Dando nomes ao gado (Texto 3 de 3)

Bia Kicis – E daí?


Confesso que estou sentindo bastante dificuldade em colocar por escrito neste texto tripartido minhas idéias.
1 – A ideologia marxista segrega as pessoas em classes.
2 – Os grupos lutam entre si.
3 – Um lado não escuta o outro.
4 – E separados continuamos em diferentes currais, peões midiáticos alimentam a discórdia e vigiam os rebanhos, cada qual conforme o vaqueiro de seu agrado.


Múúú.
Gado – desde que o mundo é mundo.

Terminei o texto anterior dizendo que Bolsonaro era tudo o que a gente tinha naquele momento para (tentar) fazer alguma coisa. Quando ele sofreu a tentativa de assassinato, comprovou-se de forma inequívoca que ele era a figura-chave para uma ruptura no sistema ali constituído.

Rememoremos a votação do primeiro turno em ordem.

    1. Jair Bolsonaro >> Representante do descontentamento geral da população.
    2. Fernando Haddad >> Foi Ministro de Lula.
    3. Ciro Gomes >> Foi Ministro de Lula.
    4. Geraldo Alckmin >> Tucano paulista, era presidente do PSDB.
    5. João Amoêdo >> Sem posicionamento claro quanto a pautas comportamentais.
    6. Cabo Daciolo >> Glória a Deuxxx!
    7. Henrique Meirelles >> Ministro de Temer.
    8. Marina Silva >> Foi Ministra de Lula.
    9. Álvaro Dias >> Na política desde 1968, senador desde 1999.
    10. Guilherme Boulos >> Militante do MTST.
    11. Vera Lúcia >> Candidatura fisiológica.
    12. José Maria Eymael >> Eterno candidato, apoiador de Haddad.
    13. João Goulart Filho >> Comunista de longa data.

A eleição dele trouxe muita expectativa. Por um lado, seus eleitores estavam esperançosos quanto a profundas mudanças na sociedade. Por outro lado, seus desafetos estavam receosos quanto a perseguições e represálias. Nem um nem outro se sucedeu. Nem houve um retorno à tranqüilidade de um estado militarizado à ’64, nem houve a ditadura que a esquerda tanto ameaçou que ocorreria (e quer implantar).

Houve sim uma pífia e ridícula resistência, simbolizada por alguns gatos pintados bloqueando ruas em alguns dias. Como sempre, comunista no Brasil é só de garganta: sai correndo no primeiro tiro.

Mas houve também uma profunda divisão, um marco real de diferenciação entre os governos anteriores e o atual: o tipo de escândalo. Escandalizadamente escandalizados, os repórteres dos grandes veículos de comunicação passaram a noticiar permanentemente todas as grandes faltas contra a humanidade cometidas pelo governo Bolsonaro.

Foi comemorar 1964, foi azul e rosa, foi fogo na Amazônia, foi óleo no mar, foi barragem arrebentada, foi golden shower, foi ir à padaria… Daí veio a peste chinesa e o foco mudou. Bolsonaro não sabe usar a máscara, e Bolsonaro tirou a máscara, e Bolsonaro coçou o nariz, e Bolsonaro vai fazer churrasco, e Bolsonaro andou de moto-aquática sem máscara, e Bolsonaro voltou à padaria, e Bolsonaro bate-boca com repórter, e muda ministro, e muda secretário, e o presidente (pasmem) faz política…

Esse é o real motivo pelo qual eu ainda acredito que Bolsonaro não está envolvido em esquemas de corrupção. Há toda uma estrutura permanentemente vigiando cada passo, cada palavra, cada possível deslize ou erro para repudiá-lo ou recriminá-lo. E todo esse aparato, nesses meses de constante investigação de sua vida privada e pública, não conseguiu trazer à luz algum escandaloso escândalo de corrupção no alto escalão do governo.

No noticiário de antes, só se falava em ministro que era preso e ministro que era solto. Agora reclama de troca de ministro quem quer trocar o presidente… Talvez a maior prova de isenção seja a saída de Sérgio Moro. Ambos os lados se rusgam. Divórcio não consensual. Estapeamentos verbais. Por quinze meses o biografado filhote de tucano espionou internamente o governo e não conseguiu apresentar acusação de corrupção.

Ou todo esse esquema midiático (imprensa falando inutilidades, saída do ministro da justiça, covidão) forma o maior e mais brilhante teatro político da história brasileira para enganar o povo (é tudo combinado), com o perverso intuito de colocar sob os pagos holofotes da imprensa uma cortina de fumaça que esconda algo muito pior, ou o sujeito está limpo.

É possível que Flávio tenha cometido falta e seu pai o esteja acobertando? Sim. Ter um filho problemático pode acontecer em qualquer família, a dele não é exceção. É possível que Michelle não tenha seguido os passos faltosos de sua família? Também o é. Do mesmo modo que se têm filhos faltosos, também há boa gente vinda de famílias desestruturadas.

E enquanto o povo digladia-se virtualmente aquartelados em suas quarentenas, ou são detidos por exercer seus direitos constitucionais de hastear a bandeira ou de ir e vir, os gestores públicos apresentam desempenho ainda pior do que o já aguardado para ser precário. Abaixo da mediocridade, mesquinhas contendas políticas estão acima da vida das pessoas.

A presente imagem representa com perfeição a administração pública brasileira, na figura de seus gestores; a metodologia de tomada de decisões que afetarão toda a nação; e a atuação do povo frente aos rumos da pátria.

Interessante notar que ”brasileiro” sempre é o outro. Brasileiro fala mal de brasileiro, mas nunca se coloca no mesmo farináceo saco. Ou na mesma boiada. Tanto faz de que lado da cerca você se encontre, caro leitor. Se os peões não decidirem logo o que fazer com a fazenda, não sobrará capim para ninguém.

A sabedoria do homem mais honesto do Brasil.

Para saber mais:
No Ceará 25 pessoas enquadradas por carreata- que a Constituição garante:

Publicidade