Infância ameaçada: série sobre abuso sexual infantil (parte 1).

Como escrevi anteriormente, meus estudos sobre religião são abrangentes, diversificados. Nessas andanças, tive acesso à publicação periódica da Igreja Adventista “Quebrando o silêncio” especial de 2024 que versa sobre abuso sexual de crianças e adolescentes. Nesta série citativa, procurarei adaptar os textos, removendo a parte proselitista e promovendo a parte laica.


PROTEJA SEU LAR
A maioria dos casos de abuso sexual infantil ocorre no núcleo familiar. Prevenir essa realidade está em nossas mãos
JEANETE LIMA: educadora e coordenadora do projeto Quebrando o Silêncio na América do Sul
Texto adaptado.

Fechar portas e janelas, ativar alarmes e instalar grades e câmeras de monitoramento são medidas importantes para preservar a segurança de uma casa. Mas o que deve ser feito para proteger fisicamente e emocionalmente as pessoas que vivem em nosso lar, especialmente as crianças e adolescentes? Sem dúvida, a família é o nosso maior patrimônio e precisa ser protegida das ameaças que, às vezes, estão mais perto do que se imagina.

Depois de assistir a uma palestra sobre abuso sexual, Joana (nome fictício), de 57 anos, pediu para conversar com a palestrante. Entre soluços, ela contou que, dos 9 aos 14 anos, havia sido vítima desse crime. Um cunhado, esposo de sua irmã mais velha, tinha livre acesso ao quarto dela todas as vezes que visitava a família nos fins de semana. Durante a noite, ele a beijava e acariciava suas partes íntimas. Desde a primeira vez, Joana pediu ajuda, mas a família ignorou sua fala, alegando que era fantasia da sua cabeça, pois o cunhado jamais procederia daquela forma. Além da culpa, ela carregou as cruéis conseqüências dessa agressão durante anos. Tinha confusão de pensamentos, baixo rendimento no trabalho, crises de pânico, sérios problemas no relacionamento sexual com seu esposo, além da sensação de abandono por sua própria família, que não a protegeu. Com ajuda profissional, Joana está vivenciando um processo de restauração e cura. Sim, mesmo quando o pior acontece, é possível superar os profundos traumas do abuso sexual.

Segundo o “Relatório do Status Global sobre Prevenção da Violência contra Crianças 2020”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), uma em cada oito crianças sofre algum tipo de violência (física, psicológica ou sexual). Essa estatística é assustadora porque é nessa fase que crianças e adolescentes têm maior potencial para um desenvolvimento saudável. Os números revelam também que o perigo, muitas vezes, mora dentro da própria casa. Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde brasileiro, intitulado “Notificações de Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes no Brasil: 2015 a 2021”, revelam que 68% dos casos de abuso contra crianças e 58% das ocorrências contra adolescentes são praticados por familiares e conhecidos. Porém, esses números alarmantes não representam a realidade completa, pois muitos casos ficam sem denúncia.

Diante dos fatos e traumas que envolvem o abuso sexual infantil, não podemos ficar indiferentes. A Bíblia nos aconselha: “Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem” (Romanos 12:21).

Finalmente, é preciso entender que a violência sexual é crime e que o abusador deve ser denunciado às autoridades competentes. Você verá nesta edição que cabe a nós proteger nossas crianças, garantindo a elas o amor, a segurança e o auxílio de que precisam. Embora não seja possível mudar o passado, vamos quebrar o silêncio e ajudar a construir um futuro diferente e melhor para elas.


Fonte: https://downloads.adventistas.org/pt/ministerio-da-mulher/materiais-de-divulgacao/quebrando-o-silencio-2024/