, esclerose tuberosa, entre outras.

Pais mais velhos: A ciência diz que, quanto mais velho alguém tiver um filho, mais riscos as crianças têm de desenvolver algum tipo de problema. E com o autismo não é diferente.

Parentes autistas: Caso a família já possua histórico de Autismo, as chances de alguém também possuir são maiores.

Tem relação com vacina?

Não há relação entre vacinas e maior incidência de autismo. Isso é mito e já foi comprovado. A relação entre vacina e maior incidência de autismo esteve ligada à presença de mercúrio, presente nas vacinas.

O mercúrio é um dos componentes do timerosal, o conservante mais utilizado em vacinas multidoses e associado aos casos de autismo. Ele é empregado desde 1930 em concentrações muito baixas e os estudos mostram que não há risco para a saúde, pois é expelido rapidamente do organismo. De qualquer forma, o timerosal já não faz parte da formulação de nenhuma vacina em apresentação monodose, estando presente apenas em vacinas multidoses (mais de uma dose por frasco).

O diagnóstico 

O diagnóstico pode ser feito entre 1 ano a 3 anos de idade, mas os pais têm capacidade de analisar o comportamento da criança, observando as seguintes características:

– falta de interação social, não olham nos olhos da mãe (não olham para a mãe quando amamentados, não interagem com membros da família);

– não estendem os braços para a mãe ao vê-la;

– movimentos repetitivos: rodas e blocos de montar chamam a atenção do autista;

– não interagem com o meio: quando chamadas ou quando alguém entra na sala não demonstram reação, não acompanham os acontecimentos à sua volta ;

– demora ou ausência de comunicação, como o atraso de fala.

A boa notícia é que diversos estudos atestaram que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e mais precocemente o tratamento começar, maior chance a criança tem de conseguir se comunicar e se relacionar com o mundo que a cerca.

Existe o que se chama janela de oportunidade para a intervenção, um momento em que agir aumenta grandemente as chances de sucesso. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o desenvolvimento.

Diferenças no autismo

O transtorno do espectro autista possui um quadro variado: alguns pacientes podem ter um QI elevado e outros não, alguns casos estão ligados à epilepsia ou a síndromes genéticas. Mas todos possuem a mesma característica: falta de interação pessoal.

Embora todas as pessoas com transtorno do espectro autista partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes. Assim essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para todos; ou podem ser mais sutis e tornarem-se mais visíveis ao longo do desenvolvimento.

Muitas pessoas com autismo não falam, mas compreendem a linguagem plenamente. Apenas são incapazes de comunicar em palavras seus sentimentos em relação ao que estão ouvindo.

Estas crianças têm, freqüentemente, memórias excepcionais, e podem possuir a habilidade de concentrar-se fortemente sobre uma só coisa. Isso lhes permite aprofundar-se muito naquilo que desperta seu interesse. Alguns indivíduos se tornam pianistas ou cantores incríveis, graças ao fato de possuírem uma capacidade espantosa de decorar canções e notas musicais.

Esta grande variação entre os pacientes pode ser diferenciada e classificada de acordo com a funcionalidade adquirida. Vamos ver:

• Baixa funcionalidade: mal interagem. Em geral, vivem repetindo movimentos e apresentam retardo mental, o que exige tratamento pela vida toda.

• Média funcionalidade: são os autistas clássicos. Têm dificuldade de se comunicar, não olham nos olhos dos outros e repetem comportamentos.

• Alta funcionalidade: também chamados de aspies (Asperger), têm os mesmos prejuízos, mas em grau leve. Conseguem estudar, trabalhar, formar família.

• Síndrome de savant: cerca de 10% pertencem a essa categoria marcada por déficits psicológicos, só que detentores de uma memória extraordinária.

O autismo é uma condição permanente, a criança nasce com autismo e torna-se um adulto com autismo. Assim como qualquer ser humano, cada pessoa com autismo é única e todas podem aprender.

Tratamento

O Autismo é um quadro para vida toda, portanto não há uma cura. O diagnóstico precoce, as terapias comportamentais, educacionais e familiares podem reduzir os sintomas, além de oferecer um pilar de apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem. Com a estimulação adequada e ajuda de uma equipe multidisciplinar como fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, neurologista, psicólogo e pediatra, uma criança com autismo pode conseguir atingir um desenvolvimento mais próximo do normal.

O acompanhamento da criança será multiprofissional e o objetivo será incentivar, ensinar a se vestir, a escovar os dentes e a comer sozinho, tornar a criança o mais independente possível. O excesso de proteção pode fazer com que os pais bloqueiem ainda mais a autonomia dessas crianças e prejudiquem o seu desenvolvimento futuro.

Fica a dica.