Mensagem nº 310

“Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, de escolher a hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quanto um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que poderia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida.”

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti
* Riacho do Sangue, 29/08/1831 + Rio de Janeiro, 11/04/1900
Médico, militar, escritor, jornalista, político, filantropo e filósofo brasileiro