Pequenos comentários acerca da faculdade e de Olavo de Carvalho

Correção textual em 29/12/2021

Publiquei alguns textos neste meu website falando sobre a situação depreciável em que se encontra o ensino de pedagogia (e de um modo geral todas as cadeiras universitárias). As universidades se tornaram fábricas de militantes. Não se aprende quase nada.

Na verdade a gente aprende que ”não devemos permitir que a faculdade atrapalhe o curso”. O 9º andar da UERJ (onde estudei) é um antro de maconheiros, rola putaria e degeneração, até terreiro de macumba tem (uma sala tomada para isso). Os professores (metade, sejamos justos, trabalha muito bem) se preocupam mais com seus brios do que com as aulas.

Recordo-me de quando abertamente dizia que era de direita, capitalista neoliberal (seja lá o que isso signifique) e apoiava o regime militar. Para o pessoal dos cursos locais (filosofia, sociologia, assistência social, maconhologia e puteirismo) eu era tido como um monstro. E meu humor acidamente afro-descendente* associado ao gosto por Charles Bronson também não ajudaram… Ir estudar com a roupa do trabalho (terno e gravata) contribuiu para eu ser um estranho no ninho.

Já à época, sempre me perguntavam o que eu achava de Olavo de Carvalho. E eu sempre respondia a verdade: nunca me interessei pelo pensamento de autores específicos, sempre das correntes que eles seguem. Sempre considerei que essa ”estima” exacerbada, praticamente culto aos autores clássicos ou contemporâneos, é um empecilho ao desenvolvimento de um pensamento livre.

Considero que essa necessidade de afirmação pelo argumento da autoridade é boba. O que Sócrates, Platão e Aristóteles têm de tão especial assim? Não são pessoas como nós? Nós também não somos capazes de pensar e questionar por nós mesmos? Na faculdade (e muitos egressos dela) tomam determinados autores como verdadeiros gurus, estudam e reestudam o trabalho do sujeito como se fosse um livro sagrado.

De meu ponto de vista, isso é reflexo da adequação das ciências humanas ao sistema de pesquisa das ciências exatas. A produção acadêmica assim o exige. Não se tem liberdade para escrever o que quiser, você é obrigado a escrever o que eles querem ler. Assim, seu trabalho tem mais citações do que seu próprio pensamento. E o que deveria ser apenas uma formalidade acadêmica torna-se o padrão de pensamento: o sujeito precisa citar outrem, senão o que diz não tem validade…

Com o propósito de criticar abertamente essa limitação auto-imposta por meus pares, sempre ofendi abertamente os patronos da filosofia: ”Kant introduziu a maconha na Alemanha.”, ”Platão já usava LSD.”, ”Hegel é o cracudo da filosofia…”. Essa tentativa deliberada de mostrar aos meus companheiros de estrada que autores clássicos são apenas pessoas como nós que tiveram a oportunidade de ter seus pensamentos e seus trabalhos entalhados na História resultou infrutífera. Ninguém me entendeu.

E fiquei com a fama de boca-suja…. |:^/

Voltando ao tema: se me perguntam de Olavo de Carvalho, respondo a verdade: nunca estudei seu trabalho a fundo. Não me debrucei noites inteiras de insônia e obsessão, introjetando em minha alma as gotas de sabedoria do mestre dos mestres, ó guru do pensamento liberal brasileiro contemporâneo… Mas se quiserem falar sobre as vantagens do Liberalismo em detrimento do Socialismo, bem como dos defeitos do primeiro e as qualidades do segundo, aí temos campo aberto para muita coisa boa conversar.

*Se disser que é humor negro, posso ser processado nestas terras e tempos de mimimi…